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    Diretor do Festival de Cannes lamenta foco em polêmicas em vez dos filmes

    Durante coletiva de imprensa, Thierry Fremaux falou sobre contratação feita pelo festival para lidar com possíveis consequências da divulgação de uma suposta lista de pessoas da indústria do cinema acusadas de abuso sexual

    Miranda MurrayAlicia Powellda Reuters , em Cannes

    O diretor do Festival de Cinema de Cannes, Thierry Fremaux, lamentou a intensificação do foco, nos últimos anos, em questões políticas e sociais na indústria cinematográfica, o que, segundo ele, ocorreu às custas dos filmes em si. A fala foi feita nesta segunda-feira (13).

    “No passado, as pessoas só falavam sobre o cinema”, disse Fremaux durante coletiva de imprensa em Cannes. “Nós, como organizadores, tínhamos apenas uma preocupação – os filmes: as pessoas gostarão deles, as pessoas odiarão?”

    Fremaux fez o comentário em resposta a pergunta sobre reportagem do jornal francês Le Figaro, publicada na semana passada, que dizia que Cannes havia contratado uma equipe de gerenciamento de crise para lidar com as possíveis consequências após a divulgação de uma suposta lista de 10 personalidades da indústria cinematográfica acusadas de abuso sexual. Até o momento, essa lista não foi publicada.

    “Não se trata de polêmicas que realmente surjam do festival, isso é algo que queremos evitar”, disse Fremaux.

    Ele garantiu, no entanto, achar importante a exibição no festival do novo curta-metragem “Moi Aussi” (“Eu também”) de Judith Godreche, atriz francesa que tem sido uma voz importante no movimento #MeToo no país. O movimento global expôs homens acusados de assédio sexual nas áreas do entretenimento, política e negócios.

    Na semana passada, o festival anunciou que o curta-metragem de 17 minutos com o testemunho de cerca de 1.000 vítimas de abuso sexual seria exibido na cerimônia de abertura da competição “Un Certain Regard” (“Um Certo Olhar”, em tradução livre) na noite de quarta-feira (14).

    Fremaux enfatizou várias vezes que os filmes foram escolhidos por suas qualidades cinematográficas – seja sobre a Ucrânia, Gaza ou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde o início, “Cannes refletiu a agitação do mundo porque é isso que os diretores fazem em seus filmes”, disse.

    Fremaux também lida com uma possível greve dos trabalhadores do festival que ameaça fechar tudo em Cannes, previsto para ocorrer de 14 a 25 de maio. Fremaux afirmou que Cannes discute diariamente as questões com representantes dos trabalhadores.

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