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    Devemos refletir sobre adoção e soropositividade, diz diretora de “Aos Nossos Filhos”

    Filme tem Marieta Severo no elenco e estreou nessa quinta-feira (28) nos cinemas; história mostra como diferentes gerações veem temas como adoção, inseminação artificial e soropositividade em crianças e adultos

    Artur Nicocelida CNN , em São Paulo

    Estreou nessa quinta-feira (28), o mais novo filme da atriz Marieta Severo na telona, “Aos Nossos Filhos”. Com direção da atriz e cineasta portuguesa Maria de Medeiros, o longa-metragem aborda a história de Vera, uma mulher que tem dificuldade de aceitar o relacionamento homoafetivo de sua filha.

    Mas a trama vai além e discute como diferentes gerações veem temas como adoção, inseminação artificial e soropositividade em crianças e adultos.

    “Aos Nossos Filhos” é uma adaptação da peça escrita por Laura Castro, com base em experiências de sua própria vida, de “mãe lésbica que também passou pelo processo de inseminação”.

    “Tenho certeza de que muita gente vai se identificar com questões importantes e sensíveis que mostramos na história”, diz Laura durante a divulgação do filme.

    Em conversa com a CNN, a diretora Maria de Medeiros acredita que o filme pode ajudar na reflexão “sobre como todos devemos estar preparados para questões como a transmissão entre as gerações, a maravilhosa e complexa relação entre pais e filhos, as escolhas que nos surpreendem e as razões que sempre teremos para pedir perdão aos nossos filhos, e também aos nossos pais”.

    Para ela, outra importante mensagem é respeitar as diferentes gerações para manter viva a nossa própria história. “É sabendo de onde viemos que podemos preparar o nosso futuro e lutar para que ele seja melhor”, disse.

    No filme, Marieta é Vera, uma mulher corajosa e progressista, que trabalha como coordenadora de uma ONG que cuida de crianças soropositivas e que, de repente, precisa lidar com suas próprias contradições diante da escolha da filha, Tânia (Laura Castro), que deseja ser mãe de uma criança gestada no ventre de sua companheira, Vanessa (Marta Nóbrega).

    Para Maria de Medeiros, é mais “complexo do que se parece” ver uma sociedade lidando com preconceitos enraizados.

    “Atrás dos preconceitos estão muitas vezes reais confrontos ideológicos ou sociais. Para uma pessoa da geração e formação de Vera (personagem), a lógica consumista e individualista da qual a sua filha participa é muito chocante, por exemplo. Conseguir falar, pensar, vencer traumas sem dúvida ajuda a ultrapassar preconceitos. E ouvir, dialogar é a maior prova de amor”.

    De todo modo, Maria de Medeiros vê que as próximas gerações estão pautadas em mudanças. “Tenho duas filhas e vejo que elas têm uma consciência aguda do que foi a dominação patriarcal e machista. E são completamente engajadas nas pautas feministas e de paridade. Mais do que eu fui”.

    Ela brinca que, diferente do que Belchior fala na música “Como Nossos Pais” (ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais), “há coisas que mudam, sim”.

    “Aos Nossos Filhos” é uma produção franco-brasileira e estreou na França, em fevereiro de 2022, e passou por mais de 20 festivais pelo mundo, incluindo o Festival do Rio, em 2019, e o Festival de Havana, em Cuba, em 2020.

    Entre os reconhecimentos está uma menção honrosa no Festival de Cinema Lésbico e Feminista de Paris (Cineffable), prêmio de Melhor Roteiro no Festival Mix de Milão, e o Prêmio dos Estudantes no Festival Francês International du Film Politique (2022).

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