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    Wall Street tem um problema de US$ 9 trilhões para resolver

    Investidores estão preocupados com a possibilidade de o Fed, observando dados promissores e o aumento da inflação, agir muito cedo para reverter seus estímulos

    Foto: REUTERS/Andrew Kelly.

    Julia Horowitz, do CNN Business*

    Os bancos centrais foram os super-heróis da fase inicial da pandemia, tomando medidas dramáticas para salvar a economia e os mercados financeiros da ruína. Agora, à medida em que a recuperação começa a funcionar, eles se tornaram um grande risco para os investidores.

    O que está acontecendo: a última leitura do Índice Back-to-Normal do CNN Business mostra que a recuperação da economia dos EUA está 90% concluída.

    Mas os investidores estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de o Federal Reserve, observando dados tão promissores e o aumento da inflação, cometer um erro prejudicial, como agir muito cedo para reverter níveis sem precedentes de apoio, ou ignorar os problemas crescentes até que seja tarde demais.

    Em uma pesquisa do Deutsche Bank com 620 profissionais do mercado publicada esta semana, 39% dos entrevistados listaram um “erro de política do Banco Central” como um dos três principais riscos para a estabilidade do mercado, ante 21% no mês anterior.

    Temores semelhantes são refletidos na pesquisa com gestores de fundos globais publicada pelo Bank of America na semana passada. O risco número dois, por trás da inflação, é um “ataque de raiva”, referindo-se a um cenário em que os BCs abrandam as compras de títulos, aumentando os rendimentos e provocando pânico nos mercados.

    Quadro geral: os investidores ficaram viciados em dinheiro fácil de entidades como o Fed, cuja decisão de reduzir as taxas de juros ao fundo do poço e comprar centenas de bilhões de dólares em títulos alimentou a rápida recuperação do mercado após o choque inicial do coronavírus.

    Mas essas políticas também conferiram aos bancos centrais um grande poder de ditar os resultados do mercado, tornando mais difícil para eles avançarem na linha.

    O balanço do Fed aumentou para US$ 7,4 trilhões no ano passado, o nível mais alto já registrado, de acordo com um novo relatório do Federal Reserve Bank de Nova York. Em 2023, pode crescer para US$ 9 trilhões, projeta. Isso é quase tanto quanto o PIB anual combinado do Japão e da Alemanha, e significa que os legisladores não podem se dar ao luxo de cometer um erro.

    Depois de um longo padrão de espera, os bancos centrais estão “acordando” para o risco de um “consequente acidente financeiro”, escreveu Mohamed El-Erian, consultor da Allianz e Gramercy, em um artigo de opinião para o Financial Times. Mas eles estão em uma posição difícil, acrescentou.

    Por enquanto, o Fed continua mantendo firme sua posição de que está monitorando os riscos, mas não pretende tomar medidas de curto prazo, mesmo com a alta dos preços.

    “Há razões pelas quais devemos ver níveis de preços mais altos hoje”, disse o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, na segunda-feira (24). “A questão é quão duradouro será. No momento, não estou vendo que será duradouro.”

    O Banco Central Europeu parece um pouco mais cauteloso. Na semana passada, o relatório alertou que, embora “a economia ainda dependa de políticas de apoio para evitar desemprego generalizado, insolvências corporativas e contração econômica”, os mercados financeiros “exibiram uma exuberância notável”.
    El-Erian acha que os investidores “deveriam encorajar o Fed a pivotar, em vez de apenas focar na alegria contínua de surfar na onda de liquidez”. Mas, no momento de romper um vício, é mais fácil de falar do que fazer, mesmo que o potencial para complicações negativas se acumule.

    *Texto traduzido, clique aqui para ler o original