“É inapropriado falar disso na CNN”, brinca Eric Nam ao lembrar de situações em seus shows
Cantor tem show marcado no dia 20 de novembro e aprendeu gírias brasileiras durante entrevista à CNN
Há muitos estrangeiros na indústria musical sul-coreana, e Eric Nam se tornou um deles – sem querer!
Nascido e criado em Atlanta, ele sempre quis seguir carreira na música. A questão é que, sendo descendente de coreanos, nunca viu muitos artistas asiáticos-americanos sob grandes holofotes nos Estados Unidos. Por isso, seguiu estudando Relações Internacionais e Estudos do Leste Asiático na Boston College.
Em 2011, já formado, planejava começar a trabalhar como consultor de estratégia e operações de uma grande empresa. Até que um programa de talentos sul-coreano encontrou seus vídeos cantando k-pop no YouTube e o chamou para ir à Coreia do Sul.
Não pensou duas vezes e competiu no “Star Audition: Birth Of A Great Star 2”, onde conquistou o quinto lugar. Isso fez com que começasse sua carreira como artista solo no país.
Por lá, também se tornou personalidade da TV. Foi apresentador de programas, fez reality show, entrevistou celebridades mundiais como Will Smith e Tom Holland.
Mais tarde, fundou com seus irmãos a produtora Dive Studios, que conta com o videocast “Daebak Show”, em que ele entrevista artistas do k-pop.
Agora, Eric Nam chega ao Brasil dia 20 de novembro para seu primeiro show no país, em São Paulo. À CNN, falou sobre sua relação com os fãs, que é sempre cheia de brincadeiras, sobre seu mais recente álbum, “House on a Hill”, e aprendeu gírias locais. Confira:
Parabéns pelo álbum “House on a Hill”. Você disse em uma entrevista que esse trabalho expressa uma crise existencial. Você sente que compartilhar esses sentimentos o ajudou a superá-los?
O álbum traduz uma crise existencial para mim. Eu não sei se estou passando por isso agora, mas acho que muitas dessas questões que eu me perguntei enquanto escrevia são questões constantes da vida.
Acho que estamos sempre pensando: o que eu tenho é o suficiente? Eu sou feliz? O que eu quero em seguida? O que me acorda todos os dias e me faz sentir ambição, motivação ou amor e todas essas coisas?
Eu não estou passando por uma crise agora, mas acho que essas perguntas sempre estarão lá e nós só colocamos no formato de música.
Canções como “I Wish I Wasn’t Me” mostram você sendo muito vulnerável e honesto. Você fala abertamente sobre saúde mental e até tem a plataforma MINDSET onde artistas se abrem sobre isso, mas já sentiu que é difícil compartilhar suas experiências pessoais e manter algumas coisas apenas para você?
Eu sinto que, antes de tudo, tenho que estar pronto para compartilhar. Lembro que me perguntaram isso assim que comecei minha carreira. Quais são as coisas que você está disposto a falar e compartilhar, e quais são as coisas que você não quer abordar? E eu respondi que vou compartilhar minhas emoções e sentimentos, as coisas boas e ruins, quando estiver pronto.
Todo mundo tem seu próprio tempo de processar, seja qual for a condição ou acontecimento que você está passando. No caso do MINDSET, para a primeira coleção nós falamos sobre burnout e todas essas coisas, e eu não estava pronto para falar do meu TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) muito grave, entre outras coisas.
Um ou dois anos depois, pensei: “Ok, agora que eu já estou me tratando, conversei com médicos, agora posso falar sobre isso”. Para mim, é sempre sobre você estar pronto e querer falar sobre isso, essa tem sido a luz guia. Eu não quero me forçar a dizer: “Ei, eu tenho essa condição” ou sei lá, só por dizer. E nem acho que é saudável jogar isso no mundo se eu também não me sinto preparado.
Você está em turnê agora e os brasileiros mal podem esperar para o seu show aqui. Sobre sua interação com os fãs, existem muitos vídeos engraçados de compilados como “Eric Nam sendo um comediante em seus shows”. Qual foi uma situação engraçada que aconteceu recentemente?
Tem muitas. Algumas eu não posso falar porque acho inapropriado falar na CNN. Tem alguns momentos que eu fico “Wow, wow, wow, não vamos falar sobre isso”.
Mas uma que não é tão engraçada, mas achei amável, é que tinha um cavalheiro e ele disse: “É meu aniversário”, e eu “Feliz aniversário”. E ele: “É meu aniversário, mas passei o dia todo na fila para vir neste show com minha filha, porque ela é sua maior fã”. E eu fiquei: “Nossa, isso é tão doce”. Foi muito reconfortante e memorável para mim.
Há vídeos em que você pergunta às pessoas: “Quem aqui está contra a sua vontade” ou “Quem aqui está só acompanhando alguém? Estão se divertindo?”.
Sim, eu sinto que as pessoas às vezes vêm para acompanhar um amigo, ou é um parente, namorado ou marido que meio que foi arrastado para o show. E às vezes eles ficam parados, sem se divertir, e eu chamo eles e digo: “Ei, tá tudo bem, se solta e aproveita o momento”. E então você sempre vê eles se divertindo.
Eu já estive nessa situação de ir em um show que você não necessariamente gostaria de ir, mas você ainda aprecia, aproveita e se diverte.
Seus fãs também adoram levar cartazes engraçados para seus shows, como aqueles que te chamam de “Daddy”. Que cartaz você nunca esqueceu?
São todos muito inapropriados. Os que eu não posso falar, meu Deus, são muito inapropriados! Deixa eu pensar…
Tem alguns cartazes com meu rosto neles e grandes memes, expressões esquisitas e fotos nada lisonjeiras minhas. Muitos têm escrito: “Daddy”, “Me adota”, “Pisa em mim”… Só coisas loucas. E não parece que vão desaparecer!
Você tem investido em sua carreira nos EUA, sua terra natal, após anos vivendo na Coreia do Sul. Mas você ainda entrevista artistas coreanos no Daebak Show. Como você equilibra sua vida entre esses dois países?
É difícil. Eu viajo muito por conta disso e eu tenho minhas temporadas. Se eu estou nos Estados Unidos fazendo um projeto de música, filme, ou TV, eu sei que estou lá, mas sempre tento encontrar um pequeno intervalo de tempo para voltar para a Coreia e fazer entrevistas, e também para fazer programas de TV, sessões de fotos e shows na Coreia também.
Eu acho que estamos em um momento em que o mundo é muito grande, mas é também mais fácil ficar conectado com todo mundo. E o que eu mais quero fazer, e que é meu objetivo, é estar presente onde meus fãs estão, no máximo de lugares que for possível.
Não é necessariamente fácil pro meu corpo, mas se eu conseguir ir e voltar entre os Estados Unidos e a Coreia, e outros lugares da Ásia, América Latina, Europa, então é algo que eu faria com prazer e que amo fazer.
O que você mais sente falta de Atlanta quando está na Coreia do Sul e o que mais sente falta da Coreia quando está em Atlanta?
O que eu mais sinto falta na Coreia é a praticidade de desfrutar de comida realmente boa o tempo todo, a qualquer momento. A Coreia é simplesmente tão legal e sempre há muito para ver, muito para fazer, cafés muito legais, shows, todas essas coisas acontecendo e tudo é muito fácil de chegar e conveniente.
O que eu sinto falta dos Estados Unidos quando estou na Coreia? Minha família, sinto mais falta da minha família. E também tem esse sentimento de que a Coreia é tão movimentada e cheia de energia, que pode ser avassaladora. Então, às vezes, sinto falta de apenas um monte de árvores e de alguns aspectos mais voltados para a natureza que os EUA têm muito.
A Coreia também tem, mas não sei por que não costumo fazer isso quando estou lá. Acho que acabo ficando principalmente em Seul, enquanto nos Estados Unidos posso facilmente fazer trilhas, ir à praia, jogar golfe e fazer todos esses tipos de coisas.
Em uma entrevista anterior, você mencionou que teve que praticamente expulsar Jackson Wang da entrevista no Daebak Show porque ele não queria ir embora. Você pode compartilhar outra história engraçada dos bastidores?
Outra história engraçada? Bem, deixa eu pensar…
Teve o episódio com o Mark, do NCT. Como foi?
Mark é um ótimo amigo. Eu realmente fico grato em recebê-lo no programa. Ele me ligou dizendo: “Quero muito fazer algo com a Dive Studios para o próximo comeback. Dive Studios ou MINDSET”. E eu respondi: “Ah, sim, o que você quiser, só nos falar”. Só que a agenda nunca batia. Mas nós saímos juntos bastante.
Demorou muito, mas a gente finalmente conseguiu. E ele ficava: “A gente tá gravando? Tá filmando”? Acho que por sairmos bastante, ficamos confortáveis em conversar de forma honesta um com o outro. Foi meio que “Como a gente equilibra falar de música e de coisas pessoais?”. Então foi engraçado tentar andar na linha, tipo: “Ah, certo, estamos aqui pra falar do álbum e não de todas as outras coisas nas nossas vidas”. Mas não sei se isso é engraçado, estou tentando pensar em algo engraçado.
A entrevista com as integrantes do (G)-idle foi ótima também.
Foi divertido porque Minnie e Yuqi têm uma energia muito boa. Elas são simplesmente como as mais brilhantes, as mais felizes, vitamina C, vírus da felicidade. Eu me lembro de rir muito e pensar: “Nossa, elas são tão legais, extrovertidas, e falam bem”.
Eu fiquei surpreso de uma maneira positiva porque nunca tinha conversado com elas antes, então foi muito legal e fizemos todos os desafios de TikTok. E eu lembro que foi simplesmente uma entrevista muito agradável.
Eric Nam também aprendeu gírias em português (como “Que babado!”) e leu tuítes de fãs brasileiros. Assista: