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    Dono de clínica que emitiu laudo contra Boulos foi condenado por falsificar documentos

    Luiz Teixeira da Silva Junior apresentou diploma de graduação em medicina e ata de colação de grau falsas ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers)

    Lucas Schroederda CNN , São Paulo

    Luiz Teixeira da Silva Junior, dono da clínica Mais Consultas, que emitiu suposto laudo que aponta uso de cocaína por parte de Guilherme Boulos (PSOL), foi condenado, em 2020, a dois anos e quatro meses de prisão por falsificação de documentos.

    Em 2017, Luiz Teixeira foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) após ter apresentado ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) um diploma de graduação em medicina e uma ata de colação de grau falsificados.

    Os papéis teriam sido supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos, atual Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso). No entanto, a instituição alegou que Luiz Teixeira nunca havia feito parte do quadro de alunos.

    Segundo consta na sentença, publicada em 2020 e a qual a CNN teve acesso, o dono da clínica pagou R$ 27.000,00 a falsificadores pela produção dos documentos apresentados junto ao conselho de classe.

    Na sentença, o juiz Adel Américo Dias de Oliveira, da 22ª Vara Federal de Porto Alegre, declarou que Luiz Teixeira “a fim de galgar seu crescimento profissional, na busca por melhor qualificação, preferiu sujeitar-se à facilidade da obtenção de falsa diplomação do que percorrer o árduo caminho acadêmico necessário à angariação da legítima certificação”.

    A CNN entrou em contato com Luiz Teixeira e aguarda retorno.

    À Justiça, dono da clínica disse ter sido enganado

    Em depoimento à Justiça, Luiz Teixeira afirmou ter sido ludibriado. Segundo relatou, ele teria contratado os serviços de um despachante para que sua formação acadêmica em Biomedicina fosse transmudada para Medicina.

    Disse também ter realizado cursos de extensão com a finalidade de que os créditos dali advindos servissem para uma espécie de revalidação de sua certificação profissional. Argumentou ter entregue ao despachante todos os certificados de pós-graduação que possuía em Biomedicina para que fossem reaproveitados e servissem de incremento à obtenção do diploma de médico.

    Ainda de acordo com o relato do dono da clínica, ele teria sido vítima de um engano, uma vez que se valeu da contratação dos serviços de um intermediário para que, à vista de suas certificações profissionais, efetivasse uma espécie de “upgrade” em seu curso de graduação em Biomedicina, para conferir-lhe o status de médico.

    Contudo, a narrativa de Luiz Teixeira não convenceu o juiz responsável pelo caso.

    “Não é crível a assertiva de que o denunciado haja sido ludibriado. Primeiro porque o réu é pessoa esclarecida e, como por ele mesmo admitido, possui extensa experiência em sua área de atuação, não sendo aceitável, pois, que desconhecesse a necessidade de submeter-se à prova de vestibular para ingresso em uma universidade e, somente então, após longos anos de estudo, viesse a angariar a diplomação pretendida”, escreveu Adel Oliveira.

    Na sequência, o magistrado decidiu condenar Luiz Teixeira a dois anos e quatro meses de reclusão, além de exigir o pagamento de 20 dias-multa pela falsificação dos documentos.

    Entenda o caso

    Na noite de sexta-feira (4), o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, publicou em suas redes sociais um receituário médico em que era dito que Boulos, no dia 19 de janeiro de 2021, havia sido atendido na clínica médica Mais Consultas, no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, com “quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”.

    Segundo o documento, Boulos ainda teria “apresentado período de confusão mental e episódio de agitação”. E, que um exame toxicológico externo apresentando por um acompanhante de Boulos indicava positivo para benzolimetilecgonina (cocaína).

    De acordo com Boulos, o dono da clínica, Luiz Teixeira, seria um apoiador de Marçal e teria falsificado o documento.

    O registro de médico que aparece no receituário postado por Marçal é de José Roberto de Souza e está inativo por falecimento.

    “Primeiro, o dono da clínica do documento que ele publica tem um vídeo com o Pablo Marçal. É apoiador dele, que nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live. Falsificou o documento o dele, usando um CRM de um médico que faleceu há dois anos, para que ninguém possa ser responsabilizado como médico”, declarou Boulos.

    Ainda de acordo com o candidato do PSOL, no dia posterior ao que consta no prontuário médico, ele estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, “fazendo distribuição de cesta básica”.

    Boulos disse que vai pedir a prisão de Marçal e do dono da clínica.

    A CNN acompanha, em tempo real, a apuração dos votos em todas as cidades do Brasil neste domingo (6).

    (Com informações de Douglas Porto e Pedro Venceslau, da CNN, em São Paulo)

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