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    Setor imobiliário: 10 ativos para ter no radar – e outros para evitar na crise

    Destaques positivos são companhias do segmento logístico, ligadas ao e-commerce, e corporativo, dizem analistas; na contramão, shoppings têm maior volatilidade

    Vista panorâmica da Marginal Pinheiros, em São Paulo. Prédios com escritórios comerciais podem ser boas apostas ao investidor 
    Vista panorâmica da Marginal Pinheiros, em São Paulo. Prédios com escritórios comerciais podem ser boas apostas ao investidor  Foto: @renancaraujo/Unsplash

    Luís Lima,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Golpeadas pela crise do novo coronavírus, algumas empresas do setor imobiliário têm se mostrado mais resilientes à instabilidade atual e se apresentam como oportunidades estratégicas de investimento para quem pensa a longo prazo, é minimamente arrojado, e quer diversificar o portfólio. 

    Apesar de algumas acumularem quedas no valor de cotação no saldo do ano, após o susto com a Covid-19 em março, há apostas que devem trazer bons rendimentos no futuro, atestam agentes de mercado.

    As melhores opções estão nos segmentos de logística, com galpões que surfam a alta do comércio eletrônico, e corporativo, com escritórios que não interromperam o pagamento de aluguéis, ainda que tenham implementado a prática do home office.

    Em termos de rentabilidade, praticamente todos os segmentos da área de fundos imobiliários superam a média do IFIX (índice que agrupa os fundo imobiliários na bolsa brasileira), o que indica que há oportunidades. Em 12 meses até março, ela ficou em 5,83%, superior apenas ao do segmento de shoppings (2,19%), segundo dados do Santander, justamente o ramo mais prejudicado pela quarentena, que obrigou o fechamento das lojas e interrompeu o pagamento de aluguéis.

    Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo CNN Brasil Business citam dez oportunidades promissoras de investimento futuro, entre empresas e fundos, e alertam quais alternativas devem ser evitadas, caso o apetite por risco seja reduzido. 

    Empresas 

    Entre as empresas, a mais lembrada foi a Log (LOGG3), que atua na construção, incorporação, comercialização e gestão de propriedades, com foco em condomínios, loteamentos industriais, entre outros. Parte do grupo MRV, atende a clientes como Correios, Casas Bahia e Americanas Express.

    “A gestão operacional da Log é muito eficiente. No atual patamar de preços, é uma excelente oportunidade de compra”, recomenda Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimento.

    Na B3, o papel acumula valorização mensal de 5%, e, no ano, queda de 25%, considerando os dados de fechamento desta quinta-feira (21). A ação estava cotada a menos de R$ 24. 

    Um dos pontos fortes da companhia, ressalta Panonko, é possuir galpões logísticos em pontos estratégicos. “Não são aqueles que ficam com alta vacância, pelo contrário, a empresa é muito eficiente em ter boa rentabilidade”, explica. 

    Além da Log, Eduardo Malheiros, CEO da Habitat, recomenda a BR Properties (BRPR3), que investe em imóveis comerciais, como escritórios galpões industriais e de varejo, como foco nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio. “Empresas que produzem ativos que podem depois parar na carteira de fundos imobiliários se beneficiarão bastante do crescimento desse mercado”, afirma.

    Outras nomes destacados positivamente por Panoko são MRV e Cyrela, ambas pela “eficiência operacional” e “capacidade de atravessar a crise” sem grandes percalços, e apesar da ata da inadimplência e do desemprego.

    A MRV (MRVE3) tem alta mensal de 0,8% na Bolsa, e queda anual de 29%; já a Cyrela (CYRE3) têm baixas de 2% no mês e de 47% no ano, ainda considerando o fechamento da véspera. 

    Aos investidores mais arrojados, e tolerantes à volatilidade, duas empresas foram lembradas dentro do segmento de shoppings. São elas JHSF (JHSF3), que tem no portfólio empreendimentos como o Shopping Cidade Jardim, e a Aliansce Sonae (ALSO3), dona do West Plaza, que captou R$ 1,9 bilhão em oferta de ações em dezembro do ano passado. 

    “Se olharmos outras crises, por mais que todos os setores balancem, os mais ligados à classe A tiveram uma maior resiliência”, afirma Giuliano Bandoni, analista da Rio Bravo.

    Na Bolsa, JHSF soma alta de 2,8% no mês e queda 39% no ano, enquanto Aliansce Sonae cai 4% no mês e 46% no ano até a última quinta-feira. 

    Fundos 

    No caso dos fundos, vale o mesmo raciocínio aplicado às empresas, com destaque aos segmentos logístico e corporativo. Felipe Vaz, executivo do Santander, ressalta o Vinci nessas duas áreas, de logística (VILG11) e escritórios (VINO11).

    “Na área logística, o fundo tem ativos que ficam em Minas Gerais, São Paulo e no sul do país. (..) Já o da área de escritórios, tem uma carteira com contratos de mais longo prazo, e com perfil de inquilino mais defensivo”, ressalta Vaz. 

    Outras alternativas citadas por Daniel Chinzarian, analista da Guide, foram o RBR Rendimentos (RBRR11), Bresco (BRCO11) e o BCFF (BCFF11), do Banco BTG Pactual. Pertecem, respectivamente, aos tipos de fundos de recebíveis, logística e fundo de fundos (ou FOFs, que aplicam em distintos segmentos).

    “Neste último caso (do BCFF), vale lembrar que o fundo fez uma captação de R$ 720 milhões no fim de março, antes da crise. Estão alocando em fundos baratos, e terão gasto de capital muito bom no médio prazo. É uma opção para quem é conservador ou arrojado”, reforça Chinzarian.

    Cautela 

    O setor de shoppings é a principal contraindicação a quem quer ganhos mais previsíveis no médio prazo. Isso porque é segmento mais abalado pelo fechamento das lojas na quarentena, e a consequente interrupção do pagamento de aluguéis, que é, basicamente, o rendimento desses investimentos.

    Ao acionista, um dos principais reflexos foi uma retração de 97% no pagamento de dividendos no pós pandemia, bastante superior à retração e 27% registrada pelos fundos imobiliários em geral, segundo números da XP.

    “O setor de shopping centers é o mais vulnerável neste momento. Temos ainda os shoppings fechados, o que provavelmente vai gerar atrasos nos pagamentos dos lojistas, aumentando a inadimplência. Quando abrir os estabelecimentos, a retomada será um pouco mais lenta”, avalia José Falcão Castro, analista da Easynvest.

    O tombo no valor das cotações em março atingiu em cheio empresas do ramo, que tiveram um ajuste em abril, e voltaram a cair de forma acentuada em maio. Exemplos são BR Malls (BRML3) e Iguatemi (IGTA3), ambas com quedas acumuladas de 38% em março, recuperação em abril, e novos recuos em maio.

    “Todos os shoppings estão fazendo o mesmo movimento — prova de que investidores estão mais cautelosos, reticentes”, avalia Panoko, da Toro.

    O aumento do número de infectados e mortos pela Covid-19, sobretudo em grandes centros urbanos, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, que concentram os grandes shoppings do país, dificultam uma retomada mais clara, ainda que outras praças menores, como Porto Alegre, ensaiem uma retomada. 

    Na terça (19), o estado do Rio bateu um novo recorde no número de mortos para um dia: 227, com um total de 3.079. São Paulo também teve um novo recorde diário ontem, de 324 mortos, para um total de 5.147, superando a China, epicentro da doença. Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado quinta-feira (21), o país tem 20.047 vítimas fatais do novo coronavírus.

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