Crítica: “Orfã 2: A Origem” aposta no humor para não repetir história
Sequência de terror cult conta a trajetória de como a temida Esther se transformou na assassina que todos amam
No fim da primeira década dos anos 2000, um fenômeno do terror aconteceu: o filme “A Órfa” foi lançado.
Imediatamente, se falava da atriz que interpretava a protagonista, Isabelle Fuhrman, e daquela virada no roteiro (que poucos previram), na qual descobre-se que a orfã não é o que ela sempre alegou ser: era na verdade Esther, de 30 anos de idade e que, devido a um problema hormonal, aparentava ser uma criança de cerca de 10 anos.
O filme cumpriu seu papel e fechou-se em si mesmo, não havendo espaço para continuações, pois a personagem principal morre ao fim do longa.
Porém, mais de 15 anos depois, a continuação chegou, em forma de prelúdio.
Isabelle Fuhrman, porém, agora tem 25 anos e interpreta o mesmo papel: o de uma criança de cerca de 10. Para que a atriz pudesse reviver a personagem que a fez tão famosa, foram necessários alguns artifícios: maquiagem que rejuvenescesse, dublês de corpo, truques com ângulos de câmera e sapatos plataforma para os colegas da atriz, que mede um metro e sessenta.
Nota-se o esforço da produção, porém, em certos momentos do filme, custa-se a acreditar que Esther não seja nem sequer adolescente, mas, devido à imersão que o longa provoca, é possível ignorar esse “detalhe”.
Funcionando como prequela, o filme, dirigido por William Brent Bell, conta como Esther veio a ser essa mulher destruidora de lares. Ela fugiu de um hospital psiquiátrico na Estônia, se passou por uma menina desaparecida e se aproveitou da carência da família dessa menina para adentrá-la e, em princípio, apenas roubar alguns pertences.
Durante a primeira hora do longa, surge o questionamento: “Por que fazer uma continuação para contar a mesma história?”.
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Como no primeiro filme, vemos Esther cometer alguns assassinatos, por exemplo, principalmente no primeiro ato. A fuga do hospital psiquiátrico tem sequências interessantes de ação e alguns sustos, dignos de filmes de terror mainstream.
No segundo ato, o clima do filme muda, ele se encaminha mais para um suspense, com Esther se inserindo no cotidiano da família, manipulando a todos com seu rosto angelical e trabalhando para que sua farsa não seja descoberta.
Nada de novo. Porém, ela dá as caras novamente, como fez em 2009: a virada no roteiro acontece. Não é tão engenhosa quanto da primeira vez, mas é o bastante para mudar totalmente o rumo do filme, pegar algumas pessoas de surpresa e, pasmem, arrancar risadas do espectador – inclusive, são as boas atuações de Julia Stiles, Matthew Finlan e Rossif Sutherland que contribuem muito para que o plot twist funcione.
É possível encaixar o terceiro ato desse filme no gênero “terrir”, um terror que usa da comédia para temperar a história. A matança e o sangue continuam aparecendo, mas é nos diálogos que se tem a certeza de que o filme não se leva a sério e é isso que garante a diversão do espectador