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    UE quer que milhões de autônomos recebam férias remuneradas e salário mínimo

    Se aprovado, novo projeto de legislação pode forçar empresas de transporte e entrega, como Uber, a reclassificar motoristas como funcionários

    Regras podem afetar entre 1,7 e 4,1 milhões de pessoas
    Regras podem afetar entre 1,7 e 4,1 milhões de pessoas .

    Anna Coobando CNN Business*

    Até quatro milhões de trabalhadores da economia “gig” da Europa podem se tornar empregados se um novo projeto de legislação da União Europeia se tornar lei.

    Nesta quinta-feira (9), a Comissão Europeia propôs novas regras para “plataformas digitais” que podem forçar empresas de transporte e entrega, como Uber e Deliveroo, a reclassificar seus motoristas contratados como funcionários. A Comissão estima que as regras podem afetar entre 1,7 e 4,1 milhões de pessoas.

    Se aprovadas, as propostas abririam multas de governos e pedidos de indenização de trabalhadores às empresas, e poderiam render até € 4 bilhões (US $ 4,5 bilhões) a cada ano em receitas fiscais adicionais para os estados membros da UE, estima a Comissão.

    “Devemos aproveitar ao máximo o potencial de criação de empregos das plataformas digitais”, disse Nicolas Schmit, Comissário da UE para Empregos e Direitos Sociais, em comunicado. “Mas também devemos ter certeza de que são empregos de qualidade, que não promovem a precariedade, para que as pessoas que trabalham neles tenham segurança e possam planejar seus futuros”.

    Os trabalhadores atualmente em status de autônomo serão, no futuro, tratados como empregados se quaisquer dois dos seguintes critérios forem atendidos: A empresa define o pagamento, emite regras sobre aparência e conduta, limita capacidade de escolher tarefas e horários de trabalho, supervisiona trabalham eletronicamente, impedindo-os de trabalhar para terceiros.

    E o ônus da prova caberia às empresas – e não aos trabalhadores – para mostrar que os critérios não foram atendidos.

    Na proposta, a Comissão disse que alguns trabalhadores tiveram “direitos trabalhistas e sociais, que viriam com o status de emprego, negados”, como os de receber o salário mínimo, ter férias remuneradas e participar de negociações coletivas.

    Os empregadores também teriam que dizer aos trabalhadores exatamente como suas plataformas digitais os monitoram e atribuem tarefas.

    As propostas assumem a forma de um projeto de diretiva, um ato legislativo que, uma vez aprovado pelos governos da UE e pelo Parlamento Europeu, é então promulgado nos Estados-Membros através da introdução de leis locais – um processo que pode demorar anos.

    Uber e Deliveroo recuam

    Os empregadores “gig” já enfrentaram desafios legais em vários países, incluindo Espanha e Reino Unido, sobre como classificam os trabalhadores. Em fevereiro, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que motoristas do Uber eram trabalhadores, não contratantes, e tinham direitos como férias pagas.

    O modelo de negócios do Uber contrasta fortemente com alguns aplicativos de entrega de 15 minutos em rápido crescimento, como o Gorillas, que empregam seus entregadores. A empresa alemã diz em site que foi “uma decisão muito deliberada ser um contra-modelo para a economia gig” e diz que seus contratados recebem seguro-saúde e férias pagas.

    Um porta-voz do Uber disse à CNN Business, em comunicado por e-mail, que a empresa estava “comprometida em melhorar as condições de trabalho para centenas de milhares de motoristas que confiam em nosso aplicativo para um trabalho flexível”.

    “Mas estamos preocupados que a proposta da Comissão tenha o efeito oposto – colocando em risco milhares de empregos, incapacitando pequenas empresas na esteira da pandemia e prejudicando serviços vitais dos quais os consumidores europeus dependem”, acrescentou o porta-voz.

    Um porta-voz da Deliveroo disse à CNN Business em comunicado que as propostas da UE “aumentarão a incerteza e serão melhores para os advogados do que para os trabalhadores autônomos da plataforma”, e que a empresa “se envolveria de forma construtiva com a UE e os estados membros para garantir que nossas preocupações e os melhores interesses dos motoristas sejam levados em consideração.”

    *(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês.)