Saiba como foi o primeiro bloco do debate entre Nunes e Boulos
Candidatos a prefeito de São Paulo ficaram frente a frente na noite deste sábado (19)
O primeiro bloco do debate promovido por Record e Estadão para a Prefeitura de São Paulo entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), realizado na noite deste sábado (19), foi marcado por trocas de acusações entre os candidatos.
Esta foi a segunda vez em que ambos ficaram frente a frente desde que avançaram para o segundo turno da disputa eleitoral na capital paulista.
No primeiro turno, Nunes obteve 29,48% (1.801.139) dos votos válidos, enquanto Boulos conquistou 29,07% (1.776.127).
Polícia Militar, apagão em São Paulo e trocas de acusações
Logo na abertura do debate, Nunes questionou Boulos a respeito da posição dele sobre a Polícia Militar. O prefeito declarou que o adversário seria contra a PM.
Boulos rebateu: “o modelo de polícia que eu defendo é de polícia armada, um modelo que dá certo na Europa. Uma polícia que é dura com o crime, mas que trata os cidadãos de maneira igual. Aí é que está a nossa diferença, Ricardo. Porque eu imagino que você faça jus ao que defende o seu vice, de que a polícia tem que tratar diferente quem mora no Jardins e quem mora na periferia”, disse o candidato do PSOL.
Na sequência, Boulos indagou Nunes sobre o apagão que atingiu a capital paulista recentemente. Boulos disse que o prefeito tenta responsabilizar o governo federal pela eventual quebra de contrato com a Enel.
Nunes se defendeu: “a concessão é federal. No contrato, está na cláusula que a intervenção só pode ser feita pelo presidente da República. A concessão é do Ministério de Minas e Energia. Aqui, a gente não quer jogar a culpa para ninguém. Eu fui à Justiça contra a Enel. Fui até a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] pedir a rescisão do contrato. Eu e o governador Tarcisio não queremos a Enel. Então, não vem arrumar desculpa. Você, como deputado federal, não fez nada”, afirmou o prefeito.
“Saidinha”, privatização da Sabesp e segurança pública
Após uma primeira rodada de confronto direto, os candidatos responderam perguntas de jornalistas dos organizadores do encontro.
Reinaldo Gottino, da Record, questionou se Boulos era favorável a “saidinha” de presos em datas festivas.
Boulos declarou: “o que a lei já diz é que quem é autor de crimes violentos não tem direito a saidinha, essa é a grande questão, é isso que eu defendo, e é o que a lei já determina”.
No comentário, Nunes afirmou: “essa questão de saidinha é algo terrível. Então a pergunta foi sobre a saidinha, ele é contra a saidinha. Aí vem aqui criar um monte de história. Saidinha é pra bandido, bandido que tá preso tem que ficar preso. Bandido tem que ficar preso pra dar sossego pro trabalhador”, afirmou o atual prefeito.
Em seguida, Roseann Kennedy, do Estadão, indagou Nunes sobre possíveis problemas de abastecimento de água na capital paulista após privatização da Sabesp – a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
Nunes declarou: “o que temos de garantia? Primeiro, serão R$ 68 bilhões de investimento. R$ 28 bilhões aqui em São Paulo. É uma privatização em que a regulação está aqui, na cidade. O contrato está rígido e vai ser um avanço para a cidade”, disse.
No comentário, Boulos disse: “vou dar o alerta para vocês, a Sabesp pode virar a Enel da água. Imagine… se falta luz, já é esse sacrifício, imagina água. Ele [Nunes] coloca a responsabilidade nos outros”, afirmou o deputado.
A seguir, Gottino questionou Boulos sobre experiência e preparo para governar a cidade de São Paulo.
Boulos reiterou: “o Lula, antes de ser presidente, não tinha tido nenhum cargo no Executivo, e as pessoas podem concordar ou discordar dele, mas ninguém deixa de reconhecer o presidente que o Lula foi e é. A Marta, a prefeita dos CEUs, do Bilhete Único e, hoje, minha vice, antes de ser prefeita, nunca tinha tido um cargo no Executivo. Então é importante a gente dizer que isso não é condição”, respondeu o candidato.
No comentário, Nunes aproveitou a oportunidade para se defender de uma acusação feita momentos antes. Boulos afirmou que o prefeito teria dados tiros em frente à porta de uma boate na cidade de Embu das Artes, na Grande São Paulo.
O prefeito argumentou: “essa questão do Caipirão, negócio que aconteceu há 15, 20 anos. Tem nada que eu dei tiro, isso é uma conversa, tá escrito lá no boletim de ocorrência. Eu fui separar uma briga, eu não ia deixar, ver uma situação e deixar aquela coisa acontecer. Eu sempre tive uma posição de atuar. A minha vida é limpa”, disse Nunes.
Marcelo Godoy, do Estadão, fechou a rodada de perguntas dos jornalistas. Ele indagou Nunes sobre se o prefeito se sentiria seguro andando da Praça da Sé ao Largo do Paissandu, no centro da capital paulista, às 23h.
Nunes ponderou: “eu estive outro dia na Praça da Sé, era por volta de 22 horas. As crianças brincando. A gente sabe que tem muito trabalho pela frente, mas estamos avançando e vamos continuar avançando”, respondeu Nunes.
No comentário, Boulos declarou: “vocês viram que ele não fica nem vermelho? As crianças brincando às 23 horas na Praça da Sé, a população sorrindo andando com seus celulares na mão. Olha a fantasia, a ficção que ele monta. Ele não responde, não respondeu se ele andaria tranquilo na cidade com o celular”, concluiu Boulos.
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