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    Homenagem a sambistas e “levitação” marcam primeira noite de desfiles no Rio

    Às 22h desta segunda-feira (20) começa a segunda noite de desfiles no sambódromo do Rio, com mais seis escolas de samba

    Escola de samba Mangueira desfila no Rio de Janeiro
    Escola de samba Mangueira desfila no Rio de Janeiro André Moreira/FotoArena/Estadão Conteúdo

    Estadão Conteúdo

    Rio de Janeiro

    A primeira noite de desfiles das principais escolas de samba do Rio de Janeiro, realizado entre as 22h de domingo, 19, e as 5h55 desta segunda-feira, 20, no sambódromo da rua Marquês de Sapucaí onde desfilaram seis das 12 principais agremiações, foi dividido em três fases: começou cheio de emoção com homenagens a Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, respectivamente, por Império Serrano e Grande Rio, depois houve dois desfiles mornos de Mocidade Independente e Unidos da Tijuca (apesar desta surpreender com uma inédita “levitação” na comissão de frente) e por fim, duas escolas que reacenderam a animação do público, por terem torcidas gigantes: Salgueiro e Mangueira – esta, com o diferencial de ter um samba-enredo muito popular e de ter feito um desfile bastante técnico.

    A primeira escola a se exibir foi o Império Serrano, que homenageou Arlindo Cruz. As fantasias e alegorias eram simples, sem luxo, mas não faltou emoção. Arlindo sofreu um acidente vascular cerebral há seis anos e ainda está em recuperação. Ele só se expressa (pouco) por meio da fisionomia e desfilou em um trono no último carro alegórico, acompanhado pela mulher, Babi, por outros familiares, amigos e uma equipe médica.

    Sua passagem pela passarela comoveu a plateia. A partir da canção Meu Lugar, um dos sucessos de Arlindo e que exalta o bairro de Madureira (zona norte), onde o artista cresceu e onde fica o Império Serrano, a agremiação apresentou a região, referências à história do Império e, claro, passagens fundamentais da vida de Arlindo.

    Alas retrataram músicas como Camarão que dorme a onda leva e Bagaço da Laranja, duas parcerias de sucesso com Zeca (a primeira também com Beto sem Braço), e destaques como o Cacique de Ramos, bloco carnavalesco onde surgiu o grupo Fundo de Quintal, que Arlindo integrou. Também foram homenageados outros parceiros e inspiradores de Arlindo, como Mano Décio da Viola e Dona Ivone Lara. A religiosidade de Arlindo também foi bastante exaltada.

    A segunda escola a desfilar foi a Grande Rio, atual campeã do carnaval carioca. O enredo homenageava Zeca Pagodinho passeando por lugares que fazem parte de sua história à procura do artista. Por fim encontrava Zeca em seu sítio em Xerém, distrito de Duque de Caxias, município onde fica a Grande Rio

    Ele desfilou no último carro alegórico, devidamente abastecido com chope. A escola exibiu fantasias e alegorias muito luxuosas, mas errou na evolução: em pelo menos dois momentos, por conta de dificuldade para movimentar alegorias, abriu espaços entre alas bem na frente das cabines de jurados. Com o atraso, precisou correr no final e encerrou o desfile faltando apenas 25 segundos para completar o tempo máximo de 70 minutos – se não respeitasse esse limite, seria punida com a perda de pontos.

    A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a terceira escola a desfilar e apresentou a história de mestre Vitalino, artista que fazia esculturas com barro e deixou muitos seguidores em Alto do Moura, bairro de Caruaru. A escola apresentou fantasias luxuosas mas o samba não empolgou e ocorreram pequenos deslizes de evolução.

    Quarta escola a se apresentar, a Unidos da Tijuca fez uma viagem pela baía de Todos os Santos, área da costa brasileira onde estão situadas Salvador e outras cidades baianas, e surpreendeu com um efeito de luzes inédito nos desfiles.

    Na comissão de frente, a atriz Juliana Alves representou Iemanjá e desfilou sobre uma pequena alegoria que interagia com a comissão de frente. Em um trecho da encenação, a iluminação da pista de desfiles era reduzida e as luzes do próprio elemento cenográfico onde a atriz estava davam a impressão de que ela levitava. O público foi ao delírio.

    Mas a escola teve problemas técnicos e deve perder pontos por conta deles. O último carro alegórico bateu em um viaduto quando manobrava pra entrar na avenida e um elemento cenográfico (um farol de orientação marítima) foi danificado – atravessou a pista assim. Um tripé passou metade do desfile pendendo para a esquerda, em vez de seguir pelo meio da pista de desfile.

    Com um enredo que questionou o que é pecado e defendeu a liberdade de expressão, o Salgueiro foi a quinta e penúltima escola a desfilar. Com fantasias e alegorias luxuosas, fez um bom desfile, mas também teve vários problemas técnicos – os dois primeiros carros alegóricos tiveram dificuldades para entrar na pista, o que ocasionou a abertura de espaço logo no início do desfile. O samba também não foi dos mais empolgantes.

    A Mangueira encerrou a primeira noite de desfiles contando a saga das mulheres africanas que foram escravizadas e conduzidas à Bahia, e cujos descendentes acabaram chegando ao Rio e à Mangueira. Com um samba contagiante – que rivaliza com o da Grande Rio como o mais popular do ano – e fantasias e alegorias coloridas e adequadas ao enredo afro, a escola foi a que mais contagiou o público, apesar do adiantado da hora – terminou o desfile às 5h55. A ministra da Cultura, a cantora e compositora Margareth Menezes, desfilou numa alegoria que representava um trio elétrico.

    Às 22h desta segunda-feira começa a segunda noite de desfiles no sambódromo do Rio, com mais seis escolas de samba.