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    Ministério e secretaria de SP se contradizem sobre interferência de facções nas eleições

    Área de inteligência do Ministério da Justiça diz não ter detectado ação de grupos criminosos; já PM paulista informa ter interceptado circulação de mensagens atribuídas a uma facção determinando a escolha de candidatos na capital paulista, em Santos e em Sumaré

    Jorge Fernando Rodrigues

    A Secretaria Nacional de Segurança Pública, do governo federal, e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divergiram, neste domingo de segundo turno, sobre a eventual interferência de facções criminosas nas eleições.

    Mário Luiz Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública, afirmou na tarde deste domingo (27) que os serviços de inteligência do Ministério da Justiça (MJ) não detectaram nenhuma orientação de voto de facções criminosas no candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL).

    “O Sistema de Inteligência do MJ não detectou qualquer orientação de qualquer facção, contrária ou a favor, de qualquer candidato neste segundo turno”, disse o secretário.

    Mário Luiz Sarrubbo é ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo e atual secretário nacional de Segurança Pública • Tribunal de Justiça de São Paulo

    Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, pasta vinculada ao governo paulista, afirmou que “o Sistema de Inteligência da Polícia Militar interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos à prefeitura nos municípios de Sumaré, Santos e Capital” e que “a Polícia Civil investiga a origem das mensagens” — mas sem especificar sobre orientações em relação a votos para Boulos.

    Mais cedo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que foram interceptadas supostas mensagens do Primeiro Comando da Capital (PCC) com orientação de voto no psolista.

    A declaração do governador foi durante entrevista coletiva no bairro do Morumbi, zona oeste de São Paulo, onde votou acompanhado do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB).

    Questionado sobre um suposto “salve” do PCC contra a candidata à prefeitura de Santos, Rosana Valle (PL), Tarcísio declarou que o mesmo ocorreu na capital.

    “Teve um salve, houve interceptação de conversas e de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa, orientando determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Agora, isso não vai ter influência nenhuma na eleição”, declarou o governador.

    Questionado novamente por jornalistas sobre quem seria o candidato com orientação do PCC na capital, Tarcísio respondeu: “Boulos”.

    Após declaração do governador, a campanha de Boulos ajuizou na Justiça Eleitoral uma Ação de Investigação Judicial (Aije) contra Tarcísio.

    A ação acusa o governador, Nunes e o vice dele, Mello de Araújo (PL), de “abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social”.

    Notícia-crime

    Boulos também apresentou, na noite deste domingo, uma notícia-crime ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o governador Tarcísio e o seu adversário no segundo turno, Ricardo Nunes.

    O relator será o ministro Nunes Marques, que também integra o Supremo Tribunal Federal (STF).

    Cabe à presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, decidir se abre ou não uma investigação sobre o caso.

    O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) também se manifestou. Por meio de nota, o órgão disse que soube do caso pela imprensa e que não teve conhecimento de “nenhum relatório de inteligência nem nenhuma informação oficial sobre esse caso específico”.

    A campanha de Nunes disse que, “por ora, não vai se manifestar sobre os recentes pedidos de Guilherme Boulos (PSOL) à Justiça”.

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