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    Debate da Globo entre Nunes e Boulos tem briga por espaço e troca de acusações

    Encontro foi o último entre os candidatos a prefeito de São Paulo antes do segundo turno

    Victor Aguiarcolaboração para a CNNDouglas PortoHenrique Sales BarrosNathan Lopesda CNN , São Paulo

    No último debate antes do segundo turno, os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) mantiveram a estratégia de debates anteriores, de troca de acusações, mas também aproveitaram a exposição na TV Globo, na noite de sexta-feira (25), para falar diretamente com o eleitorado paulistano a dois dias do segundo turno.

    Podendo circular livremente pelo cenário, os candidatos ficaram próximos várias vezes ao longo do debate, e se provocaram sobre isso. Nunes questionava se Boulos queria “invadir” seu espaço e pedido de “licença para caminhar”, como aconteceu no quarto bloco do confronto. “Fique à vontade”, respondeu o candidato do PSOL, que questionou se o oponente estava nervoso pela proximidade.

    Primeiro a falar, Nunes gastou quase um minuto de sua fala inicial para falar sobre propostas para um novo mandato, caso seja reeleito no domingo (27). Já Boulos disse que queria “começar conversando com você”, dialogando diretamente com o eleitorado. Ele também andou pelo estúdio e mostrou, em um mapa no chão do cenário, onde vive, na periferia da zona sul.

    Candidato à reeleição, focou o início do debate em fazer questionamentos a Boulos sobre segurança — aumento de pena para criminosos e descriminalização das drogas –, tema que já havia utilizado no início do debate anterior, na TV Record, no último sábado (19). O candidato do PSOL também usou uma tática parecida, de repetir temas, citando novamente o apagão e criticando a concessão dos cemitérios da capital paulista. No terceiro bloco, ele também retomou o tema da máfia das creches.

    Nunes e Boulos, mais uma vez, voltaram a trocar provocações e trouxeram temas de fora do escopo da disputa municipal, como o questionamento de Boulos a Nunes sobre se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — aliado do atual prefeito — fez tudo certo na pandemia, e a pergunta do candidato do MDB sobre o PSOL, partido do oponente, ter ido ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a saidinha de presos.

    Ao longo do debate, cada um dos candidatos teve um direito de resposta por conta de ataques do adversário.

    SP - ELEIÇÕES 2024/SP/DEBATE/GLOBO - POLÍTICA - Os candidatos a prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) (e) e Ricardo Nunes (MDB)(d) aguardam o início do debate na sede da TV Globo, na zona sul de São Paulo, na noite desta sexta-feira, 25 de outubro de 2024. 25/10/2024 - Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO
    Boulos e Nunes puderam se deslocar pelo cenário do debate promovido pela TV Globo • 25/10/2024 – Taba Benedicto/Estadão Conteúdo

    Aumento de pena

    Na primeira pergunta do primeiro bloco, Nunes questionou Boulos sobre por que ele não foi favorável ao projeto de aumento de pena para criminosos na Câmara — o candidato do PSOL é deputado federal.

    Boulos disse que não votou porque não estava na sessão por ter ido a reunião com o governo federal. “Não foi só nesse que não votei, não votei em outros na mesma sessão. Nesse momento, eu estava numa reunião no Palácio do Planalto com o presidente Lula. O esclarecimento já foi dado”, disse o candidato do PSOL.

    Posteriormente, Boulos mudou de assunto e citou que se mudou do centro, onde nasceu, para o Campo Limpo, na zona sul, “por uma escolha de vida” e para aprender mais com a população. Em sua opinião, as pessoas querem mudança e que está preparado para governar a cidade.

    Nunes lamentou Boulos não ter respondido sua pergunta sobre o aumento de pena e disse “ser lamentável uma situação dessa”.

    Privatizações

    Na sequência, o candidato do PSOL questionou o prefeito sobre a privatização dos cemitérios e perguntou quanto custava para fazer uma oração numa capela dos locais. Ainda citou a Enel e a Sabesp, como exemplo — negativos, para ele — de serviços concedidos à iniciativa privada.

    Sobre o serviço funerário, o prefeito afirmou ser um dos piores da cidade enquanto era estatal. Ainda declarou que a tabela de preços da concessão é de 2019 e que todos que estão no CadÚnico têm atendimento gratuito e que há desconto de 25% para outras pessoas de baixa renda. Já em relação à privatização da Sabesp, afirmou ser fundamental para universalizar o saneamento básico na cidade.

    Boulos voltou a perguntar sobre a oração numa capela e disse custar R$ 580. “Teve um caso inclusive lá em São Miguel de uma família que teve que fazer a oração de corpo presente na calçada do cemitério”, disse. E questionou Nunes se ele tinha se arrependido por optar pela privatização.

    Para o prefeito, a concessão “é importante” e tem “um contrato rígido”. Ele ainda citou a privatização do Anhembi, “que gera emprego e renda”, e também a do Parque do Ibirapuera, afirmando que a prefeitura “não gasta nada” e ainda continua público.

    “É assim que precisa governar, enxugando a máquina”, disse Nunes.

    Câmeras

    O tema abordado por Nunes na sequência foi o SmartSampa, e disse que o PSOL foi contrário ao sistema de câmeras na cidade. “Eu fiz o Smart Sampa, que é essa colocação das câmeras para combater a criminalidade. O PSOL entrou com ação judicial contra. Se você ganhar a eleição, você vai acabar com o Smart Sampa?”.

    O candidato do PSOL disse que não apenas seu partido foi contrário, mas também o Ministério Público pelo programa ter problemas. “O Ministério Público barrou isso, e depois quando você corrigiu, fez as coisas direitinho como deveria ter feito desde o começo, foi liberado”. Boulos disse que, se eleito, pretende ampliar o programa.

    Liberação de drogas

    Questionado por Nunes se era favorável à liberação de drogas, Boulos disse que diferencia traficante de usuário. “Os traficantes são caso de polícia e os usuários não deveriam ser presos, mas, sim, tratados”, defendeu o candidato do PSOL.

    O prefeito disse querer defender “o que está previsto na lei” e que Boulos sempre defendeu o aborto, a descriminalização de drogas e o fim da Polícia Militar. “Eu fico impressionado” e “quem tem duas caras é você”, disse Boulos, após ser questionado por Nunes por mudar seus posicionamentos no período eleitoral.

    Pandemia

    A Covid-19 e a vacinação também foram tema do debate. Boulos trouxe uma fala de Nunes, em que ele teria dito que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria feito tudo certo na pandemia.

    O prefeito, por sua vez, afirmou que a cidade de São Paulo se tornou a “capital mundial da vacinação”. E, que, neste ano, faltou a vacina contra a dengue, “que esse governo não mandou”, em referência à gestão Lula, aliada de Boulos.

    Boulos insistiu no tema e disse que subiria em sua rede social um vídeo em que Nunes falava sobre Bolsonaro na pandemia. Já o prefeito, afirmou que a vacina que ambos tomaram foi comprada pelo ex-presidente.

    Os candidatos Ricardo Nunes (à esquerda) e Guilherme Boulos participam do último debate para a Prefeitura de São Paulo
    Nunes (à esquerda) e Boulos se encontraram pela última vez antes do segundo turno, que acontece no domingo (27) • 25/10/2024 – Bob Paulino/TV Globo

    Saúde

    No segundo o bloco, os candidatos deveriam escolher o tema para questionar o adversário. Boulos optou por saúde e perguntou a Nunes qual era o dinheiro disponível para a área nas contas da prefeitura.

    “Não existe essa conta da forma que você coloca hoje”, respondeu o atual prefeito. “Nós temos hoje a Prefeitura de São Paulo com caixa saudável. Tudo que a gente tem está empenhado ou comprometido para os pagamentos. O saldo hoje deve estar em torno de R$ 22 bilhões. Não quer dizer que está com dinheiro livre”.

    Trabalho

    Ainda no segundo bloco, Nunes optou pelo tema trabalho para dialogar com Boulos, mas os candidatos acabaram falando sobre educação, focando na construção de unidades de Centro de Educação Unificado (CEU).

    Boulos disse que o atual prefeito não fez nenhum. Nunes respondeu falando que “há 12 em obras”. “E, anteontem, soltei a licitação de mais seis CEUs, inclusive ali na Pedreira (bairro da zona sul). Não são só os 12 que a gente falou: serão 16, contando os que já estão em obras, já concluindo ou com obras contratadas”, disse.

    Na sequência, Boulos relembrou o apoio que recebeu da candidata derrotada Tabata Amaral (PSB) e falou sobre a proposta incorporada de criar o “Jovem Empreendedor”.

    Direito de resposta de Nunes

    Boulos, fechando o segundo bloco, indagou diretamente a Nunes – ainda que ele não tivesse mais tempo para administrar – sobre suspeitas de corrupção em sua gestão.

    “Por que a sua gestão superfaturou até garrafinha d’água no Carnaval? Você vir aqui falar que é contra a corrupção? Pelo amor de Deus”, disse.

    A fala final de Boulos gerou direito de resposta a Nunes. “Guilherme Boulos foi condenado 32 vezes só agora no segundo turno da eleição”, disse, se referindo a direitos de resposta.

    “Máfia das creches”

    Na abertura do terceiro bloco, Boulos questionou o prefeito sobre o inquérito da “máfia das creches” e sobre ele ter supostamente recebido dois cheques por serviços prestados por sua empresa de dedetização. Mas os valores teriam ido para sua conta pessoal, e não a da companhia.

    Nunes disse que Boulos estava mentindo e que o candidato do PSOL já havia sido condenado pela Justiça Eleitoral por falar sobre o tema. O atual prefeito ainda citou que nunca teve nenhum indiciamento ou condenação.

    Abertura de sigilo

    Como já havia feito nos dois debates anteriores, Boulos voltou a pedir para que Nunes abrisse seu sigilo bancário “para o povo de São Paulo”. O prefeito disse, mais uma vez, que tem sua vida “absolutamente limpa”.

    Na mesma interação, Boulos provocou Nunes por ele ter sido advertido por usar o celular no debate — proibido pelas regras — e afirmou que ele é “uma criança que não sabe andar de bicicleta sem rodinhas”. Uma das rodinhas, segundo o candidato do PSOL, seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a outra, Bolsonaro.

    MTST

    No debate, Nunes leu um documento sobre a época em que Boulos atuava no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), citando a ocasião em que foi levado a uma delegacia por ter participado de um ataque contra a Polícia Militar.

    “Esse caso aqui que ele citou que eu fui levado para a delegacia, sabe por que foi? Porque eu estava defendendo famílias sem teto em São Mateus, na zona leste, que estavam sendo despejadas e perdendo tudo. O Ricardo talvez não saiba o que é isso”, declarou Boulos.

    Ainda foi citado pelo prefeito um caso em que o candidato do PSOL teria depredado a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista, em 2016. Boulos, por sua vez, negou que tenha atacado o prédio. Ele ainda afirmou que extremista seria Nunes por andar com Bolsonaro e por ter dado tiro em “porta de boate”, um caso que aconteceu nos anos 1990.

    Já o prefeito, disse que na ocasião da boate, apenas foi separar uma briga que envolvia um amigo. “Não dei tiro em ninguém, não existe, o que eu fiz foi uma confusão que teve lá entre um amigo meu chamado Márcio que eu fui lá separar, foi só isso e mais nada”, disse Nunes.

    Cunhado de Marcola, do PCC

    O candidato do PSOL disse que Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria de Obras da prefeitura, cresceu durante a gestão de Nunes. A irmã de Olivatto, morta em 2002, foi casada com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC.

    Nunes, por sua vez, disse que Boulos foi condenado por ter falado sobre o caso em seu programa eleitoral. Ainda afirmou que Olivatto entrou concursado na prefeitura em 1988 e que a irmã dele morreu há 22 anos.

    Arcabouço fiscal

    O prefeito questionou por que Boulos, enquanto deputado federal, votou contra o arcabouço fiscal — o teto de gastos do governo federal. E também mencionou a renegociação da dívida da cidade com a União.

    Na resposta, o candidato do PSOL ironizou o adversário. “Vocês entenderam? Ele falou que quer falar da cidade e perguntou de uma votação minha como deputado federal. Eu acho que o marqueteiro não treinou bem essa”.

    Nunes, depois, disse ter recuperado “a saúde financeira” da cidade. “Resolvi a questão da dívida”, disse. “Nós tínhamos uma dívida de R$ 25 bilhões, a cidade de São Paulo pagava R$ 280 milhões por mês. Eu fiz um acordo com o governo federal, assinamos em dezembro de 2021 com presidente Jair Bolsonaro e resolvemos essa dívida”, disse Nunes.

    Já Boulos afirmou que o prefeito “fez uma venda de patrimônio, do Campo de Marte para a União” e que quem resolveu a dívida foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de quem Nunes “fala tão mal”. “Renegociou com a União e reduziu a dívida de R$ 79 bilhões para R$ 32 bilhões”, prosseguiu Boulos, falando sobre Haddad.

    Direito de resposta de Boulos

    Boulos conseguiu um direito de resposta após ter sido chamado de “criminoso” pelo prefeito. Durante sua fala, voltou a acusar o prefeito de envolvimento com o “cunhado do Marcola” do PCC.

    Ele também falou sobre responsabilidade fiscal, afirmando que o secretário da Fazenda em um eventual governo seu seria uma pessoa que teria compromisso com as contas públicas.

    Moradia

    No quarto bloco, os candidatos voltaram a ter escolher temas específicos para questionar o adversário. Nunes optou por moradia, citando um programa habitacional de seu governo. Boulos respondeu que ele fora iniciado por seu antecessor, o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) — de quem Nunes era vice.

    O candidato do PSOL, então, perguntou “por que a população de rua mais do que dobrou em seu governo”. Nunes, em resposta, chamou Boulos de “desinformado”. O atual prefeito ainda disse que a prefeitura “agiu muito” para conter o aumento de pessoas na rua devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.

    Mobilidade

    Iniciando a discussão sobre mobilidade urbana, Boulos questionou Nunes sobre porque ainda não fez a Ponte Graúna-Gaivotas, na zona sul.

    Nunes, em resposta, citou que o projeto da ponte só dependia de uma licença ambiental para ter as obras tocadas – o que, agora, saiu.

    O atual prefeito questionou se Boulos acabaria com o subsídio ao transporte público — o que ele negou — e defendeu sua gestão no aspecto da tarifa nos ônibus. “Se não fosse o subsídio, a gente não teria a tarifa como ela está hoje (congelada), e sim a R$ 11,20”, disse Nunes.

    O candidato do PSOL, se dirigindo ao eleitor, disse que Nunes vive na “Ricardolândia” ao falar sobre sua gestão. “O que ele não fez, ele diz que está fazendo — o que não está. É uma coisa grave”, afirmou Boulos.

    Considerações finais

    Nunes foi o primeiro a se despedir do público e mencionou Tarcísio, que o acompanhou ao debate, o que ele disse ser uma “honra” e citando que a parceria entre os dois seria um “caminho seguro”.

    O atual prefeito, então, relembrou sua história de vida, dizendo que veio da periferia e que sabe o que é empreender. Ele ainda falou que, “hoje, a cidade de São Paulo está com as suas finanças em dia”. “A gente tem muita coisa para fazer. Muita coisa. Mas eu estou com muita energia e muita vontade de continuar esses quatro anos para a gente poder avançar. A experiência faz a diferença”.

    Já Boulos disse que a campanha de seu adversário quer que o eleitorado “tenha medo”. “Eu sei que a maioria de São Paulo quer mudança. Mas eu vejo que alguns de vocês ainda ficam inseguros”.

    O candidato do PSOL falou que quer dar “tranquilidade” para os eleitores, dizendo que se preparou “para governar nossa cidade”. “Juntei um time extremamente qualificado, gente que passou por governos de diferentes partidos. A mudança que São Paulo precisa é aqui. O outro lado é deixar como está, ou piorar”, disse. “Eu estou pedindo para você, humildemente, olhando no seu olho, uma chance. Para poder melhorar São Paulo, fazer uma cidade mais humana, mais inovadora, mais justa, para todo mundo. Eu e a Marta vamos governar para todos”.

    Apuração

    segundo turno acontece no domingo (27). Você poderá acompanhar a apuração pelo site da CNN, inclusive em uma página específica para a cidade.

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