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    Subsídios do governo para combustíveis fósseis somaram R$ 81 bilhões em 2022, revela estudo

    Valor é cinco vezes maior do que incentivos voltados às energias renováveis

    Extração de petróleo em Midland, Texas
    Extração de petróleo em Midland, Texas REUTERS/Nick Oxford

    Amanda Sampaioda CNN

    São Paulo

    O valor dos benefícios concedidos à indústria de petróleo e gás pelo governo federal em 2022 foi cinco vezes maior do que os incentivos voltados às energias renováveis. Os dados são de um estudo elaborado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

    A pesquisa revelou que R$ 80,9 bilhões deixaram de entrar ou saíram dos cofres públicos na forma de subsídios aos fósseis no ano passado — valor 20% maior em relação a 2021 (R$ 67,7 bilhões) —, enquanto o montante para financiar a energia renovável foi de R$ 15,5 bilhões.

    Os valores contam recursos que saíram direto do caixa da União para incentivar o setor, além de impostos que o governo federal deixou de arrecadar devido a programas de isenção e regimes de tributação especiais. O objetivo foi garantir preço menor aos consumidores na compra dos produtos.

    De acordo com o Inesc, o principal subsídio desfrutado pelas empresas de energia fóssil é o Repetro. Por meio deste mecanismo, somente em 2022, o país deixou de arrecadar R$ 12,2 bilhões e, ao longo dos últimos cinco anos, o montante alcançou R$ 159 bilhões.

    “Não é justo direcionar os escassos recursos públicos do Brasil para as empresas que exploram uma fonte de energia que é responsável pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa que agravam a crise climática global”, afirma Cássio Cardoso Carvalho, assessor político do Inesc.

    “O ano de 2023, o mais quente da história, reforçou a urgência da transição energética dos fósseis para outras fontes de energia”, acrescenta o pesquisador.

    Subsídios ao petróleo e gás

    Os subsídios se dividem entre os concedidos à produção — R$ 34,3 bilhões em 2022 — e ao consumo — R$ 46,7 bilhões no ano passado.

    Incentivos à produção

    • Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) (fósseis): R$ 12,6 bilhões em 2022
    • Regime Aduaneiro Especial de Petróleo e Gás Natural (Repetro): R$ 12,2 bilhões em 2022
    • Dedução dos valores aplicados na exploração e produção de petróleo e gás natural para cálculo do IRPJ e da CSLL: R$ 8 bilhões em 2022
    • Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura (Reidi) (fóssil): R$ 730 milhões
    • Termoeletricidade: R$ 640 milhões

    Incentivos ao consumo

    • Isenções para consumo de óleo diesel, gasolina e GLP: R$ 40,7 bilhões em 2022
    • Auxílio-gás dos brasileiros: R$ 2,8 bilhões em 2022
    • Pagamento de auxílio aos transportadores autônomos de cargas: R$ 2,33 bilhões
    • Conta de Desenvolvimento Energético (carvão mineral): R$ 900 milhões

    Subsídios a energias renováveis

    • Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa): R$ 5,45 bilhões em 2022
    • Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura (Reidi Renovável): R$ 3,21 bilhões em 2022
    • Geração distribuída: R$ 2,82 bilhões em 2022
    • Aerogeradores: R$ 190 milhões
    • Biodiesel: R$ 20 milhões
    • Conta de Consumo de Combustíveis (CCC renovável): R$ 340 milhões
    • Fontes Incentivadas – Redução de pagamento de TUST e TUSD: R$ 650 milhões
    • Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores: R$ 310 milhões
    • Programa Mais Luz para a Amazônia: R$ 410 milhões
    • Isenções para consumo de etanol hidratado: 2,19 bilhões

    Veja também: Tendência para consumo de Diesel é de crescimento