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    … e viveram felizes para sempre?

    Se o seu Dia dos Namorados não terminou em um grande flash mob digno de comédia romântica, está tudo bem. A vida real é muito mais do que isso, mas Hollywood fez a gente pensar que não

    Heath Ledger e Julia Stiles como Patrick e Pat em "10 Coisas que Eu Odeio em Você"
    Heath Ledger e Julia Stiles como Patrick e Pat em "10 Coisas que Eu Odeio em Você" Divulgação

    Mari Palma

    Pode parecer estranho terminar a frase do título com um ponto de interrogação, mas é justamente essa minha intenção. Ao contrário do que a gente fez a vida toda, dessa vez eu quero questionar o tal do “felizes pra sempre” que encerrou tantas histórias no universo do entretenimento ao longo dos anos.

    Não me entenda mal, eu AMO finais felizes com grandes declarações e beijos na chuva ou no portão de embarque (mesmo sem entender até hoje como a pessoa que não vai viajar consegue chegar lá). Mas não existe só esse conto de fadas, e sim infinitas variações dessa felicidade. Pode ser feliz quem escolhe viver sozinho. Pode ser feliz a mocinha que descobriu um propósito na vida profissional e não pessoal. Pode ser feliz também o príncipe encantado que se apaixonou por outro príncipe encantado. Pode ser feliz a pessoa que escolheu ter um cachorro e não um filho. Ou pode não ser feliz também, porque a vida real é bem mais complexa e cheia de boletos do que nos filmes.

    Até acho, sim, que existe um movimento acontecendo de uns anos pra cá com novas histórias, novos protagonistas e novos olhares. E isso me deixa muito feliz. Mas ainda acho que vai levar um tempo pra esse novo cenário substituir o conto de fadas na nossa cabeça. Enquanto isso, a gente, como público, precisa tomar cuidado pra não projetar anos de finais felizes cinematográficos na nossa vida real. Não se decepcionar quando o crush não aparecer no ponto de ônibus pra se declarar, ou se ninguém esbarrar na gente na biblioteca e derrubar café na nossa camisa. Ah, e na sequência chamar a gente pra trocar de roupa na casa dele (essa é clássica).

    A vida é muito menos teatral do que isso, mas muito mais imprevisível – o que eu acho extremamente empolgante. E a felicidade existe de maneiras diferentes, por tempos diferentes. Sem príncipe ou princesa, só pessoas tentando fazer o melhor com o que têm dentro das relações que vão construindo. Isso não significa que eu nunca mais vou assistir ao Heath Ledger cantando “Can’t Take My Eyes Off You” na arquibancada em “10 coisas que eu odeio em você”. Ou que eu não vá chorar com a Rachel saindo do avião no último episódio de Friends. Essa foi, inclusive, minha programação no Dia dos Namorados junto com meu pote de sorvete.

    Mas eu faço isso tentando encontrar o meio do caminho entre o sonho e a realidade. Não sejamos reféns do “feliz pra sempre” dos filmes. Ele pode até existir, mas não é o único caminho. Às vezes alguém vai esbarrar na gente só porque tava distraído mesmo. E tá tudo bem, vida que segue.