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    Guarda não terá armamento letal no meu governo, afirma Tarcísio Motta à CNN

    O candidato do PSOL a prefeito do Rio de Janeiro falou sobre proposta para segurança pública, obras contra mudanças climáticas e proibição de celulares em escolas

    Aline Fernandescolaboração para a CNN , São Paulo

    O deputado federal Tarcísio Motta, candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou que a Guarda Municipal do Rio de Janeiro não fará uso de armamentos letais, como fuzis, caso seja eleito.

    A declaração foi feita nesta quarta-feira (28) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Caio Junqueira e Julliana Lopes.

    “No meu governo, farei de tudo [para que isso não aconteça]. A Guarda Municipal não terá armamento letal”, disse Tarcísio Motta.

    Segundo o candidato, “colocar mais armas nas mãos de uma instituição e tentar transformá-la numa nova polícia, numa polícia municipal, vai gerar mais tiroteios, mais balas perdidas, que a gente sabe que na verdade são balas achadas nos corpos negros que tombam no território da favela, ou do centro da cidade, ou dos bairros de periferia”.

    Atualmente, os agentes não possuem autorização para trabalhar com armas de potencial ofensivo no município.

    Segundo Tarcísio Motta, o papel de policiamento ostensivo cabe às polícias civil, militar e federal. Ele também disse que o emprego de armamento iria ocasionar “mais mortes inclusive entre os próprios guardas municipais”.

    Para o representante do PSOL, a guarda deve ser valorizada por meio de “plano de carreira”, “escala condizente” com a saúde e “formação adequada”, porque “um guarda respeitado e bem formado vai tratar melhor a população”.

    Entre as propostas para a categoria, ele destacou o retorno da escala 12×60 (12h trabalhadas e 60h de descanso) e, se necessário, um aumento do efetivo por meio da realização de concurso público.

    Ele pontuou que a corporação não deve se tornar “vilã” dos trabalhadores informais, que “são essenciais na própria vida e na dinâmica da cidade”.

    Comércio informal

    Com relação a operações da prefeitura em locais famosos pelo comércio informal, como a Feira de Acari, na zona norte da cidade, e o Camelódromo de Uruguaiana, no centro, o candidato afirmou discordar do que chamou de “criminalização dos ambulantes”.

    “Quem frequenta a Uruguaiana, quem frequenta a feira de Acari, sabe que ali tem inclusive mercadorias que tenham utilizado lá uma marca e aí não paga os royalties [taxa pelo uso do logotipo] daquela marca, mas muitas vezes é a chance do filho da classe trabalhadora ter uma roupa que ele está sendo estimulado a ter o tempo inteiro via televisão, via propaganda”, argumentou.

    Para enfrentamento de criminosos que agem entre os informais, o candidato citou o caso do governo do Piauí, que recuperou celulares roubados “sem disparar um tiro e sem ter que criminalizar os trabalhadores”.

    Obras para mudanças climáticas

    O representante do PSOL destacou a necessidade de construção de novas creches para aumento de vagas na educação infantil e de moradias populares para sanar o déficit habitacional no município.

    Além disso, ressaltou a importância da realização de obras de adaptação aos extremos climáticos para as famílias cariocas “pararem de ter medo toda vez que chove forte“.

    “A gente vai precisar fortalecer obras de contenção de encostas, obras para transformar a cidade do Rio de Janeiro na primeira cidade-esponja da América Latina para que a gente possa absorver as chuvas fortes que virão reutilizar essas águas. Isso tudo é necessário e essas obras vão salvar vidas”, afirmou.

    Milícias

    O candidato do PSOL também abordou a atuação de grupos de milícias – organizações armadas que atuam em paralelo ao Estado.

    “Se nós não rompermos politicamente com esses grupos milicianos que ocupam espaços do Estado, o problema da criminalidade nunca será resolvido”, disse.

    “A prefeitura, com todos os seus sistemas, pode trabalhar de forma integrada, inclusive ajudando a fiscalizar os paióis e os arsenais de grupamentos legalizados de armas que existem na cidade. A prefeitura pode e deve ajudar na questão da legislação urbana para acabar com a grilagem de terras”, segundo Tarcísio Motta.

    O candidato chegou a se emocionar ao relembrar a morte da vereadora carioca Marielle Franco, amiga e colega de partido, em 2018.

    “Desde o dia, a noite do dia 14 de março de 2018, eu sinto medo, né? É claro que eu não me sinto seguro. Mudei de casa, ando de carro blindado, tenho que tomar cuidado com as agendas”, compartilhou.

    De acordo com o representante do PSOL, “nesse momento em que o [deputado federal] Chiquinho Brazão [sem partido-RJ] acaba de, no Conselho de Ética [da Câmara], de ter o parecer pela cassação, muitas coisas voltam à memória”.

    “Mesmo que a gente não se sinta seguro para estar em todos os territórios da cidade, nós não vamos recuar porque isso seria dar a vitória aos milicianos que mataram a minha amiga”, concluiu.

    Apoio de Lula

    Com relação à proximidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o representante do PSD na disputa, Eduardo Paes, o candidato afirmou ver a situação “com a maior tranquilidade” por ser uma questão de acordos políticos celebrados anteriormente durante a campanha eleitoral de 2022.

    Segundo Tarcísio Motta, as discordâncias em relação aos posicionamentos do chefe do Executivo ocorrem pela necessidade de formação de uma “coalizão nacional” que precisa “incorporar interesses diversos”.

    “O governo Lula é um governo de contradições, mas eu sigo com muito orgulho estando na base do governo Lula mesmo que tenha votado, por exemplo, contra o arcabouço fiscal“, afirmou.

    Ele declarou que seu nome tem o apoio dos petistas liderados pelo deputado federal Lindberg Farias (PT-RJ).

    O candidato lembrou ainda que o PSOL tem “a maior bancada de vereadores, de deputados estaduais e de deputados federais” no município e concluiu: “a candidatura da esquerda na cidade do Rio de Janeiro é a minha candidatura”.

    Proibição de celulares em escolas

    Tarcísio Motta, que é professor de formação, se declarou favorável à proibição do uso de celulares em escolas públicas da rede municipal, mas destacou a necessidade de formação tecnológica dos professores e de reflexão sobre o tema por parte dos alunos.

    “Desde os primeiros anos na escola, a criança possa ser instada a refletir sobre o tempo em que ela está na frente das telas de celular. Como é que ela pode e deve utilizar isso, como uma questão que é importante pra vida, mas que não pode ser toda a sua vida”, disse.

    De acordo com ele, esse é um dilema “que educadores enfrentam no mundo todo, portanto, ter processo de formação dos professores que não nasceram nesse mundo da tela do digital e não se formaram nesse mundo é decisivo para que a gente possa partir da proibição para um processo de prevenção”.

    Diálogo com evangélicos

    Ao ser questionado sobre a relação com o eleitorado religioso, o candidato do PSOL reconheceu ser um desafio conquistar o voto, por exemplo, de mulheres negras evangélicas, que constituem “parte da população que, muitas vezes, carece do direito à moradia, do direito à creche, do direito ao transporte”, observou.

    Segundo Tarcísio Motta, “nossa forma de dialogar é primeiro entender que nós precisamos falar com todas as crenças e a não crença. Nosso discurso é um discurso que sempre procura ressaltar que nós respeitamos a pluralidade e a diversidade religiosa no Rio de Janeiro no Brasil e no mundo”.

    Uso de linguagem neutra

    Sobre o desgaste protagonizado pela campanha do colega de partido na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), com relação ao emprego da chamada linguagem neutra no Hino Nacional, Tarcísio Motta avaliou: “acho de fato que não precisávamos ter aquele hino naquela manifestação”.

    Ele afirmou também que a inclusão de pessoas transexuais na sociedade “não se resolve com a questão do Hino em linguagem neutra, e nem tampouco Hino em linguagem neutra é um problema que vai mudar e vai piorar a vida das pessoas”.

    Entrevistas com candidatos

    A CNN realiza nesta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro.

    Cada entrevista será transmitida primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h30.

    Participarão os mais bem colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência. A ordem será a seguinte:

    Quem é Tarcísio Motta, candidato a prefeito do Rio de Janeiro

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