Mais propostas e menos direitos de resposta: veja como foi debate à Prefeitura de SP
Candidatos se encontraram na manhã desta sexta-feira (20) em debate promovido pelo SBT/Terra/Novabrasil
O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pelo SBT/Terra/Novabrasil na manhã desta sexta-feira (20) foi marcado pela apresentação de mais propostas e ideias em relação aos encontros vistos recentemente.
Participaram do debate de hoje Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo).
O encontro foi dividido em três blocos: em dois deles, os candidatos fizeram perguntas entre si. Em outro momento, eles responderam a questionamentos feitos por jornalistas.
Ao todo, foram concedidos três direitos de resposta: dois para Ricardo Nunes e um para Pablo Marçal. No debate anterior, realizado pela RedeTV!/UOL, foram oito direitos de resposta concedidos.
Datena defende criar delegacias da mulher em todas as subprefeituras
O debate começou com Boulos, que questionou Datena sobre propostas para garantir a segurança, principalmente das mulheres. Datena propôs criar uma Delegacia da Mulher por subprefeitura, além de ampliar a Patrulha Maria da Penha – programa da Polícia Militar de São Paulo que atende mulheres vítimas de violência e que possuem medida protetiva contra seus agressores.
“São Paulo nunca esteve tão insegura, especialmente para as mulheres. Por isso, lançaremos o programa ‘São Paulo Mais Segura’, que vai dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana. Vamos descentralizar a Patrulha Maria da Penha”, defendeu o candidato.
Boulos critica ações da Prefeitura contra mudanças climáticas
Indagado por Nunes a respeito de propostas para o combate às mudanças climáticas, Boulos fez críticas à gestão ambiental do atual prefeito, apontando que a cidade de São Paulo chegou a liderar o ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo recentemente.
“Infelizmente, a nossa cidade parou no tempo. Não avançou. Eu vou eletrificar a frota [de ônibus] para reduzir as emissões de carbono. Vou garantir que São Paulo possa ter reciclagem universalizada, com coleta seletiva de lixo nos 96 distritos da cidade. Hoje a gente enterra 98% do lixo, por conta de uma gestão ineficiente”, disse Boulos.
Nunes ressalta a importância de enxugar a máquina pública
Perguntado por Marina Helena sobre ações para garantir a zeladoria da cidade, Nunes defendeu o enxugamento da máquina pública na capital paulista. Segundo o prefeito, uma gestão enxuta é fundamental, inclusive, para definir o tamanho do orçamento anual do município.
“Fizemos e estamos fazendo gestão com a máquina enxuta. Fiz um programa de desestatização. Todo os terminais de ônibus que eu reformei, quando você entra no banheiro, tem um banheiro de qualidade, de shopping. Esse ano, serão R$ 18 bilhões de investimento. Temos que ter uma gestão enxuta”, declarou Nunes.
Tabata propõe uso da tecnologia para zerar fila por exames
Questionada por Datena em relação a propostas para a saúde municipal, Tabata propôs o uso da tecnologia – com destaque para a Inteligência Artificial (IA) – para zerar a fila por exames em São Paulo.
“Temos um problema em São Paulo, que é: se você conhece um político, você consegue fazer o seu exame mais rápido. Tenho proposta de trazer tecnologia, usar a Inteligência Artificial, para reorganizar essas filas. Nada disso vai funcionar se tem corrupção, se só o amigo do político consegue fazer”, ressaltou a candidata.
Marçal sugere educação financeira nas escolas municipais
Indagado por Tabata sobre suas ideias para a área da educação, um dos pontos abordados por Marçal foi que as escolas municipais ensinem educação financeira às crianças.
“Na Europa, mais de 70% das pessoas investem na bolsa. Nos Estados Unidos, mais de 50%. No Brasil, 2,8%. Tenho alvo de fazer você prosperar. O que a gente precisa é criar essa revolução [na educação]”, declarou Marçal.
Durante o bloco, Marçal teve o primeiro direito de resposta do debate concedido. O candidato falou sobre ataques e mencionou mudança de postura.
“As pessoas querem saber a sua pior versão e a sua melhor. A minha pior eu já mostrei nos debates. A partir de agora, você vai ver alguém que tem postura de governante, que de fato gerou riquezas, gerou mais empregos, que de fato é o único candidato que pode tirar você dessa miséria”, afirmou.
Segundo bloco
No segundo bloco do debate, os candidatos responderam às perguntas de jornalistas.
O primeiro candidato a responder foi Guilherme Boulos (PSOL). Ele foi questionado sobre como lidaria com o comando da GCM em sua gestão como prefeito de São Paulo. A pergunta foi feita pela jornalista Simone Queiroz, do SBT.
Boulos disse que com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), resolveria todos os problemas. “Eu tenho na minha campanha GCMS, ex-comandantes da guarda, então a relação vai ser muito tranquila, de muito respeito”, afirmou.
A segunda pergunta foi feita pelo jornalista Fábio Diamante, também do SBT, direcionada ao candidato Datena (PSDB).
Diamante questionou o apresentador sobre a população de rua e a relação dele com as ONGs que auxiliam essas pessoas.
Datena respondeu que vai retirar as crianças das ruas e que seria necessária uma “descontaminação mundial para que essas pessoas tenham dignidade”. “As pessoas não querem ficar em abrigos da prefeitura porque acontecem barbaridades nesses abrigos”, complementou.
A jornalista Luciana Pioto, do Terra, fez a terceira pergunta do bloco, direcionada ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). A questão foi sobre como melhorar a educação e a fiscalização no trânsito.
Nunes afirmou que está desenvolvendo “muitas ações”.
“Não vou permitir que tenha a indústria da multa aqui em São Paulo. Muitas ações nós estamos desenvolvendo, como a faixa azul. A questão do sistema semafórico, estamos fazendo toda a revisão. Tem muitas ações que estamos desenvolvendo, tem bastante coisa.”
A quarta pergunta foi feita pela Simone Queiroz, do SBT. Ela questionou a candidata Marina Helena (Novo) sobre se foi consultada para colaborar com o plano de governo de Pablo Marçal.
Marina Helena respondeu que não foi consultada, mas disse que ficou feliz por ter feito “dois planos de governo para São Paulo”.
“Esse plano está à disposição de qualquer candidato aqui que seja eleito para fazermos o melhor para a população porque é isso que importa. Vejo aqui alguns candidatos não só de direita, mas alguns de esquerda copiando essas propostas e ficaria muito feliz se eles utilizassem elas”, disse.
Fabio Diamante, também do SBT, fez a quinta pergunta para Pablo Marçal (PRTB). A questão foi sobre a cracolândia, qual seria o projeto para as pessoas terem emprego e moradia.
O candidato do PRTB declarou que vai tratar o problema na escola municipal.
“Precisamos levar essas pessoas para condição de trabalho. Dar esporte para essas pessoas, pedir ajuda das religiões. Leva em média sete vezes pra você conseguir convencer uma pessoa a sair da situação de rua.”
A sexta e última pergunta foi do jornalista Roberto Nonato, da Rádio Nova Brasil, para Tabata Amaral (PSB)
A candidata foi questionada sobre as propostas em relação ao clima de São Paulo.
Tabata afirmou que uma das medidas é não ampliar o rodízio em São Paulo. “Essa é uma intervenção que traz um custo gigantesco e não vai na raiz do problema. São Paulo teve o pior ar do mundo, o ar mais poluído por uma semana e a prefeitura não fez nada.”
Neste bloco, Ricardo Nunes fez um pedido de resposta em relação a uma fala de Pablo Marçal, que falou sobre um boletim de ocorrência de violência doméstica contra Nunes e que o atual prefeito estaria envolvido em uma máfia das creches.
O pedido de resposta foi concedido pela organização do debate. Nele, Nunes declarou que era ruim ficar respondendo por estar sofrendo ataques.
“Nós temos observado que o Pablo Henrique, que tanto ataca, fala mentira, tem a maior rejeição. Ele começou falando, estou em primeiro na pesquisa, ele está em primeiro só em rejeição. Eu tenho uma vida absolutamente limpa, nunca tive indiciamento, nunca tive uma condenação”.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, os candidatos voltaram a se enfrentar em embates diretos.
Logo no início, Nunes respondeu a uma pergunta de Datena falando sobre as ações de sua gestão no combate às organizações criminosas infiltradas em instituições. O prefeito defendeu que há investigação sobre a suposta atuação dessas organizações no transporte público da capital paulista.
“Hoje, nós temos mais de 12 mil ônibus. Eu e o Tarcísio [de Freitas] fazendo um trabalho gigantesco, com muita energia, para combater qualquer tipo de organização criminosa. E foi o que eu fiz, por exemplo, na empresa que eu fiz a intervenção”, disse o candidato à reeleição.
Na sequência, Boulos questionou Tabata sobre os cuidados com a saúde mental da população. Citando casos de jovens com depressão e ansiedade e mulheres que enfrentam a depressão pós-parto, a candidata do PSB defendeu que sua eventual gestão seria referência no tema.
“Eu serei prefeita, se Deus quiser, e São Paulo vai ser referência número um no cuidado psicológico, porque isso é fundamental, é vida. É todo posto ter uma equipe de saúde mental, toda escola ter um psicólogo. A gente falar sobre isso sem tabu, sem medo”, afirmou.
No embate seguinte, o tema sorteado para Marçal questionar um dos adversários foi mobilidade urbana, mas o candidato do PRTB escolheu Marina Helena para comentar a questão do fundo eleitoral.
“Gente, eu também sou contra o fundo eleitoral, Marçal, completamente contra. A gente no Novo recebeu um valor muito menor do que dos demais candidatos e o motivo por a gente ter decidido passar a utilizar é o fator, por exemplo, que você está enfrentando agora. O valor ficou tão grande, tão grande…”, disse a candidata.
Na sequência, Nunes perguntou a Boulos sobre suas propostas para a zeladoria da capital. Reiterando críticas à gestão do atual prefeito, o candidato do PSOL afirmou que cuidaria da cidade ao longo de toda sua gestão, caso vença o pleito.
“A minha proposta para zeladoria é não cuidar da cidade só em tempo de eleição, que foi o que você fez, infelizmente. Fazer recapeamento é importante, tapa-buraco é importante, mas isso tem que ser ao longo de todos os anos da gestão, não só na véspera da eleição”, declarou.
Em embate com Datena, Marina perguntou ao adversário sobre suas ideias para a Educação na cidade de São Paulo. O candidato falou sobre investimento em escolas em tempo integral e sobre reforço na segurança das instituições de ensino.
“Você tem que entregar à população de São Paulo, às famílias de São Paulo, você mãe que está me vendo aqui, criança sabendo ler e escrever, de preferência entre 7 e 8 anos. Do jeito que está, mesmo investindo 22 mil por criança, estamos atrás do Ceará, que investe muito menos – 5 mil”, respondeu.
No último embate do bloco, Tabata questionou Marçal sobre como combater a violência contra à mulher. O candidato criticou as ações dos demais entes da federação no tema e falou sobre a proposta de criação de um aplicativo que cadastrasse homens acusados de agressão.
“Todos eles que forem agressores, em qualquer nível, não só de feminicídio, eles serão cadastrados nesse aplicativo e você, que é mulher, se esse homem invadir sua esfera de segurança, o seu celular vai tocar e o da entidade policial também”, afirmou.
No final do terceiro bloco, Nunes teve mais um direito de resposta concedido após menção indireta de Marçal o chamando de “tchutchuca do PCC”.
“Eu te fiz um apelido, até por conta das suas ofensas, você quer roubar até o apelido que eu coloquei de você, de tchutchuca, né? Eu fico muito triste e lamento muito o nível que esse rapaz veio trazer para os debates aqui na cidade”, disse o candidato à reeleição.
Considerações finais
Primeiro candidato a se despedir da audiência, Boulos afirmou que o debate deixou claro “quem aposta em baixaria e quem aposta em proposta”.
“E as nossas propostas são as melhores para São Paulo. Se você não aceita que a cidade mais rica do Brasil tenha gente esperando oito horas em fila da saúde, tenha 80.000 pessoas jogadas nas ruas, tenha tanto desrespeito e descaso, vem com a gente”, finalizou.
Tabata se dirigiu aos eleitores que “quase votando” nela e pediu coragem ao público.
“Sei que você está com medo. Temos a possibilidade de as coisas piorarem ainda mais. Mas nunca foi com medo que a gente mudou as coisas. Peço para você ter também, peço para acreditar que as coisas podem ser melhores, que a gente merece muito mais”, declarou.
Datena agradeceu a organização do debate e disse que seu maior objetivo é combater o crime organizado na cidade.
“Minha principal preocupação é que o crime organizado continue na prefeitura, entre na prefeitura, se espalhe pelo Brasil, sob o risco de candidatos representando o crime organizado transformem a cidade de São Paulo em um ‘narcoestado’”, concluiu.
Marçal citou sua posição nas pesquisas eleitorais, criticou o uso do fundo eleitoral e pediu uma chance para governar a cidade.
“Quero te servir. Se você colocar esse anel [ele mostrou o objeto em seus dedos] no meu dedo, eu vou ser o maior servo dessa cidade e essa cidade vai ter um governo histórico”, completou.
Marina Helena relatou sua passagem pelo Ministério da Economia na gestão presidencial passada e pontuou a importância do bom uso do dinheiro público.
“Eu vi ser economizado, investindo em político públicas, dez orçamentos da cidade de São Paulo. Demos fim às indicações políticas nas estatais. A gente precisa ter na nossa cidade boas propostas, mas, principalmente, caráter”, terminou.
Por fim, Nunes relembrou seu papel como vereador e vice-prefeito, além de destacar índices de sua gestão à frente do Executivo municipal.
“Eu me preparei. E é por isso que São Paulo está batendo recorde de investimento. Menor nível de desemprego desde 2015, e a cidade está pujante. Para uma cidade segura, para continuar segura, é que eu peço seu voto, a sua confiança”, encerrou.
Outros candidatos
Outros quatro candidatos não foram convidados para o evento por não terem representação mínima no Congresso Nacional:
- Altino Prazeres Júnior (PSTU);
- Bebeto Haddad (DC);
- João Pimenta (PCO);
- e Ricardo Senese (UP).
O partido de Marçal também não possui representação mínima no Congresso, mas ele vem participando dos debates devido ao seu desempenho nas pesquisas.
O Novo, de Marina Helena, também não tem o número mínimo de parlamentares, mas ela participou do encontro desta terça.
O que o eleitor pode e não pode levar para a urna no dia da votação?