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    Boulos diz à CNN que vai dobrar efetivo da GCM e manter guardas armados em SP

    Candidato à Prefeitura de São Paulo enfatizou proposta para segurança pública e detalhou projetos em temas como habitação e mobilidade urbana

    Aline Fernandescolaboração para a CNN , São Paulo

    O deputado federal e candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, afirmou que, caso seja eleito, vai dobrar o número de integrantes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e que o efetivo vai continuar trabalhando armado.

    A declaração foi feita nesta terça-feira (20) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Clarissa Oliveira e Pedro Venceslau.

    “Guarda Civil Metropolitana em São Paulo, já há muito tempo, é armada e será no meu governo”, disse Boulos.

    O candidato ainda afirmou que vai duplicar o efetivo “porque ele está defasado”. O representante do PSOL defendeu o uso das câmeras corporais pelos policiais militares. “Vamos implantar”, segundo ele.

    Para Boulos, o problema da segurança pública deve ser tratado em conjunto pelas três esferas do poder público.

    “Ganhando a eleição, em janeiro do ano que vem, eu vou chamar o Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], o Lula, o ministro [Ricardo] Lewandowski [que comanda a pasta da Justiça e Segurança Pública] pra gente conversar”, disse o candidato.

    Moradia popular

    O candidato lembrou a trajetória em movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Ele afirmou que, caso vença a eleição, a questão da moradia será tratada como prioridade. Segundo Boulos, sua gestão será marcada pela menor quantidade de ocupações em São Paulo.

    “Em casos de ocupações, a prefeitura, quando é acionada uma ocupação de um prédio público, ela tem que atuar. Agora, sabe quando tem ocupação? E aqui eu quero assumir um compromisso com vocês que estão nos assistindo na CNN. Meu governo vai ser o governo com menos ocupações da história de São Paulo. Sabe por quê? Porque existe ocupação quando não tem política pública de moradia. É isso. Estou falando de ocupação organizada de movimento social”, disse ele.

    Boulos afirmou que irá apoiar uma renovação das leis que tratam da revitalização de prédios antigos para disponibilização como moradia popular.

    “Você tem que ter pra ‘retrofit’ uma legislação específica que flexibilize [a reforma dos edifícios]. Muitas vezes, você trava nessa legislação”, afirmou.

    Mobilidade urbana

    O candidato falou ainda sobre um dos principais eixos do programa de governo dele, que é a redução da necessidade de deslocamentos entre os bairros da capital paulista.

    Para o representante do PSOL, São Paulo pode se tornar uma das chamadas “cidades de 15 minutos”, como Paris (França), Melbourne (Austrália) e Xangai (China).

    “É um projeto urbano de reduzir as distâncias entre o local de moradia das pessoas e o local de trabalho, o local de moradia e os serviços públicos e privados, levando oportunidade onde hoje não tem”, afirmou.

    Educação

    Segundo o candidato do PSOL, a proposta na área da educação pública é de aumento salarial para professores e demais funcionários.

    Boulos disse que vai “garantir que a rede parceira e a rede direta tenham condições iguais de valorização não só das professoras, a maioria, 90%, mulheres, mas também dos grupos de apoio, das merendeiras, das auxiliares, que todas elas tenham uma valorização salarial”.

    Cracolândia

    O candidato falou ainda da situação da dependência química em locais como a Cracolândia, no centro de São Paulo.

    “Não podemos deixar a droga chegar lá, temos que combater o tráfico”, disse ele, que defendeu a proposta da implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Móveis.

    “Pensa bem, você acha que um dependente químico vai pegar uma senha, marcar uma consulta, esperar três semanas pra ser atendido? Não existe. Você tem que levar o serviço de saúde até ele. Nós vamos levar psiquiatra, vamos levar assistente social, vamos levar psicólogo pra atuar ali e levar essas pessoas pro tratamento”, segundo Boulos.

    Já a respeito do tema da internação compulsória dos dependentes, ele afirmou que essa não é uma decisão política, mas médica.

    “Quem tem que tomar a decisão sobre forma de tratamento, é o médico, é o psiquiatra”, disse o candidato do PSOL.

    Propaganda antecipada com Lula

    Boulos comentou ainda o pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) de cassação do seu registro por abuso de poder político e econômico. A Justiça negou a liminar pedida pelo MPE.

    O pedido ocorreu após um evento realizado em maio deste ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para o então pré-candidato.

    “É absolutamente desproporcional, porque o presidente Lula pediu voto pra mim antes de iniciar a campanha, se falar em cassação de registro. O juiz indeferiu a liminar de pronto. É importante a gente deixar isso bem estabelecido e bem claro aqui”, argumentou Boulos.

    Janones

    Como deputado federal, Boulos foi o relator no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados do processo de cassação do parlamentar André Janones (Avante-MG), acusado pela prática de “rachadinha” — como é chamado o repasse de parte dos salários de funcionários para um parlamentar. Boulos defendeu o arquivamento do processo.

    Boulos alegou coerência no tratamento de casos semelhantes e afirmou que o episódio foi uma tentativa do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, de atacá-lo.

    “Era uma tentativa do PL, do partido do Bolsonaro, de promover um linchamento, usando dois pesos e duas medidas”, disse o candidato.

    Ainda segundo Boulos, “os deputados que quebraram tudo no 8 de janeiro, que estimularam, que gravaram vídeo na rede social apoiando ato golpista não foram sequer julgados pelo Conselho de Ética sob o argumento de que isso aconteceu antes da atual legislatura, foi 15 dias antes. O fato do qual Janones é julgado aconteceu, no mínimo, três anos antes da atual legislatura. Então, você não pode ter um critério pra um e um critério pra outro caso porque é de campo político diferente”.

    Eleições na Venezuela

    Sobre a eleição na Venezuela, o candidato do PSOL disse: “Há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela. Se permanecer um presidente que foi eleito numa eleição sem transparência, ele não é legítimo”.

    Boulos afirmou que é um defensor da “democracia onde quer que seja, no Brasil, na Venezuela, em qualquer canto”.

    Ele não quis comentar a nota da Executiva Nacional do PT, partido do presidente Lula, reconhecendo a vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

    “Não seria razoável eu comentar a nota de um partido que não é o meu. Eu posso comentar a nota do PSOL, que foi em sintonia com a diplomacia brasileira, deixando claro a exigência de transparência, de apresentação das atas”, disse Boulos.

    Participação em protestos

    O candidato negou ter participado dos protestos no Brasil contra a Copa do Mundo FIFA de 2014, conhecidos como “Não vai ter Copa”, ou “Fifa go Home”.

    “O movimento de que eu e o Movimento [dos Trabalhadores] Sem-Teto participamos, que aliás [se] chamava “Copa Sem Povo, Tô na Rua de Novo”, era um movimento contra as reintegrações de posse e despejos resultantes de obras da Copa do Mundo e que exigia moradias. Não era contra a Copa do Mundo”, reforçou Boulos.

    Sobre a presença em atos como aquele que resultou na depredação da fachada da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na Avenida Paulista, em 2016, o representante do PSOL sugeriu que o comportamento não faz mais parte da sua atuação.

    “Quando você está no movimento social, você está ali com pessoas que muitas vezes nunca foram vistas, nunca foram escutadas, ‘invisibilizadas’. E o seu dever como liderança é defender essas pessoas e dar voz para essas pessoas com unhas e dentes. Foi assim que eu fiz quando eu estava no movimento social, hoje eu não estou mais. Hoje eu sou deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo”, disse.

    Controvérsia com Marçal

    Já quando questionado sobre o episódio de embate em debate anterior contra o candidato do PRTB, Pablo Marçal, Boulos disse que “ninguém tem sangue de barata”.

    “Eu dou aula há mais de 20 anos, chega um cidadão que ninguém sabe exatamente como vive, de onde vem seu dinheiro e seu sustento, e fica esfregando uma carteira de trabalho na sua cara. O que você faria no meu lugar? Não é fácil, ninguém tem sangue de barata”, afirmou.

    Entrevistas com candidatos

    Boulos foi o segundo convidado de uma série de entrevistas promovidas pela CNN com os candidatos à Prefeitura de São Paulo.

    As entrevistas são transmitidas primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h.

    Participam das transmissões os seis primeiros colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.

    No dia anterior (19), o entrevistado foi o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

    Os próximos convidados serão entrevistados na seguinte ordem:

    • Quarta-feira (21) – José Luiz Datena (PSDB)
    • Quinta-feira (22) – Marina Helena (Novo)
    • Sexta-feira (23) – Tabata Amaral (PSB)
    • Segunda-feira (26) – Pablo Marçal (PRTB)

    Quem é Guilherme Boulos, candidato a prefeito de São Paulo

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