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    Primeiro debate na TV em SP é marcado por acusações e xingamentos entre candidatos

    Candidatos a prefeito da capital paulista tiveram primeiro confronto da campanha eleitoral de 2024

    Douglas PortoHenrique Sales Barrosda CNN , São Paulo

    O primeiro debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo na televisão foi marcado por acusações e xingamentos, nesta quinta-feira (8), na TV Bandeirantes.

    No encontro, estiveram presentes:

    • Ricardo Nunes (MDB), prefeito e candidato à reeleição;
    • Guilherme Boulos (PSOL);
    • Tabata Amaral (PSB);
    • Pablo Marçal (PRTB);
    • e José Luiz Datena (PSDB).

    Nunes foi o principal alvo de todos os seus adversários. Logo no começo do primeiro bloco, no primeiro confronto direto, definido por sorteio, Marçal chamou Nunes de “incompetente” e citou mais de 80 mil moradores de rua na capital paulista e mais de “192 mil pessoas precisando de cirurgia”.

    “Você está nervoso, Pablo?”, perguntou Nunes no início de sua resposta. “Eu tenho muito orgulho, eu vou contar aqui para o Pablo Marçal o que nós fizemos na cidade de São Paulo. Com educação, do jeito que você na sua casa quer escutar do candidato que quer governar a maior cidade da América Latina”, prosseguiu. Nunes disse ter dobrado o orçamento da Saúde, que, segundo ele, passou de R$ 10 bilhões em 2016 para R$ 20 bilhões.

    Marçal acusou Nunes, também, de ser a “falsa direita” e questionou se o prefeito era realmente desse campo político por ter tido a candidata a vice na chapa de Boulos, Marta Suplicy (PT), como sua secretária de Relações Internacionais.

    Em sua primeira intervenção, Boulos também escolheu Nunes, questionando o prefeito sobre a utilização de R$ 6 bilhões em obras sem licitação e perguntou quem era Pedro José da Silva e sua relação com ele.

    Em sua réplica, Nunes mandou o candidato responder quem é o deputado federal André Janones (Avante-MG), quem Boulos defendeu na Comissão de Ética da Câmara no caso que apurava um suposto esquema de rachadinha.

    “Olha Boulos, acho que você tem que responder quem é Janones, que instituiu a legalização da rachadinha. Você precisa responder quem é Nicolás Maduro, você precisa responder tantos nomes, Boulos“, disse.

    Sobre Pedro José da Silva, Nunes disse que ele presta serviços para a prefeitura há mais de 20 anos. Na tréplica, Boulos disse que o homem é compadre de Nunes e que recebeu 10 contratos em obras sem licitação.

    Ao escolher Boulos para responder sua pergunta, Datena utilizou todo seu tempo para criticar Nunes e ficou sem fazer a pergunta. “O Nunes quer nível, mas ele ataca também. E ataca com a pior das coisas do ser humano que é mentira”, citou Datena.

    Datena também atacou Boulos: e voltou a citar Janones e Maduro.

    “Você anda de braços dados lá na Comissão de Ética com o Janones na Rachadinha”, começou Datena. “Depois eu queria saber se você é democrata, porque parece que não é. Quem apoia [Nicolás] Maduro e a ditadura da Venezuela. Você deveria ser prefeito de Caracas”, prosseguiu o apresentador para Boulos.

    O candidato do PSOL justificou sua posição no caso Janones, afirmou que não poderia ter permitido “dois pesos e duas medidas” no caso, e que rachadinha é crime, independente de quem faça. E também disse que Datena estava fazendo fake news e que não esperava isso do apresentador.

    Também citou que não estava fazendo ataque, mas sim pregando respeito ao dinheiro público quando fez a fala sobre Nunes e os recursos de obras sem licitação

    “Isso é respeito ao dinheiro público, porque quando falta merenda na escola, quando falta um médico no posto de saúde, é porque esse dinheiro está sendo mal usado. O que a gente tem hoje na Prefeitura de São Paulo é uma gestão que gasta muito e resolve pouco”, mencionou Boulos.

    Nenhum dos candidatos escolheu Tabata Amaral para responder aos questionamentos no primeiro bloco. A deputada teve oportunidade de falar apenas ao fazer a pergunta para Marçal. Ela era a quinta, e última, a escolher, e optou por Marçal — Nunes, para quem queria perguntar, já haviam respondido duas vezes, limite segundo a regra do debate.

    Eu queria ter perguntado para o prefeito, primeiro, porque eu queria muito morar nessa São Paulo que ele descreve. Mas eu vou para um lado e para o outro e não é isso que eu vejo”, explicou Tabata.

    A Marçal, Tabata citou sua condenação por formação de quadrilha num esquema de fraudes bancárias e lhe perguntou: “O que ele fará para proteger os idosos que vivem caindo em golpes de WhatsApp como esse?“. E ainda citou outras investigações que o candidato tem na Polícia Federal por falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro.

    O candidato do PRTB, disse que Tabata estava confundindo ele com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que seria sua heroína. E sobre a condenação, ele disse que não existia, que se houvesse, ele deixava a disputa imediatamente.

    Ainda disse que a candidata do PSB era “uma adolescente” que “vive falando que representa as mulheres” e que ela precisa “amadurecer um pouco”.

    Segundo bloco: embates entre Datena e Nunes

    Falando sobre segurança pública, Boulos disse que quem estava assistindo ao debate sabe que São Paulo nunca esteve tão insegura quanto agora e que Nunes era “arrogante, porque não consegue reconhecer os erros dele, de que não fez, não conseguiu fazer”.

    O principal embate foi entre Datena e Nunes, que chegou a dizer que iria processar o jornalista.

    Mencionando que o prefeito não dava sequência as obras iniciadas por seu antecessor, Bruno Covas (PSDB), o apresentador disse que “esse cidadão em vez de dar sequência, tem suspeita de se envolver com o PCC [Primeiro Comando da Capital] no transporte público também”.

    Posteriormente, foi concedido um pedido de resposta a Nunes, que acusou Datena de ter sido condenado na Justiça por imputar crimes para pessoas inocentes.

    “A honra da pessoa não pode ser atacada. Está claro o joguinho que ele [Datena] está fazendo ali com o Boulos. É um grande apresentador, quase 30 anos, aqui não é um programa de televisão. Tenha respeito. E vai ganhar mais um processo”, finalizou o prefeito.

    No bloco seguinte o apresentador assumiu que foi condenado “acusando bandidos que teriam cometido crimes que na realidade julgados pela Justiça foram considerados alguns inocentes”.

    Terceiro bloco: cocaína, condenação judicial de Marçal e esposa de Nunes

    Agora usando um boné com uma letra “M”, Marçal escolheu Boulos para perguntar e simulou, com uma das mãos no rosto, um ato de “cheirar cocaína”.

    Em seu questionamento, disse “alguém ali (numa referência a Boulos) apoia o terrorismo do Hamas, vive romantizando terrorismo, tirou foto com aquele ditador da Nicarágua, vive elogiando o ditador Maduro, que perdeu a eleição”, em referência à eleição na Venezuela e a guerra de Israel contra o Hamas.

    Boulos respondeu que era “impressionante a falta de qualidade política” de Marçal “de vir num debate como esse sem saber absolutamente da cidade de São Paulo e nem sobre minha trajetória e minha vida”.

    O psolista também lembrou uma condenação que o empresário sofreu por roubo a banco no estado de Goiás e perguntou se a população deve eleger “um ladrão de banco”. Marçal respondeu que o crime prescreveu e ele nem chegou a apresentar defesa.

    Ao escolher Nunes para direcionar sua pergunta, Tabata questionou o prefeito sobre um caso de violência doméstica que teria sido denunciado por sua esposa, Regina Carnovale Nunes.

    A candidata relatou que Nunes havia dito que o boletim de ocorrência havia sido forjado, e no dia seguinte a Polícia Civil afirmou que não.

    São Paulo não merece um prefeito que mente e é agressor de mulher. E a pergunta é sim ou não. Você mentiu ou não mentiu?”, questionou Tabata.

    Durante a fala de Tabata, Regina gritou, da plateia: “Respeita minha família”, segundo vídeos que circulam nas redes sociais. Ao responder, Nunes disse que “não esperava de você um nível desse” e apontou para Tabata.

    “Eu realmente tive com minha esposa, há 14 anos atrás, um período, de 4 ou 5 meses que a gente realmente se separou. Tivemos um desentendimento. Mas nada de agressão, nunca levantei um dedo e ela já falou isso”, prosseguiu o prefeito.

    Datena também se referiu ao caso da suposta agressão e disse que, quando fala sobre o caso, o prefeito “fica todo arrepiado, inclusive com sua família”. Disse que seria “uma maravilha” receber um processo do prefeito, “porque eu vou pendurar lá no quadro principal da minha casa que é uma honra ser processado por gente como você”.

    Foi concedido um direito de resposta a Nunes pela acusação. Ao iniciar sua fala, o prefeito disse que Datena “é um senhor desrespeitoso”. “Esse senhor já foi condenado várias vezes por imputar crimes às pessoas inocentes. Várias vezes, por praticar outros crimes, que eu não vou falar aqui por respeito a família dele”, disse.

    “Ele está falando uma série de coisas que não absolutamente nada. Eu não tenho uma condenação. Uma vida limpa”, finalizou.

    Outros candidatos

    Outros cinco candidatos não foram convidados para o evento por não terem representação mínima no Congresso:

    • Marina Helena (Novo);
    • Altino Prazeres Júnior (PSTU);
    • Bebetto Haddad (DC);
    • João Pimenta (PCO);
    • e Ricardo Senese (UP).

    O partido de Marçal também não possui representação mínima no Congresso, mas foi convidado pela TV Bandeirantes em razão de “análise jornalística de relevância editorial”. Ele tem aparecido em pesquisas entre os quatro primeiros colocados.

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