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    Temor ao risco deve favorecer EUA e penalizar emergentes; como ficam os mercados com conflito no Oriente Médio

    Especialistas indicam também que os preços do petróleo só sairão do controle caso haja relevante impacto na oferta

    Da CNN* , São Paulo

    Na avaliação de especialistas consultados pela CNN, o principal impacto do conflito entre Israel e Hamas para os mercados mundo afora será a aversão ao risco.

    Com isso, economias estáveis, como a dos Estados Unidos, devem atrair investidores, enquanto as bolsas de países emergentes, como a brasileira, devem ser penalizadas.

    Economista-sênior da LCA Consultores, Thais Zara destaca que o capital voltado aos EUA, no entanto, deve se concentrar em títulos do Tesouro. Esse movimento, segundo a especialista, pode ser observado já nesta terça-feira (10) — já que na segunda-feira (9) o mercado esteve fechado, por conta de feriado.

    “A gente já observava um movimento muito forte de alta na taxa de juros dos títulos americanos na semana passada. O aumento da tensão gera busca por ativos menos arriscados. Neste caso, os próprios títulos norte-americanos, que vinham nesta tendência de aumento de taxas de juros, devem atrair”, diz.

    “Quando existe incerteza, a busca por ativos mais seguros normalmente penaliza ativos considerados mais arriscados — no caso, ativos de emergentes, como a bolsa brasileira e a moeda brasileira”, completa.

    Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira, indica ainda que, além do dólar, deve haver alta do ouro, “porque dólar e ouro são ativos que são seguros para o mundo”.

    “Bolsas devem sofrer com esse cenário de incertezas. E no Brasil não é diferente”, completa.

    José Claudio Securato, economista e CEO da Saint Paul Escola de Negócios, reitera a visão de que a tendência é negativa para a economia brasileira. Ele destaca que o conflito apenas reforça o cenário externo negativo para o Brasil. “

    A guerra segue acirrando um momento desafiador”, diz.

    Para o especialista, mundo afora a tendência é de que as economias sofram com este novo elemento, e que as taxas de juros permaneçam altas.

    “Apesar de estarmos em um ciclo de cortes no Brasil, o conflito compõe um cenário em que há dúvidas sobre até qual patamar vai a baixa”, aponta.

    E o petróleo?

    Os especialistas explicam que os preços do petróleo só sairão do controle caso haja um grande impacto na oferta do bem. Eles indicam que, caso o conflito no Oriente Médio não envolva novos atores, isso não deve ocorrer.

    O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do globo, fechou a sessão da segunda-feira com alta de 4,22%, negociado a US$ 88,15.

    O ex-presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Eberaldo Almeida, indica que a alta imediata dos preços são resultados de um movimento especulativo — que classifica como “natural”.

    “O preço do petróleo varia de acordo com os estoques. Se os estoques crescem, os preços tendem a cair. Se os estoques caem, os preços tendem a subir. No caso da guerra na Ucrânia, envolvendo a Rússia, era normal que houvesse perturbação”, aponta.

    “No caso de Israel e Palestina, se a guerra ficar setorizada, não vejo impacto nos preços do petróleo. O que a gente viu agora foi um movimento especulativo, o que é natural. Não envolvendo Egito, Irã, não escalando, a tendência é de que o preço, que subiu, rapidamente caia”, completa.

    Zara, da LCA Consultores, reitera a ideia de que, “sem grandes impactos na oferta do petróleo, não há motivos para grandes oscilações nos preços”.

    “Vai depender muito do quanto vai escalar este conflito. Depende de quem vai ser envolvido, quais os países que eventualmente entrarão. Depende de qual vai ser o impacto sobre a oferta”, diz.

    O movimento desta segunda-feira fez os papéis da Petrobras figurarem entre as maiores altas do pregão, com as ações preferenciais (PETR4) disparando 4,3%, enquanto as ordinárias (PETR3) subiram 4,1%.

    Para as ações da Petrobras, Almeida mantém linha de análise semelhante. Acredita que os ganhos da última sessão devem ser descontados à frente, caso não haja novos impactos sobre a oferta internacional.

    Veja também: Petróleo dispara com conflito no Oriente Médio

    *Publicado por Danilo Moliterno

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