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    Subindo 200% na B3, Méliuz aposta em serviços financeiros e vai às compras

    A empresa, que tem R$ 300 milhões em caixa por conta da entrada de novos investidores, quer acrescentar "créditos, seguros, investimentos" ao seu portfólio

    Matheus Prado, do CNN Brasil Business, em São Paulo

     

    O Méliuz (CASH3) completa nesta sexta-feira (5) seu terceiro mês como empresa de capital aberto –e vai muito bem, obrigado. Os papéis da companhia já saltaram 238% desde a abertura de capital, sem previsão de abrandamento, mas o discurso é que o caminho está só começando.

    É claro que o core business da empresa, o mercado de cashback, ainda tem diversas avenidas de crescimento. Mas Israel Salmen (CEO) e cia. apontam qual será a grande aposta da startup mineira para escalar seus números: serviços financeiros.

    Em parceria com o Banco PAN, oferece um cartão de crédito sem anuidade e com até 1,8% de cashback em cada compra feita online (até 0,8% em compras regulares e mais 1% em lojas parceiras da marca). Já foram solicitados mais de 3 milhões de cartões desde o lançamento do produto, no final de 2019.

    “Temos 14 milhões de clientes que são sensíveis a preços. Então, naturalmente, também existe demanda por serviços financeiros. Dá para avançar com crédito pessoal, crédito consignado”, disse Israel, em entrevista ao CNN Brasil Business, lembrando que a empresa tem R$ 300 milhões em caixa por conta da entrada de novos investidores.

    Estamos avaliando possíveis aquisições e conversando com várias fintechs. Empresas que tenham conhecimento em crédito, seguros, investimentos. Todo esse universo que caracteriza os bancos digitais nos interessa. Com o crescimento na base de clientes, ficamos animados em agregar novos produtos

    Israel Salmen, CEO do Méliuz

    Em dados operacionais de 2020, a empresa informa que já possui mais de 14 milhões de contas abertas em sua plataforma. O Volume Bruto de Mercadorias foi de mais de R$ 2,5 bilhões, o que representa um salto de 51% ante 2019. O número de solicitações do cartão cresceu 16 vezes, para 2,8 milhões.

    Mercado de cashback engatinha

     

    Um dos poucos copos meio cheios de 2020, o e-commerce avançou anos num período de 10 meses, em meio à pandemia. Para se ter uma ideia, até novembro, o faturamento do comércio digital brasileiro havia crescido cerca de 122% em relação ao ano anterior, apontam dados da Câmara Brasileira da Economia Digital e da Neotrust.

    Entre os setores umbilicalmente ligados ao avanço do comércio digital, no entanto, o de cupons e cashback é um dos que possui crescimento menos “automático”. Isso porque, segundo Salmen (líder no segmento), existe uma curva de aprendizado não tão intuitiva para o consumidor que está dando seus primeiros passos no ambiente digital. 

    “Nossa área aproveita os avanços do e-commerce de forma mais lenta”, diz. “Primeiro, as pessoas têm que aprender a comprar online. Depois, precisam colocar as informações do seu cartão ali, o que dá um certo medo. E nós chegamos só depois dessa estabilização. A onda de crescimento é positiva, mas ainda não bateu aqui. Temos um trabalho para trazer os consumidores.”

    Ele afirma ainda que, enquanto a penetração do e-commerce pode estar chegando a um patamar de 12% a 14% no Brasil, a participação do cashback está ainda na ordem de 1,75% do que é faturado digitalmente, o que dá às empresas uma margem boa de crescimento.

    Dados da Cuponomia mostram um avanço expressivo do setor de 2019 para 2020, mas num ritmo menor que o das compras digitais como um todo. Segundo a empresa, o volume financeiro gerado por cupons e cashback no e-commerce saltou de cerca de R$ 4 bilhões para R$ 6 bilhões em um ano.

    Novos produtos e entrada em EUA e Europa

    Nessa linha, o Méliuz deve seguir investindo pesado em produto e marketing para tentar abocanhar ainda mais mercado. “Metade do nosso time de cerca de 150 pessoas está na área de produto. Não só marketing, mas tecnologia também. Fazemos muitos testes para avaliar o que pode facilitar a vida do novo entrante”, diz o CEO.

    Israel afirma ainda que, mesmo com capital aberto, a empresa não vai deixar de criar e testar produtos e, em caso de pouca aderência, tirá-los de circulação. “Não mudamos nada e recentemente até matamos alguns produtos. Talvez até escalassem com o tempo, mas precisamos ter prioridades.”

    Um dos focos da companhia é disponibilizar sua plataforma em outros mercados, como Estados Unidos e Europa.

    IPO é novo caminho para startups

    Acompanhada de perto pelo enjoei, o Méliuz foi a primeira startup brasileira a abrir capital na B3. Ao que tudo indica, graças ao avanço do mercado de capitais no Brasil e o crescimento considerável no número de investidores na bolsa, diversas outras companhias do mesmo perfil devem seguir o mesmo caminho.

    “Foi um sentimento incrível”, resume. “Para outras empresas com planos parecidos, é bom porque mostra que é possível, que estamos conseguindo quebrar paradigmas. Sabemos que há muitos projetos com times alinhados e cultura forte, por isso acreditamos que o movimento vai crescer muito nos próximos 10 anos.”