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    Nunes é alvo principal e Boulos reage a ataques de Tabata e de Marçal “moderado” no debate da Globo

    Cinco candidatos participaram do encontro promovido pela TV Globo na noite de quinta-feira (3)

    Henrique Sales BarrosDouglas PortoMuriel Porfiroda CNN , São Paulo

    O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, transmitido pela TV Globo na noite desta quinta-feira (3), foi marcado por críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), alvo central dos demais candidatos presentes.

    Apesar do início moderado, nos primeiros blocos, o clima esquentou depois com trocas de acusações, especialmente entre Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB), que discutiram temas como extremismo, o legado do governo João Doria e questões de gênero. Tabata Amaral (PSB) também entrou no confronto ao criticar diretamente Boulos, que respondeu criticando o “tom” da deputada.

    O empresário Pablo Marçal surpreendeu ao adotar uma postura mais ponderada em relação a seu comportamento nos debates anteriores, buscando transmitir uma imagem mais equilibrada ao eleitor paulistano.

    Também participaram do debate, promovido pela TV Globo nesta quinta-feira (3), os candidatos Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).

    “Lobo” e “extremista”

    Boulos disse ter achado “muito esquisito esse perfil que o Marçal adotou hoje”. “Ele tumultuou a eleição inteira, agrediu. O lobo em pele de cordeiro”.

    A manifestação do candidato do PSOL foi feita na última interação do terceiro bloco, quando Boulos só tinha Marçal como opção para perguntar. Pouco antes, Marçal havia chamado Boulos de “extremista”. Para o candidato do PSOL, “o Marçal acusar alguém de extremista é igual a Suzane Von Richthofen acusar alguém de assassinato”, em referência à mulher que tramou o assassinato dos pais em 2003.

    Um pouco antes, no início do terceiro bloco, Boulos havia sido criticado por Tabata, que, assim como no debate da TV Record, questionou a respeito de mudanças de posicionamento do candidato e divergências com o que pensa o partido dele, o PSOL. “Quem é que vai prevalecer? É o Boulos dos marqueteiros ou é o Boulos do PSOL?”

    O candidato do PSOL disse lamentar que Tabata trouxesse “questões tão importantes nesse tom”.

    Depois, ao interagir com Datena, foi quando Marçal disse que Boulos é “extremista”. “Ele que é pró-aborto. O Boulos destruiu o Hino Nacional esse ano, fazendo ele com linguagem neutra, falando ‘des filhes deste soles mãe gentil’. Ou seja, o extremismo não pode governar São Paulo”.

    Nunes x Boulos

    O quarto bloco começou com Boulos dizendo que Nunes tem uma “gama de denúncias” por falta de transparência. “Eu queria que você explicasse”, disse o candidato do PSOL ao atual prefeito.

    Nunes reagiu dizendo que “quem tem a digital, a caneta em apoio a qualquer tipo de corrupção” era Boulos, citando o relatório dele contra a cassação do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG), suspeito por “rachadinha”. “Não tenho nenhum indiciamento contra mim, não tenho nenhuma condenação contra mim. Diferente de você. Não queira enganar as pessoas”, também citando as críticas de Tabata a respeito dos posicionamentos de Boulos. “Cara, é feio isso. As pessoas veem que você está querendo mudar e enganar as pessoas”.

    Boulos, então, disse que Nunes “mente e nem fica vermelho”. “Tem coisa que ele está falando que nem precisa desmentir. Rachadinha pra mim é crime, independente de ser Janones, Flávio Bolsonaro (senador, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Nunes)”.

    Críticas

    Na primeira pergunta do debate, Nunes escolheu questionar Datena a respeito de impostos. O tucano respondeu criticando a atual gestão na prefeitura. Em sua réplica, Nunes ignorou as falas do oponente e disse que “a redução de impostos possibilitou a vinda de muitas empresas para cá”.

    “Não criei nenhuma taxa”, disse o prefeito. “Qual foi o resultado? Só de 2021 até junho deste ano, 57 mil empresas que estavam em outros estados e municípios vieram para São Paulo”.

    Nunes, na sequência, foi escolhido por Tabata para responder uma pergunta sobre problemas da cidade. Nunes respondeu que “é muito fácil ficar só criticando”. “Seis anos de mandato e pouco vimos ajuda sua para São Paulo”, disse o atual prefeito. Tabata respondeu que “esse prefeito é pequeno demais”. Nunes, em sua tréplica, falou que ela “não precisava ofender”.

    No segundo bloco, quando Marçal escolheu Nunes para ser questionado a respeito de educação, o candidato à reeleição disse que, em 2019, Marçal teria prometido fazer centenas de casas na África. “Se não conseguiu fazer lá na África, como vai colocar algo de concreto na nossa cidade? É uma reflexão”.

    A manifestação de Nunes foi feita na tréplica e o candidato do PRTB não pôde fazer comentários a respeito.

    Novos confrontos

    Marçal e Boulos voltaram a se atacar diretamente no quarto bloco. O candidato do PRTB perguntou, em caso de invasão de território, qual seria o posicionamento de Boulos, se ficaria ao lado do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ou da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

    “Eu tenho o maior orgulho de ter integrado o MST. Deu casa para mais de 15 mil famílias. Eu não fiz esquema enganado as pessoas como você fez na África. a gente garantiu casa”, disse Boulos.

    Marçal disse que, se o eleitorado “quer uma cidade segura, como vai votar no PSOL?” “Não realize o sonho do Guilherme. Não vai ter segundo turno em São Paulo. Nós vamos construir casa”.

    Boulos, então, lembrou que Marçal, ao longo da campanha, tentou associá-lo ao uso de droga. “Tentou fazer isso no debate passado usando minha passagem na adolescência de depressão e tentando associar isso ao uso de droga”, comentou Boulos. “É um lobo em pele de cordeiro. Mas, para encerrar de uma vez por todas, eu sou pai de duas filhas. Fiz o exame toxicológico, vai subir agora na minha rede social. Faça o seu, faça o psicotécnico também”.

    Marçal x Nunes e Tabata

    O candidato do PRTB voltou a lembrar o boletim de ocorrência da esposa de Nunes contra ele em duas oportunidades ao longo do debate.

    O atual prefeito nega as acusações e disse, no debate, que foi “covarde” o que Marçal fez. “Eu sou casado há 27 anos, Amo minha esposa, tenho três filhos e um neto. Tive um problema no passado com a minha esposa, ficamos separados por meses, mas o nosso amor, graças a Deus, está bem. Estamos casados, estamos felizes. Leiam o B.O. [boletim de ocorrência]. Não teve nada de agressão física. Tivemos uma discussão por telefone e por mensagem. É injusto o que ele fala”.

    Sobre a candidata do PSB, disse que ela tem síndrome de Ciro Gomes (PDT), “de ganhar de todo mundo”. “Mas não vai ter segundo turno em São Paulo”.

    Pouco antes, Tabata havia dito que a imobilização na mão direita de Marçal seria fajuta, um “gesso cenográfico”. “Espero ela nunca ser agredida como fui agredido em rede nacional”.

    Citação a Lula e Tarcísio

    Na sequência, os candidatos utilizaram seus espaços para dialogar diretamente com o eleitorado, em sua última oportunidade de exposição na televisão antes de domingo.

    Boulos, por exemplo, mencionou no debate sua candidata a vice, a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (PT), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem disse que terá apoio para empreender ações na área da saúde. “Eu juntei um time muito qualificado para revolucionar a saúde em São Paulo”, disse. “Chamei a Marta, dos CEUs [Centro de Educação Unificado] e Bilhete Único, para ser minha vice”.

    Nunes não chegou a citar no debate o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus apoiadores.

    Marçal, no final do quarto bloco, quando respondia uma pergunta de Nunes, mandou um “abraço para o Tarcísio”, e disse que iria governar junto com o governador paulista.

    Votação

    Agora, os eleitores paulistanos irão às urnas no próximo domingo para escolher quem será o próximo prefeito da capital paulista.

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