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    Liam Neeson se consolida como o rei das vinganças em “Assassino sem Rastro”

    Com alguns furos no roteiro e diálogos quase metalinguísticos, filme estreia nessa quinta-feira (9) nos cinemas

    Isabella Fariada CNN , São Paulo

    Tom Cruise está para filmes de ação física assim como Liam Neeson está para filmes de ação com uma boa dose de payback. Aos 70 anos, recém-completados nesta semana, o ator não dá indícios de que vá parar de entoar falas de ameaça e intimidação. Porém, dessa vez, ele está do outro lado da força.

    Em “Assassino sem Rastro”, Liam é Alex Lewis, um assassino de aluguel que é contratado por criminosos relacionados ao tráfico sexual infantil em El Paso, no Texas. Ele aceita o trabalho, mas depois de saber precisamente quais são seus alvos, se recusa a concluir a tarefa e parte para matar quem o contratou antes que ele mesmo seja pego.

     

    No entanto, Alex tem a doença de Alzheimer que avança a cada dia, fazendo com que ele esqueça algumas ações e nomes importantes também. Ao mesmo tempo, o FBI está na cola do assassino que, ao contrário do título do filme, deixa um rastro de mortes por onde passa, em busca de justiça.

    O principal agente federal da história é Vincent Serra, interpretado por Guy Pearce – ator que já tem experiência com “desmemórias”. Pearce estrelou o filme “Amnésia”, de 2000, onde interpreta um homem com perdas de memória, que acaba fazendo diversas tatuagens pelo corpo para se lembrar do que acabara de investigar sobre o homicídio da sua esposa.

    Liam Neeson não se tatua, mas escreve as principais informações nos braços, que são apagadas convenientemente à medida que o filme avança.

    A perda de memória do personagem poderia facilmente não existir, inclusive. É um recurso com grande potencial que não é explorado como deveria, resultando em uma atuação um tanto caricata de Liam Nesson e sendo apenas um adorno pomposo à história que, por si só, já prende o espectador.

    História essa baseada em outro filme: “De Zaak Alzheimer”, de 2003 e inspirado no livro do belga Jef Geeraerts. Eis que Martin Campbell, diretor de “007: Cassino Royale”, se interessou pelo roteiro e o adaptou para se tornar o remake americano da vez.

    “Assassino sem Rastro” tem boas cenas de ação, lutas feitas pelo próprio Liam Neeson, e atuações que convencem. Além de Neeson e Pearce, temos Monica Bellucci interpretando uma italianíssima chefona do crime organizado e uma das advogadas mais poderosas do país.

    O final do filme, porém, é um tanto forçado e a motivação de Alex Lewis para buscar justiça não parece forte o bastante, mas aquele olhar semi-cerrado de Liam Neeson convence. Olhar que o deixou tão famoso já nos seus cinquenta anos.

    Antes dessa mudança na carreira, o ator havia feito uma ampla gama de personagens.

    Ao longo de sua carreira, Liam Neeson interpretou um mestre Jedi, um dos mentores do Batman, um alemão bondoso e emprestou sua voz para um filme de animação infantil adorabilíssimo chamado “Ponyo”, de 2008, mesmo ano que entoou a icônica frase “I will find you and I will kill you”, do filme “Busca Implacável”.

    A bagagem é grande e parece ser reconhecida em alguns diálogos do novo filme do ator. O primeiro deles, logo no começo do longa, quando Alex Lewis demonstra para um colega a vontade de se aposentar da vida de assassino. O colega apenas comenta “homens como nós não se aposentam”.

    Na vida real, em entrevista, à NBC, o ator disse que a audiência não é burra e que vai começar a se questionar, mais cedo ou mais tarde, como um homem de mais de 70 anos está fazendo um filme com tanta ação assim.

    Segundo Neeson, em algum momento, ele deverá parar de fazer filmes desse gênero. Enquanto isso não acontece, é um consenso: ele ainda tem as manhas.

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