“Era muito desengonçado”, diz ícone da Beija-Flor que sambou com rei Charles
Destaque da escola, Pinah Ayoub lembra que, duramte visita em 1978, o então príncipe quebrou protocolo e se aproximou para dançar, mas ela não sabia que era o filho da rainha Elizabeth: "Achei que era um segurança"
O novo monarca do Reino Unido, rei Charles III, tem em seu histórico momentos no qual demonstrou brasilidade – ou ao menos tentou.
Em sua primeira visita ao país, em 1978, o então príncipe da realeza britânica visitou algumas capitais, como São Paulo, Manaus, Brasília e Rio de Janeiro.
Na capital fluminense, aos 29 anos e solteiro, Charles aproveitou para conhecer um pouco do Carnaval e assistiu a uma apresentação da Beija-Flor – a grande campeã daquele ano.
Foi nesse compromisso que ele quebrou o protocolo, se aproximou das sambistas e arriscou alguns passos de dança com uma brasileira. A brasileira, nesse caso, é uma ícone da escola há décadas – a destaque Pinah Ayuob.
“Era muito desengonçado”
“Ele que veio dançar, não fui eu que fui dançar com ele”, relembra sorrindo a sambista em entrevista à CNN.
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Ela conta que o filho de Elizabeth II “era muito desengonçado” e tentou emplacar alguns passos de “charleston” no meio da escola de samba.
O charleston é um ritmo de dança popular que surgiu nos anos 1920 no sul dos Estados Unidos, caracterizado por movimentos um pouco frenéticos, com as pernas balançando em movimento de chute (veja abaixo).
“Eu comecei a querer imitar ele, mas não deu muito certo o samba com charleston. Se você assiste as imagens dá pra ver eu desengonçada também”, brinca.
A situação de apresentação para autoridades não foi uma novidade para Pinah. Ela relembra que naquela época a Beija-Flor foi muito vitoriosa – em 1978, a escola foi campeã pelo terceiro ano seguido – e dançar para realeza virou costume.
“A Beija-Flor ganhava quase todos os títulos. Dancei para o rei de Marrocos, da Cisjordânia, rei da Espanha, mas o Charles foi o que deu maior repercussão”, conta Pinah.
“Na hora eu não sabia quem era”
Ela relembra que o carnavalesco Joãosinho Trinta, que assinava os enredos da Beija-Flor na época, tinha repassado um rígido esquema de segurança às mais de 400 pessoas que dançaram para Charles.
“Ele [Charles] veio a convite do prefeito do Rio e queria ver o que que era Carnaval, porque ele só via na TV. Nisso o Joãosinho fez um desfile como se fosse a avenida [do sambódromo]”, explica Pinah.
“O Charles ficava na sacada do palácio [sede da Prefeitura do Rio] em frente e o Joãosinho deu um limite de circulação [para as sambistas]”, acrescenta.
Pinah conta que “de repente, quando vai passando, vem um cara – ainda por cima com passos de charleston”.
Pelo rigor dos protocolos ao redor do príncipe, ela não pensou que poderia ser Charles naquele momento: “Achei que era um segurança, porque tinha tantas recomendações que não podia chegar perto dele, não podia tocar nele porque é o futuro rei da Inglaterra.”
“No dia seguinte, minha mãe me acordou falando assim: “Que que você fez, minha filha? Tá cheio de imprensa aí na porta.” Aí descobri com quem tinha dançado”, conta, em meio a gargalhadas.
Encontro com príncipe Harry em 2012
Décadas depois, já casada e morando em São Paulo, em 2012, Pinah voltou a cruzar seu caminho com a realeza britânica.
O príncipe Harry estava no Brasil para uma série de agendas, incluindo a promoção dos Jogos Olímpicos de Londres, e houve um jantar em São Paulo.
Ela foi convidada especial para o evento, que tinha 50 pessoas. “Fui com o meu marido, e ele [Harry] foi super educado”, relembra.