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    Atriz de “Missão: Impossível” diz que sofreu abuso sexual de familiar na infância

    Francesa Emmanuelle Béart revelou que foi alvo de abuso entre os 10 e 14 anos

    Emmanuelle Beart participa da cerimônia de encerramento do 37º Festival de Cinema de Cabourg em 17 de junho de 2023, em Cabourg, França
    Emmanuelle Beart participa da cerimônia de encerramento do 37º Festival de Cinema de Cabourg em 17 de junho de 2023, em Cabourg, França Sylvain Lefevre/Getty Images

    Jack Guyda CNN

    A atriz de cinema francesa Emmanuelle Béart revelou que foi vítima de abuso sexual por familiar, seguindo um movimento de denúncia e combate ao abuso sexual infantil na França.

    Béart, uma estrela premiada, mais conhecida do público internacional por suas aparições em “Manon des Sources” (1986) e “Missão: Impossível” (1996), pontua em um novo documentário que foi abusada sexualmente entre os 10 e 14 anos, informa a BFMTV, afiliada da CNN.

    Veja também — Instagram é a plataforma mais usada para abuso infantil, diz pesquisa

    Béart conta sua história como parte do documentário “Un silêncio si bruyant” (“Um silêncio tão alto”), que ela co-dirigiu. O lançamento está previsto para 24 de setembro no canal de TV francês M6.

    Durante o documentário, que conta a história de outras quatro vítimas, a atriz ressalta que foi a avó quem a “salvou” do abuso.

    Sua co-diretora, Anastasia Mikova, falou em um evento de imprensa do filme na terça-feira (5), destacando aos presentes que o pai de Béart – o cantor Guy Béart – não foi a pessoa que abusou dela, segundo a BFMTV.

    Mikova tembém explicou que Béart não queria revelar o nome de seu agressor por “razões familiares”.

    Uma mensagem de vídeo da atriz francesa também foi reproduzida durante o evento, conforme relata a BFMTV. “Eu não queria falar, queria abrir espaço para que outros falassem. Mas, diante deles, da sua honestidade, da sua coragem, pensei que também deveria falar”, ponderou.

    Béart também discutiu o documentário em entrevista à revista Elle: “Esse silêncio, que primeiro é imposto pela pessoa que te estupra, esse silêncio faz um barulho terrível dentro de você e assume todos os tipos de formas”.

    Charlotte Caubel, secretária de Estado da criança da França, elogiou Béart por se manifestar em uma postagem no X (antigo Twitter).

    “Saúdo a bravura de Emmanuelle Béart e daqueles que testemunham ao seu lado. Precisamos aumentar a conscientização sobre essa praga que continua a destruir tantas crianças”, escreveu Caubel. “A cada três minutos, uma criança é vítima de violência sexual. Vamos quebrar o silêncio”, adicionou.

    Mobilização nacional na França contra o abuso sexual infantil

    A questão do incesto e do abuso sexual infantil ganhou destaque na França nos últimos anos, depois de uma acusação feita por uma família proeminente ter levado a uma mobilização a nível nacional.

    A advogada Camille Kouchner escreveu um livro, “La Familia grande”, publicado em janeiro de 2021, no qual acusou o seu padrasto, o importante intelectual francês Olivier Duhamel, de abusar do seu irmão gêmeo desde quando ele tinha 14 anos.

    Duhamel é um antigo membro socialista do Parlamento Europeu e um renomado analista político que também chefiou o conselho de administração da Sciences Po, uma das principais universidades da França.

    “Sendo sujeito a ataques pessoais e na tentativa de preservar as instituições em que trabalho, encerro as minhas funções”, escreveu Duhamel no Twitter pouco depois de as acusações terem surgido.

    Isso coincidiu com sua saída do conselho administrativo da Sciences Po, bem como com sua saída de cargos em um clube intelectual e em uma publicação de ciência política. Posteriormente, Duhamel excluiu o tweet e sua conta no Twitter.

    A Procuradoria de Paris anunciou que estava abrindo uma investigação contra Duhamel por “estupro e agressão sexual cometido por uma pessoa com autoridade sobre um menor de 15 anos”.

    A CNN procurou o advogado de Duhamel na época para comentar, mas não recebeu resposta. A investigação foi posteriormente arquivada, porque o prazo de prescrição expirou, informou a BFMTV.

    O escândalo Duhamel fez com que centenas de supostas vítimas se apresentassem nas redes sociais sob a hashtag #MetooInceste.

    Os franceses recorreram ao Twitter para partilhar histórias angustiantes de abusos infantis cometidos por pais e familiares e como esse trauma, e o sentimento de vergonha e isolamento que o acompanha, muitas vezes persistiu durante a vida adulta.

    A Facing Incest, uma ONG que apoia vítimas de abuso, disse que 10% dos franceses sofreram incesto, de acordo com um inquérito representativo a 1.033 adultos franceses com 18 anos ou mais, entrevistados online de 4 a 5 de novembro de 2020 pela agência de sondagens Ipsos.

    “Estamos falando de um crime em massa”, destacou a organização sem fins lucrativos.

    Em abril de 2021, os legisladores franceses adotaram uma legislação que define o sexo com uma criança menor de 15 anos como violação e torna-o punível com até 20 anos de prisão, semelhante a muitas outras nações ocidentais, informou a Reuters.

    Antes da mudança, os promotores que pressionavam por uma condenação por estupro eram obrigados a provar que o sexo não era consensual, segundo a Reuters.

    *Sandrine Amiel e Pierre Bairin, da CNN, contribuíram para esta reportagem

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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