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    Tema de redação do Enem, economia do cuidado anda a passos lentos na Câmara

    Última movimentação foi na última quarta-feira (8), quando a relatora do texto, deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), solicitou a retirada de pauta do projeto

    Economia do cuidado engloba atividades desempenhadas, de graça ou não, por pessoas que atendam as necessidades físicas ou psicológicas de terceiros
    Economia do cuidado engloba atividades desempenhadas, de graça ou não, por pessoas que atendam as necessidades físicas ou psicológicas de terceiros Foto: Pixabay

    Luciana AmaralMarcos Amorozoda CNN

    Brasília

    Tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último domingo (5), a chamada economia do cuidado anda a passos lentos na Câmara dos Deputados.

    Um projeto de lei apresentado pela deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), em 2019, ainda não teve a análise finalizada pela primeira comissão na Casa na qual vai passar. No caso, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.

    A última movimentação foi na última quarta-feira (8), quando a relatora do texto, deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), solicitou a retirada de pauta do projeto para que realize alguns ajustes a pedido da autora. A expectativa é que o relatório fique pronto na segunda-feira (13) e a matéria volte a ser discutida no dia 22.

    O projeto busca incluir a economia do cuidado no Sistema de Contas Nacionais, banco de informações usado pelo governo federal para medir o desenvolvimento econômico e social do país e para a definição e implementação de políticas públicas.

    Segundo o projeto, a inclusão da economia do cuidado no sistema servirá para o levantamento de dados e o fornecimento de elementos e subsídios de programas de promoção da igualdade de gênero, assim como favorecer a implementação de campanhas educativas e antidiscriminatórias sobre a participação das mulheres no mundo do trabalho.

    O projeto de Luizianne Lins (PT-CE) é uma reedição de outro projeto com a mesma temática proposto pela então deputada Ana Perugini (PT-SP), em 2017, que não chegou a ter a análise finalizada e acabou sendo arquivado.

    Os textos são bem semelhantes. Ambos buscam a inclusão da economia do cuidado no sistema de contas nacionais. Uma das dificuldades, porém, é a própria falta de produção de renda desse tipo de serviço.

    Na avaliação de Luizianne Lins, o projeto é importante não apenas para a economia brasileira, e sim também para a valorização da mulher “que não recebe remuneração direta para cuidar da casa e de seus familiares, mas cujo trabalho permite a formação de riqueza do país”.

    “Esta mulher deve ser vista como indivíduo que produz e contribui para o bem-estar da sociedade. A valorização deste tipo de trabalho produzido quase que exclusivamente por mulheres trará consequentemente a valorização feminina e ajudará na busca da igualdade entre homens e mulheres no Brasil”, escreveu na justificativa do texto.

    Os candidatos do Enem deste ano tiveram de escrever justamente sobre os “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. A segunda parte da prova acontece neste domingo (12).

    O que é a economia do cuidado

    Não existe um conceito único de economia do cuidado, uma vez que há diferentes perspectivas sobre o tema.

    No entanto, em linhas gerais, engloba atividades desempenhadas, de graça ou não, por pessoas que atendam as necessidades físicas ou psicológicas de terceiros, assim como a criação de crianças e adolescentes.

    Pelo projeto de lei da deputada Luizianne Lins, as atividades que constituem a economia do cuidado, são:

    • Organização, distribuição e supervisão de tarefas domésticas;
    • Preparação de alimentos;
    • Limpeza e manutenção da habitação e bens;
    • Limpeza e manutenção do vestuário;
    • Cuidado, formação e educação das crianças (inclusive translado ao colégio e ajuda no desenvolvimento de tarefas escolares);
    • O cuidado de anciões e enfermos;
    • Realização as compras, pagamentos e trâmites relacionados à casa;
    • Reparos no interior da casa;
    • Serviços para a comunidade e ajudas não remuneradas a outros lares de parentes, amigos e vizinhos.

    O texto ainda deixa em aberto a possibilidade de que sejam incluídas novas tarefas dentro deste arcabouço.