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    Elon Musk quer lucrar ainda mais e promete um mundo sem doenças degenerativas ou cadeirantes

    A Neuralink, que já teve autorização pra começar os testes em humanos, talvez possa fazer a gente pensar sobre o propósito das empresas pra além só do lucro

    Phelipe Sianida CNN

    Eu já quero começar esse texto deixando muito claro que isso, em hipótese alguma, é uma passação de pano pro Elon musk, tá?! O cara é bem polêmico, já chegou a minimizar a pandemia de covid, foi acusado de oferecer condições de trabalho ruins pros funcionários e vive dando opiniões que, pra muita gente, podem ser vistas no mínimo como radicais.

    Mas, contudo, entretanto, todavia, alguns movimentos das empresas dele podem ser vistos como positivos em vários setores. A mais recente promessa do império que o cara construiu é oferecer uma esperança pra quem sofre com doenças degenerativas ou, por algum motivo, passou a depender de uma cadeira de rodas. E essa promessa extremamente ambiciosa mora hoje dentro da Neuralink.

    Muita gente provavelmente ainda nem ouviu falar sobre essa empresa, mas acabou de receber a segunda autorização nos Estados Unidos pra começar a fazer testes em seres humanos. E isso deve acontecer logo. Pra quem ainda não sabe, o que a Neuralink quer é implantar um chip na cabeça das pessoas, bem coisa de filme de ficção mesmo.

    O que o Elon Musk vem dizendo por aí é que a empresa dele vem trabalhando pra que esse chip possa ser a solução definitiva pra doenças que afetam o sistema nervoso, tipo a Esclerose Lateral Amiotrófica, que tem um nome tão horrível quanto os sintomas que ela causa em quem tem…. Pelo nome difícil, essa doença ficou conhecida como ELA.

    Segundo o site do Dr. Dráuzio Varella, a gente tá falando de uma doença que enfraquece e endurece os músculos de quem foi diagnosticado, fazendo a pessoa ir perdendo cada vez mais os movimentos do corpo, tendo câimbras super fortes, tremores e por aí vai. E o pior é que a ELA ainda não tem cura. Mas a Neuralink acredita que ELA pode ter solução com o tal implante, que, se funcionar como a empresa tá prometendo, ajudaria a refazer os caminhos perdidos entre o cérebro e o corpo dos pacientes.

    Essas autorizações trouxeram esperança pra muita gente que espera pelo que até pouco tempo atrás poderia ser considerado um milagre. Quem tem ELA, aliás, pode se candidatar pra esses testes. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, do nosso Ministério da Saúde, a Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença rara. Mas as estimativas mostram que ELA atinge duas em cada cem mil pessoas. Num mundo de 8 bilhões de cabeças pensantes, a gente tá falando de 160 mil pessoas com a doença. É mais do que a população de cidades como Mogi Guaçu ou Atibaia, no estado de São Paulo.

    Esse tipo de notícia me faz pensar muito em algo pra além do que ela significa por si só. Se o chip funcionar mesmo, isso vai ser muito maravilhoso. Mas vai ser acessível pra todo mundo que precisa? Num caso como esse, qual o limite entre o lucro da empresa e a possível cura de grandes problemas da humanidade? Parece papo pseudo filosófico de mesa de bar, mas pensa comigo: o Elon Musk já é o homem mais rico do mundo e não é de hoje. E ninguém duvida que uma possível descoberta como essa vai trazer ainda mais lucro pra ele. Só que até onde a chuva de dinheiro segue molhando o ego de alguém?

    Os críticos convencidos do dono da Tesla nunca vão acreditar que ele pode estar querendo fazer isso pelo bem de uma parcela importante da humanidade e, de novo, NÃO é o que eu tô dizendo. Mas, num mundo onde o capitalismo é o sistema econômico que venceu de lavada na maioria esmagadora dos países, a gente precisa discutir onde termina a vontade de só ganhar dinheiro e começa a vontade de realmente querer fazer alguma coisa de bom.

    Eu alertei que isso podia começar a virar conversa de bar, mas já tem um monte de pesquisa que também vem colocando isso na mesa do escritório. Uma delas é, por exemplo, da Carhartt, que é uma marca americana de roupas corporativas. Eles entrevistaram nesse ano mais de mil trabalhadores das gerações mais recentes e o resultado mostra muito isso. Quase a metade (48%) não tem certeza do que querem fazer profissionalmente. E muito disso vem do fato de que 44% tão dizendo que tem muita dificuldade de encontrar um emprego que se alinhe com os valores que eles tem.

    Esses números não são uma novidade muito grande, mas quando a gente cruza esses dados com a necessidade que os empresários têm hoje em pensar sobre o “propósito” do próprio negócio, a gente pode pensar em sentir um quentinho no coração por uma geração que, talvez, faça as empresas do futuro pensarem cada vez mais em fazer algo que ajude a gente a ser melhor. Mas a gente não pode ser ingênuo, tá?! O sistema ainda é capitalista e os Elon Musks do mundo ainda não parecem dispostos a fazer isso sem nada em troca.

    Mas vamos trabalhar com a eventualidade do chip da Neuralink realmente cumprir tudo o que promete e ser o tíquete de entrada pra um mundo sem doenças degenerativas ou cadeirantes. Isso estará disponível pra todo mundo? Se não estiver, o Elon Musk não seria o único vilão nessa história. A indústria farmacêutica o tempo todo oferece novas drogas que curam problemas antigos a um custo que limita e muito o acesso.

    A justificativa é recuperar todo o dinheiro investido em pesquisa. Entendem a lógica perversa que isso tudo pode trazer? Aí eu te pergunto… quando o propósito se impõe sobre o lucro? Eu não tenho essa resposta e acho que você que tá lendo também não deve ter.

    A sugestão que eu dou, então, é que a gente seja fiel aos nossos princípios, aos nossos propósitos. A tecnologia vem mostrando que um mundo menos doente é possível, as novas gerações têm insinuado que podem lutar pra que isso chegue, senão pra todos, pro máximo de pessoas possível. E você? Já pensou hoje sobre qual é o limite financeiro do seu propósito?

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