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    Ganhadora de 10 Emmys, “The White Lotus” volta para segunda temporada

    Produção original da HBO Max estreia neste domingo (30) trazendo intrigas em hotel de luxo italiano

    Jennifer Coolidge volta como Tanya McQuoid-Hunt em "The White Lotus"
    Jennifer Coolidge volta como Tanya McQuoid-Hunt em "The White Lotus" Divulgação

    Isabella Fariada CNN

    São Paulo

    A minissérie virou série antológica. Depois de ganhar 10 prêmios na última cerimônia do Emmy, “The White Lotus” está de volta neste domingo (30) na HBO Max em uma outra localidade, com outras histórias e outro elenco, exceto por aquela que se tornou a protagonista da produção, Jennifer Coolidge.

    Diferente da primeira temporada, o começo da série de sete episódios já mostra a que veio: corpos são encontrados boiando no mar logo em frente ao hotel de luxo siciliano “White Lotus”. E, pelo menos, até o quinto episódio ao qual a CNN teve acesso, nem mesmo uma pequena dica do que aconteceu é revelada.

    Para o espectador mais ansioso, acostumado a séries de true crime, por exemplo, a série pode não ser a melhor pedida.

    Porém, para aquele outro espectador que ameniza essa mesma ansiedade com picuinhas e relações familiares complicadas, “The White Lotus” é a produção perfeita.

    A série consegue introduzir personagens totalmente detestáveis que não conseguimos parar de acompanhar. São mais de cinco núcleos que se entrelaçam. Há amigos invejosos da relação perfeita de um casal, uma família com três gerações de homens com visões diferentes sobre a masculinidade, a clássica milionária iludida, seu marido infiel e sua assistente perdida no meio dos dois.

    A conexão desses núcleos, porém, vem de fora do hotel no qual estão hospedados.

    Uma dupla de meninas italianas oferece sexo em troca de dinheiro e de alguns mimos que o hotel dispõe. Elas vagam pelo bar e saguão do hotel e são vistas por todas as pessoas, muito bem de dinheiro, obrigada, que estão por lá aproveitando alguns dias de férias.

    Curtindo, vírgula. Alguns personagens não conseguem de desvencilhar de dramas, pelo contrário, funcionando como um imã para eles em meio ao paraíso da Sicília. É o caso de Harper, interpretada por Aubrey Plaza. Uma nouvelle riche casada com um jovem empresário que se incomoda com a relação sem defeitos do casal, juntos há 5 anos, com o qual está viajando.

    “O cérebro atrofia quando se é rico por muito tempo?” é apenas um exemplo do tom das frases que a personagem solta de vez em quando para se marido, Ethan (Will Sharpe). Harper, portanto, começa uma verdadeira investigação para descobrir algum podre do casal, porém, acaba se envolvendo demais na própria pesquisa.

    Do outro lado do corredor, temos Jennifer Coolidge reprisando seu papel como Tanya McQuid: o estereótipo da mulher supérfula, carente, que pede ao marido um dia de “Monica Vitti”, para depois ser deixada sozinha no hotel. Bom, quase sozinha, já que, para as férias dela e do seu marido, Tanya traz sua assistente, Portia (Haley Lu Richardson) que, diante de todos os confortos de um hotel de luxo, quer escapar da sua chefe.

    Em uma dessas escapadas, Portia acaba encontrando Albie (Adam DiMarco), o mais novo de uma família que viaja somente entre homens. Avô e pai passam longe de exemplos a serem seguidos, irritando o filho que não entende como ambos continuam presos ao passado.

    Sobra até para o filme “O Poderoso Chefão”, filmado, justamente, na Sicília.

    Visitando as locações do filme, Dominic (Michael Imperioli) e Bert (F. Murray Abraham) rememoram o filme e o classificam como o melhor de todos os tempos. Com uma risada, Albie discorda, dizendo que há filmes muito melhores e que ambos os familiares querem apenas viver de uma nostalgia que colocava os homens em uma posição de liderança social, onde tudo se resolvia através da violência.

    Essa é a parte um tanto cansativa da série. Trazendo problematizações focadas no núcleo mais jovem, a série perde força, se resumindo a reclamações rasas como “não aguento mais o tiktok e o bumble, quero uma vida sem telas”.

    Porém, do outro lado, há problematizações reais trazidas de formas sutis e interessantes: um casal rico alienado, que diz que não assiste notícias ou vota, uma relação de amizade que se torna um jogo de poder e o machismo enraizado, inclusive, na comunidade LGBTQIA+.

    Sobra até para a série “Ted Lasso”, da Apple TV+, umas grandes ganhadoras do Emmy desse ano ao lado de “The White Lotus”. A série é taxada como “fofa” pelo casal fútil e vira motivo de piada por um breve momento.

    Ao som de uma trilha sonora impecável que traz reinvenções de músicas clássicas italianas (ou quase) como “That’s Amore”, de Dean Martin, a nova temporada de “The White Lotus” foca na complexidade do amor e no que é necessário para fazer um relacionamento funcionar. E, convenhamos, se ele não dá certo na Itália, dificilmente dará certo em qualquer outro lugar.