Grupo de k-pop descobre através da CNN que João Gilberto morreu; conheça o P1Harmony
Em sua primeira visita ao Brasil, o sexteto conversou sobre Bossa Nova, apocalipse zumbi e mandou recado aos fãs brasileiros
Em uma sala de hotel perto de onde fariam o primeiro show no Brasil, em São Paulo, a CNN bateu um papo com KEEHO, THEO, JIUNG, INTAK, SOUL e JONGSEOB. Juntos, eles formam o grupo de k-pop P1Harmony.
Os artistas haviam desembarcado naquela manhã do dia 20 de julho e se apresentariam na noite seguinte, mas não havia vestígio de jetlag neles.
Estavam descontraídos e até toparam um desafio para as redes sociais antes da entrevista. O líder KEEHO tentou reconhecer os parceiros de olhos fechados, apenas tocando em suas mãos. Sem spoilers, o resultado foi impressionante e você pode ver com os próprios olhos aqui:
Esse tipo de sinergia e proximidade do grupo é visto em cima e fora dos palcos. Faz todo o sentido o nome do grupo vir da abreviação de “Plus”, “One” e “Harmony”. É como se a soma dos seis membros os tornasse um só e, juntos, alcançassem a harmonia perfeita.
Desde sua estreia, em 2020, o grupo quis causar impacto fazendo algo inédito no k-pop: se apresentaram para o mundo estrelando o longa-metragem “P1H: The Beginning of a New World”.
Na ficção científica, os artistas interpretam heróis que precisam viajar pelo tempo e espaço para salvar a Terra de um vírus (qualquer semelhança com a realidade não é coincidência).
Desde então, lançaram duas trilogias de mini álbuns, com hits como “Back Down” e “Do It Like This”. “JUMP”, lançada em junho, fez todo mundo pular na casa de shows Tokyo Marine Hall no show de São Paulo.
O grupo já foi embora do Brasil, mas as memórias dos fãs ficaram e eles mal podem esperar para a sua volta. Enquanto isso, podem matar saudades com esse bate-papo:
O “Please, come to Brazil” deu certo
O P1Harmony já havia notado os fãs que tinham no Brasil pelas redes sociais?
Por força do hábito, o canadense KEEHO começa a traduzir a pergunta, feita em inglês, para os membros – até se lembrar que há uma profissional ali para ajudar com isso, que entra em ação falando em coreano.
“Eu percebi no Twitter”, responde JIUNG. “Tem uma conta, acho que se chama P1Harmony Brasil, que são de fãs e vejo movimentações deles”, afirma.
Atenção, fãs! Vocês estão sendo notados.
“Sempre que fazemos lives, tem comentários como ‘Please, come to Brazil’”, conta KEEHO. “Quando eu estava no Ensino Médio tinha meio que um meme que fãs brasileiros sempre pedem pros artistas para eles irem ao Brasil e acontece com a gente às vezes durante lives. ‘Por favor, vem pro Brasil. Por favor, vem pro Brasil’. Então é uma honra, estamos gratos em vir aqui”.
INTAK conta que desde criança ouvia falar sobre nosso país.
“O Brasil é muito famoso na Coreia, não só pelo futebol, mas também pela música, pelo clima”, afirma. “Crescendo sempre pensei: ‘Poxa, seria ótimo se eu pudesse um dia visitar o Brasil’”.
Quem diria que ele não só viria ao Brasil, como faria dois shows com o P1H – em São Paulo e Porto Alegre.
Quase três anos de estrada
Em quase três anos desde sua estreia (as bodas de trigo vão ser no fim de outubro), muita coisa aconteceu. Eles sentem que o tempo passou rápido ou devagar?
“Eu sinto que o tempo passou muito rápido”, declara JONGSEOB.
KEEHO se sente das duas formas. “Tem momentos que penso sobre isso e fico ‘Uau, só se passaram três anos’, mas também penso ‘Uau, como pode já terem se passado quase três anos?’”, reflete.
Mas, para o líder, o mais importante é que eles estão aproveitando cada passo do caminho.
“Tentamos apreciar cada momento, especialmente quando estamos aqui fora, vivendo experiências em diferentes culturas, países, performando em diferentes lugares”, observa.
Silêncio no estúdio
Fãs do P1Harmony (os chamados P1eces) sabem muito bem como eles se entregam em performances sincronizadas. Mas quando estão em programas de variedades, podem ser caóticos – no bom sentido da palavra.
Quando o assunto é compor música, como se comportam? Afinal, eles compõem e produzem o próprio material. Segundo JIUNG, a vibe é diferente, um pouco mais séria.
“A gente se diverte bastante fazendo esse trabalho juntos, mas é que, querendo ou não, ainda é nosso nome nos créditos. Então não conseguimos deixar de pensar também esse lado de responsabilidade de levar mais a sério, e não somente pensar na diversão”, assegura.
Aliás, um tema importante que eles abordam é o amor próprio. Em “Love Me For Me”, entoam: “Ninguém pode me amar como eu”. Mas como encontrar o amor próprio?
Para JONGSEOB, a resposta está, justamente, em embarcar nessa busca. “Focar nas coisas que você gosta, que te fazem bem, que te fazem feliz e nos seus objetivos, é uma forma de encontrar o seu amor próprio”.
P1Harmony feat João Gilberto?
Quem diria que um artista canadense de um grupo de k-pop gosta de ouvir uma playlist chamada “Clássicos da Bossa” em seu streaming de música? KEEHO mostrou a tela de seu celular só para apontar sua lista de músicas favorita do gênero.
“Eu amo Bossa Nova”, declara. “Acho que tem algo de calmo e rítmico, ao mesmo tempo que é sexy, mas gentil. Essa sutileza não se encontra em outro lugar”.
Ele admite que também adora ouvir versões remixadas de músicas pop famosas, como as do Maroon 5, em versões do gênero. Quanto a artistas, mostra um nome e se desculpa por não conseguir pronunciá-lo. É ninguém menos que a lenda João Gilberto.
“Bossa Nova é tão popular. Billie Eilish fez, há vários artistas que fazem agora”, diz.
Seria o caso do P1Harmony fazer também um dia? Em resposta, ele diz: “Liga pra gente – como é que pronuncia o nome dele? – João Gilberto!”.
Mas, infelizmente, o artista não está mais entre nós, e a má notícia é dada ao KEEHO. “Ah, então a gente pode remixar uma de suas músicas”, sugere em troca.
P1H vs Zumbis
SOUL tem uma personalidade peculiar, um traço que cativa o carinho dos fãs. Em uma entrevista ao canal Fuse, que incluía uma máquina de detectar mentiras, ele declarou que gostaria de ter o super poder de destruir o universo assim como Thanos fez no filme “Vingadores: Guerra Infinita”. O polígrafo detectou que ele estava falando a verdade (para o choque e divertimento dos outros membros).
Antes de fazer uma pergunta a SOUL, que não aparenta em nada com o vilão da Marvel, esse vídeo é mencionado e os artistas começaram a rir lembrando. Pensando nessa personalidade adorável e levemente peculiar, ele foi desafiado a ranquear quem do P1Harmony tem mais chance de sobreviver em um ataque zumbi.
“Primeiro, eu”, começa em inglês. “Em segundo lugar, JIUNG. Em terceiro, INTAK. Em quarto, JONGSEOB. Em quinto, KEEHO. Em sexto, THEO”, conclui.
O que THEO acha de estar em sexto lugar? Os membros caem na risada com a pergunta, mas é SOUL quem justifica. “THEO sempre fala que se um dia chegar o ataque zumbi, vai só desistir”, declara.
Mas pelo menos ele não viraria zumbi sozinho, já que logo KEEHO se uniria a ele. “Eu penso da mesma forma. Pra que viver lutando tanto?”, brinca o líder.
O prodígio
JONGSEOB é rapper desde pequeno. Com apenas 12 anos de idade já mostrava suas habilidades no programa de competição “K-pop Star”, que venceu como membro da dupla BOYFRIEND, formada com Park Hyun Jin, em 2017.
INTAK inclusive diz que assistiu o amigo no programa: “Ele é um gênio”, elogia.
À CNN, ele disse que muitos artistas o inspiraram a se tornar um rapper. “Quando eu era mais novo, fazia cover de T.I. e Wiz Khalifa”, cita.
Michael Jackson aprovaria
INTAK ganhou uma medalha de ouro ao apresentar “Smooth Criminal” e “Love Never Felt So Good” de Michael Jackson, no maior estilo dança de salão, na edição 2022 do “Idol Star Athletics Championship”(ISAC). O programa de TV é praticamente uma olimpíada em que artistas de k-pop competem em várias modalidades de esporte.
O primeiro lugar foi na categoria de desempenho esportivo e todos que estavam presentes ficaram impressionados com a dança do artista, incluindo os membros do P1Harmony.
“Michael Jackson é um cantor que gosto desde criança, então foi uma honra ganhar uma medalha de ouro dançando uma música dele. Foi uma experiência enorme participar do programa e chegar ao primeiro lugar”, admitiu.
Bola na trave
Em uma entrevista estrangeira, havia a informação de que THEO curte futebol. Mas quando questionado se conhece e é fã de algum jogador brasileiro, o artista confessa que, na verdade, esse é o único esporte que não acompanha.
Mas ele é fã do famoso jogador da seleção sul-coreana que também atua no time inglês Tottenham. “Eu só assisto os jogos do Son Heung-min”, responde. “Sempre que ele joga, vejo”.
Então há uma ligação com o futebol brasileiro: o carismático Sonny é um amigo próximo de Richarlison, que também joga no Tottenham.
“Eu gosto dele”, diz JIUNG sorrindo sobre o “Pombo”.
Falha na Matrix
Falando em JIUNG, ele já comentou que gosta de criar mundos em sua mente como uma forma de desestressar. Quando questionado se pode contar uma história que imaginou, começa a responder em coreano.
As reações dos membros e da tradutora se divertindo com a resposta do artista são instantâneas, deixando os não fluentes em coreano da sala curiosos.
Sua história mais recente, e que ele até já comentou com os fãs, é que este na verdade não é o mundo real. Ele é uma inteligência artificial feita por uma empresa que está rodando milhões de simulações.
Essa história renderia um clipe, não? “Sim, sim”, concorda JIUNG.
Mensagem para os fãs brasileiros
Antes de se despedirem, não deixaram de mandar um recado aos brasileiros.
“Estamos muito gratos e honrados de estar aqui”, diz Keeho. “E a razão é porque recebemos muito amor e apoio dos fãs brasileiros. Sabemos que a energia, amor e apoio de vocês são incríveis Esperamos pelo resto das nossas vidas e carreiras ter essa conexão. Queremos voltar de novo em breve”.
Os P1eces brasileiros já estão contando os dias para a volta. Please come back to Brazil?