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    Abstenção supera votação tanto de Nunes quanto de Boulos em SP

    Mais de 2,5 milhões de eleitores deixaram de votar na cidade de São Paulo neste domingo; Ricardo Nunes teve 1,8 milhão de votos e Guilherme Boulos, 1,7 milhão

    Teo Curyda CNN , em Brasília

    O número de eleitores que deixaram de votar na cidade de São Paulo nas eleições deste domingo, mais de 2,5 milhões, foi maior do que a votação obtida pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL). Nunes teve 1,8 milhão e Boulos, 1,7 milhão.

    A taxa de abstenção na cidade no primeiro turno foi de 27,34%. Números acima da média nacional. Em todo o país, cerca de 33,8 milhões de eleitores (21,71%) deixaram de exercer o direito de voto.

    A quantidade de eleitores que se abstiveram de votar na capital paulista neste domingo perde apenas para a registrada nas eleições de 2020, quando 2,6 milhões não votaram, o equivalente a 29,29%. O pleito daquele ano aconteceu no ápice da pandemia do novo coronavírus.

    Em 2016, a taxa de abstenção foi de 21,84%, com cerca de 1,9 milhão de eleitores desistindo de votar. Em 2012, 1,5 milhão de paulistanos deixaram de ir às urnas escolher um candidato, o equivalente a 18,48%.

    O advogado eleitoral Fernando Neisser diz que nenhuma hipótese sozinha explica a alta taxa de abstenção, mas uma conjunção de fatores. Neisser afirma que não se trata de um fenômeno brasileiro, mas de um movimento observado em diversos países.

    Ao analisar a situação específica da cidade de São Paulo, o advogado diz que o debate muito acirrado costuma afastar eleitores não engajados. “A radicalização e a redução do nível do debate político têm como efeito animar tropas que têm alto grau de engajamento e, ao mesmo tempo, desanimar de participar do processo as pessoas que não querem participar”, afirma.

    A ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse neste domingo (6) que o índice de abstenção que “continua sendo alto para os nossos padrões” e que “tudo haverá de ser estudado” pela Justiça Eleitoral.

    Neisser acredita não haver fórmula mágica e nem solução rápida para a alta taxa de abstenção. “As pessoas precisam ganhar confiança no processo político, elas estão desalentadas, o eleitor não vota porque acha que não vai ter efeito nenhum. Isso é resultado de uma construção de décadas de escândalos, brigas políticas que não levam a lugar nenhum e oferta de serviços públicos sem qualidade”, diz.

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