“Baby”: protagonista mergulha em “nova faceta do audiovisual” como homem preto
Ricardo Teodoro chegou a vencer prêmio de Ator Revelação em Cannes pelo papel de Ronaldo; à CNN, ator sugere que longa-metragem ainda se tornará um clássico do cinema
Premiado pelo mundo, o longa-metragem “Baby” estreia no Brasil pelo Festival do Rio nesta segunda-feira (7). O filme, dirigido por Marcelo Caetano (“Notícias Populares”), traz foco à temática LGBTQIA+ e é protagonizado pelo estreante João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro (“Renascer”).
“Estamos muito ansiosos e curiosos para saber como vai ser a reação com o filme no Brasil. A gente tem uma história bonita, lá fora, internacionalmente, da passagem pelos vários festivais, mas no Brasil vai ser a primeira vez”, reflete Ricardo Teodoro em conversa com a CNN.
“Baby” passou pelo Festival de Cannes 2024, um dos mais prestigiados de cinema no mundo. Na ocasião, Ricardo Teodoro levou o prêmio de Ator Revelação. No Festival de Lima, no Peru, a produção foi eleita como Melhor Filme LGBTQIA+ e o protagonista venceu mais uma vez, dessa vez em Melhor Atuação. Por fim, em San Sebastián, na Espanha, levou a melhor em Melhor Filme Latino Queer do Ano.
“Eu tenho dezesseis anos de trabalho como ator. Fiz muito teatro antes de ter essa oportunidade no audiovisual. Eu acho que a grande questão desse filme é a oportunidade que o Marcelo me deu de poder mostrar outras facetas do audiovisual até então. Eu já tinha criado como ator todo o repertório para me dar essa oportunidade de fazer o Ronaldo de alguma forma”, ressalta Ricardo.
Segundo a sinopse de “Baby” acompanhamos o personagem Wellington (João Pedro Mariano) que, após deixar um centro de detenção para menores, se encontra sozinho e à deriva pelas ruas de São Paulo, sem notícias de seus parentes e sem recursos para começar uma nova vida. Depois de visitar um cinema pornô, ele conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um homem maduro que o ensina novas formas de sobreviver.
Pouco a pouco, sua relação se transforma em uma paixão cheia de conflitos, que oscila entre a exploração e a proteção, o ciúme e a cumplicidade.
Na entrevista, Ricardo celebra o que disse ser uma “nova faceta do audiovisual” em seus 16 anos de carreira. “Eu sou um homem negro, de um metro e noventa. Então, naturalmente, o que chegava para mim sobre papel era o policial, ou o estigma do bandido para fazer e tal”, pontua. “Não me enxergavam.”
O ator explica que os prêmios o deram uma “autoestima” como profissional da atuação e que foram o “momento mais mágico” de sua carreira até agora.
“Esse filme estabelece esses dezesseis anos de carreira e me coloca em um outro lugar de patamar, mesmo artístico, de as pessoas se interessarem mais pelo meu trabalho, de poder ter interesse. Eu recebi críticas, pessoas do mundo inteiro em vários idiomas, falando que ficaram impactados pelo filme.”
“Sobre os prêmio, quase que eu não estava acreditando assim, parecia sonho mesmo.”
Em 77 edições do Festival de Cannes, apenas quatro brasileiros venceram uma categoria do evento. Ricardo sugere que o filme ainda se tornará um clássico do cinema.
“Eu acho que vai ser um grande marco esse filme e que ele vai ser visto aqui ainda por muitos, muitos, muitos anos.”
O processo de preparação para “Baby”
Ricardo conta que foi convidado a fazer um teste para “Baby” depois de trabalhar com Marcelo Caetano em “Notícias Populares” (2023). “Eu li o roteiro e falei ‘Eu preciso fazer esse filme””, pontua. “Quando eu li o roteiro eu pensei que seria um baita desafio fazer um garoto de programa, que não é mais lá um garoto, que está com quarenta e dois anos e já não consegue trabalho fácil.”
“Além disso, toda essa complexidade de retratar o centro de São Paulo, essas pessoas que estão ali, que a gente olha e parece que estão à margem. O roteiro é muito bonito, muito poético, muito, muito verdadeiro”, complementou o ator.
Depois de muita leitura de roteiro, Ricardo conta que foi escolhido por Marcelo. “Aí, durante três meses a gente ficou exclusivamente por conta de ensaiar o filme inteiro e fazer uma pesquisa aprofundada sobre esses personagens. Então era ir nas saunas de São Paulo, ir nos cinemas por lá, ficar na praça da República só observando as pessoas ali, como é que é o movimento delas? Como é que aquela sociedade se estabelece na Praça da República. A fim da gente ficar muito bem estabelecido sobre qual a história a gente ia contar.”
Por fim, o ator revelou a estreia da história nos cinemas brasileiros em janeiro de 2025.