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    Crítica: “Morte Morte Morte” é terror adolescente com pegada social

    Em meio à saturação de produções do gênero slasher, longa-metragem que está nos cinemas brasileiros é um "terrir" de ótima qualidade

    Isabella Fariada CNN

    Não é novidade que a nostalgia esteja tomando conta da maior parte das produções cinematográficas hollywoodianas. Seja através de referências aqui e ali, remakes ou sequências feitas décadas após o primeiro filme, o sentimento de “antigamente era melhor” é cada vez mais verdadeiro.

    Mesmo que esse sentimento não evoque coisas exatamente boas.

    Só em 2022, tivemos mais de uma dezena de filmes slasher sendo lançados no Brasil e no exterior. Nessa conta entram, por exemplo, as sequências de “Pânico” (1996), “Halloween” (1978) e o remake de “Hellraiser” (1987).

    Normalmente de baixo orçamento, os filmes slasher seguem uma mesma fórmula: jovens adultos reunidos que acabam sendo alvo de um assassino em série psicopata que mata aleatoriamente.

    O gênero é simples e, talvez pela sua pouca complexidade, foi reinventado diversas vezes ao longo das décadas desde seu pioneiro, “Halloween”.

    A primeira reinvenção veio com “Pânico” e arrisco dizer que estejamos vivendo a segunda, com “X – A Marca da Morte”, “Pearl” (uma prequel de “X”), e “Morte, Morte, Morte”, todos lançados em 2022 e pela mesma produtora queridinha dos cinéfilos, A24.

    Antes “violência pela violência”, o novo slasher vem com uma pegada mais parecida com o terror sem tanta matança: a do comentário social.

    “Morte, Morte, Morte”, segundo longa de Halina Reijn, por exemplo, traz as características do gênero para os dias de hoje.

    Assassinos telefonando para suas vítimas? Não, agora eles estão no TikTok. Os assassinatos se passam em um acampamento? Não, uma mansão com jovens festejando. Quem matou todo mundo? Ninguém sabe.

    “Morte, morte, morte” é o mais novo slasher do cinema/Divulgação

    Contando a história de um grupo de pós-adolescentes, o filme traz um jogo que passou dos limites. Em uma festa que acontece enquanto um furacão passa pelos Estados Unidos, os participantes recebem um cartão cada. Aquele que receber o cartão marcado com um “X” é o assassino do jogo e deve tocar nas costas de outro participante, matando essa pessoa.

    Porém, nada é tão simples quanto parece. As relações desse grupo de amigos estão estremecidas por uma série de situações e traumas que vão se revelando juntamente com os corpos que aparecem em cada canto da casa.

    Com os atores e atrizes escolhidos para os personagens, mais uma reinvenção do gênero. Ao contrário do filme slasher convencional, os atores em “Morte, Morte, Morte” já são famosos.

    Na lista estão o ex-namorado de Kim Kardashian, Pete Davidson, Amandla Stenberg, que já estrelou “Jogos Vorazes” (2012), e Rachel Senott, a rainha do “indie” que protagonizou “Shiva Baby” (2020).

    Outra virada do gênero slasher: os diálogos são muito bem escritos. Em uma longa cena de lavação de roupa suja, percebe-se um roteiro caprichado que consegue assustar e fazer o espectador dar risada segundos depois.

    É possível rir das situações completamente absurdas nas quais essas pessoas se envolvem e da própria cutucada que o filme dá na geração Z, nascida entre os anos 1996 e 2010.

    O final do longa, portanto, resume a ansiedade e o imediatismo com que essa geração convive diariamente, mas, esqueça máscaras e serras elétricas, o mais novo assassino em série está na palma da mão, no nosso celular.

    Assista ao trailer de “Morte, morte, morte”:

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