Liderança de Golda Meir em guerra é retratada em novo filme com ganhadora do Oscar; veja detalhes
À CNN, roteirista definiu a trama como "uma história sobre como uma mulher idosa, que não estava bem de saúde, lidou com uma situação extremamente estressante"
Aos 70 anos, em 1969, Golda Meir tomou posse como primeira-ministra de Israel, tornando-se a primeira – e única – mulher a assumir o posto. Com uma carreira consolidada, tendo sido embaixadora na extinta União Soviética, ministra do Interior, Relações Exteriores e do Trabalho, ela enfrentou seu maior desafio aos 75 anos, quando, um dia antes do feriado judaico de Yom Kippur, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa em seu país.
Esse período da vida de Golda – e da história – é retratado no novo filme de Guy Nattiv: “Golda – A Mulher de Uma Nação”, que chega às telonas nesta quinta-feira (31). A veterana Helen Mirren dá vida à Dama de Ferro de Israel e retrata nas telonas os conflitos internos e externos vividos pela líder. Ela volta a viver figuras históricas, como quando venceu o Oscar de Melhor Atriz, em 2007, ao interpretar Elizabeth II em “A Rainha”.
Apesar do contexto histórico “profundo e complicado”, o roteirista Nicholas Martin, conhecido por seu trabalho em “Florence – Quem é Essa Mulher”, definiu, em entrevista à CNN, a trama como “uma história sobre como uma mulher idosa, que não estava bem de saúde, lidou com uma situação extremamente estressante”.
“Ela se tornou primeira-ministra e foi a surpresa da guerra. De repente, teve que liderar o país na batalha, algo que ela nunca imaginou que teria que fazer. Ela teve que tentar acalmar todos e manter-se muito firme e de alguma forma fazer o país passar por esse momento terrível”, disse.
A história, bem como a sua adaptação, é recheada de detalhes. Martin contou que para poder ter uma compreensão profunda da trajetória de Golda, da Guerra de Yom Kippur e do contexto histórico de Israel, ele precisou colocar tudo que leu em uma grande planilha.
“Havia uma enorme quantidade de informações para lidar. Eu tinha cada dia da guerra ou o período que antecedeu o conflito e todos os personagens [na planilha] para poder ver o que eles estavam fazendo”, explicou.
“Era a única maneira de organizar todas as informações para que eu pudesse entendê-las sozinho, e então tentar encontrar uma maneira de contar a história da forma mais simples possível, mas certificando-me de que consegui expor o máximo possível”, acrescentou.
À CNN, o roteirista disse que trabalhou na trama por mais de um ano e que começou sem saber quase nada da história. Apesar de tentar contextualizar o máximo possível, ele recomenda que os telespectadores leiam sobre o que levou à Guerra de Yom Kippur, pois “mergulhamos em uma situação extremamente complicada”.
“É difícil fazer com que alguém que não sabe nada passe a saber o suficiente para entender completamente a história. Pode ser um filme que as pessoas precisem ver algumas vezes antes que possam entender por inteiro”, disse.
“Tenham uma ideia [de quem foi Golda], uma imagem aproximada de onde estava Israel em 1973. Penso que irá ajudar”, aconselhou.
“Golda – A História de uma Nação” chega aos cinemas nesta quinta-feira (30).
Guerra do Yom Kippur
Em 8 de outubro de 1973, tropas egípcias e sírias atacaram o Estado de Israel. Para aumentar a surpresa do seu ataque, os exércitos invasores atacaram no Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico.
Os inimigos da nação liderada por Golda Meir obtiveram os seus primeiros sucessos no campo de batalha desde a fundação do Estado judeu. O Egito desfrutou de três dias de sucesso tático, a Síria menos que isso. A guerra terminou com as tropas israelenses se aproximando de Damasco e com todo um exército egípcio cercado.
A Guerra do Yom Kippur durou 19 dias, mais do que 1956 e 1967 juntos. Israel sofreu mais de 2.500 mortos em combate. Outras centenas de israelenses foram capturados nos primeiros dias de combate; dezenas desses cativos foram horrivelmente torturados e mortos.
Apesar do sucesso militar final de Israel, a guerra foi interpretada por muitos como algo próximo de uma derrota para o Estado judeu. As duas guerras anteriores de Israel – em 1956, apenas contra o Egito e em 1967, contra uma aliança de todos os seus vizinhos – terminaram em vitórias relâmpago do país.