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    Desigualdade no mercado da música: mulheres recebem 10% dos direitos autorais distribuídos

    Pesquisa da União Brasileira de Compositores, divulgada no Dia Internacional da Mulher, apresenta dados sobre a participação da mulher na indústria fonográfica

    Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Paula Lima e Teresa Cristina
    Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Paula Lima e Teresa Cristina Reprodução/Instagram

    Rafaela Cascardoda CNN

    Rio de Janeiro

    O estudo “Por Elas Que Fazem a Música”, realizado pela União Brasileira de Compositores (UBC), mostrou que, apesar do aumento da quantidade de associadas, o total de direitos autorais distribuído para as mulheres compositoras em 2022 cresceu muito pouco em relação ao ano de 2021, se comparado ao valor destinado aos homens. O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, e aponta que as mulheres representaram apenas 10% dos direitos autorais distribuídos no ano passado no Brasil.

    No entanto, a pesquisa também revelou que em comparação ao total arrecadado no exterior, as mulheres brasileiras tiveram um bom crescimento, chegando a receber 17% desse valor em 2022. Entre os 100 associados com maior rendimento vindo do exterior no último ano, 27 são mulheres, quantidade que representa mais que o dobro de 2021.

    “Ser mulher e negra no Brasil é complexo. E nesse mercado fonográfico, quando ainda existe um pouco de meritocracia, diferente dos outros setores da sociedade, tem sido possível, em alguns casos, nos dedicarmos e vivermos daquilo que amamos: a música. Particularmente tive ótimos parceiros e portas abertas. Mas também recebi e recebo inúmeros nãos, como sabemos, que é a realidade de todos, com uma mão que ainda pesa um pouco mais pra raça e gênero”, disse a cantora, compositora e diretora da UBC, Paula Lima, que continua.

    “Mas, tive no decorrer da história muita motivação. Foram muitas conquistas e sou muito grata. Em geral, eu percebo ainda uma subvalorização feminina em todos os setores e neste setor da arte, principalmente de mulheres negras. Ainda são poucas as cadeiras ocupadas e os acontecimentos estão aquém do que é justo. Mas o debate existe e os passos tem sido dados por nós mulheres e por homens conscientes da necessidade de igualdade e diversidade. É preciso evoluir e transformar por um bem maior”, concluiu a artista.

    No último ano, uma quantidade expressiva de obras e fonogramas com participação feminina foi cadastrada. Dentro desse total, entre 2021 e 2022, o crescimento com maior destaque foi o de cadastro de fonogramas com mulheres como produtoras fonográficas, chegando a aumentar 17%.

    “Entendemos a importância deste levantamento para o mercado. A partir dele, muitos projetos em prol da equidade de gênero são embasados e conseguem ganhar o mundo, gerando oportunidades e uma mudança ativa na nossa indústria. Como instituição, seguiremos fomentando o debate e apoiando ações comprometidas não só com a igualdade de gênero, mas com todo tipo de diversidade”? explica a head de comunicação da UBC, Mila Ventura.

    O relatório “Por Elas Que Fazem A Música”, que é feito desde 2018, mostrou que o número total de mulheres associadas apresentou um crescimento significativo até o ano passado, chegando a aumentar 151%.

    Em território nacional, mulheres que residem no Nordeste e no Sudeste somam 77% do total de associadas, revelando a falta de uma maior presença feminina nas regiões Sul, Centro-Oeste e, principalmente, no Norte.

    Shows, rádio e digital lideram as fontes de distribuição

    Com o retorno dos festivais, alguns com presença maciça de mulheres no line-up, a categoria de shows foi uma das maiores fontes de distribuição de direitos autorias para as mulheres, representando 15%. Enquanto rádios representam 16%, o Digital, 11%, e as TVs aberta e fechada 8% e 6%, respectivamente.