Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Com indicado de Bolsonaro, Nunes anuncia vice quase um mês antes das convenções

    Ex-Rota, a tropa de elite da PM de SP, Mello Araújo recebeu o endosso do governador Tarcísio para compor chapa

    Henrique Sales Barrosda CNN São Paulo

    O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou, nesta sexta-feira (21), o vice de sua chapa à reeleição. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo de Mello Araújo é quem ocupará o posto.

    O anúncio ocorre faltando quase um mês para o início do período de convenções partidárias e registro de candidaturas e coligações, que abre em 20 de julho, de acordo com o calendário eleitoral.

    O momento é bem anterior ao do ciclo de 2020, quando Nunes foi vice do então prefeito Bruno Covas (PSDB), morto em maio de 2021. O emedebista só foi confirmado pelo tucano faltando quatro dias para o último dia previsto para a oficialização de chapas.

    Nunes já vinha repetindo que a vice de chapa passaria, primordialmente, pelo aval de Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em acordo que faria do prefeito o candidato com o apoio oficial do ex-presidente na capital paulista.

    Na quarta-feira (19), representantes dos 11 partidos que apoiam a empreitada de Nunes – mais o União Brasil – acertaram que a vaga de vice da chapa iria para um nome do PL. O acordo se deu em jantar realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado.

    Efeito Marçal

    A definição sobre o vice de Nunes acelerou desde que o empresário Pablo Marçal (PRTB) anunciou que concorreria à prefeitura, no final de maio, e começou a buscar apoios no bolsonarismo.

    Pesquisa Atlas/CNN divulgada nesta semana apontou Marçal com 12,6% das intenções de voto, logo atrás de Boulos (35,7%) e Nunes (23,7%). Entre os paulistanos que votaram em Bolsonaro para presidente em 2022, o prefeito tem 51,4% e o empresário, 26,9%.

    Deputados estaduais do PL descontentes com a aliança com Nunes chegaram a se encontrar com Marçal esta semana. E insatisfeitos com a priorização a Bolsonaro, siglas aliadas a Nunes fizeram chegar a outras pré-campanhas seus descontentamentos.

    “A decisão do prefeito Nunes de se aproximar de Bolsonaro é fruto de um cálculo estritamente eleitoral”, afirma o cientista político e professor José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP).

    Reflexo da polarização

    Para o analista político José Alves Trigo, a definição por Mello Araújo na chapa do prefeito serve para “mostrar claramente que Nunes está com Bolsonaro”, em uma eleição polarizada e com repercussões nacionais – e isso sem falar da sombra de Marçal.

    Em São Paulo, Boulos já tem como vice a ex-prefeita Marta Suplicy, que, sob apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou ao PT. Desde sua fundação, a legenda nunca havia deixado de lançar um candidato próprio na capital paulista.

    “São Paulo é a grande vitrine das eleições, podendo ser o termômetro das competências e capacidades tanto do PT quanto do bolsonarismo”, afirma Trigo, que é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Vices indefinidos em outras capitais

    O cenário em São Paulo é atípico em relação a outras capitais: em Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre, por exemplo, nenhum dos líderes nas últimas pesquisas eleitorais já anunciou um vice.

    Para Trigo, em 2020, não se tinha um “acirramento” tão “firme” entre bolsonarismo e petismo, existindo ainda um centro viável em São Paulo – como foi Bruno Covas. Desta vez, pós-2022, com enfrentamento direto entre Lula e Bolsonaro, porém, o cenário mudou.

    “Nesse momento (antes das convenções), há a importância de se anunciar quem são os vices, pois eles podem mostrar o caminho ideológico que a campanha está tomando”, acrescenta Trigo.

    Assim, Marta firma o compromisso de Boulos com Lula e o PT, e Mello Araújo, o de Nunes com Bolsonaro e a direita conservadora. “São Paulo está funcionando como um laboratório para se testar o poder dessas duas alas”, diz o analista.