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    Setor de saúde complementar fechou 2022 no “zero a zero”, diz ANS

    No entanto, os dados econômico-financeiros dos planos de saúde relativos ao 4º trimestre de 2022 já mostram sinais de recuperação

    Resultado do setor foi positivo para as administradoras de benefícios
    Resultado do setor foi positivo para as administradoras de benefícios Foto: National Cancer Institute/Unsplash

    Diego Mendesda CNN São Paulo

    A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou nessa segunda-feira (24) que o setor de saúde complementar registrou lucro líquido de R$ 2,5 milhões em 2022. Segundo a agência, o resultado significa que o setor de planos de saúde fechou o ano praticamente no “zero a zero”.

    Comparado com a receita efetiva de operações de saúde — principal negócio — de R$ 237,6 bilhões, esse lucro representa apenas 0,001%. Ppara cada R$ 1.000,00 de receita houve um lucro de R$ 0,01 de lucro.

    A tendência vista nos resultados anuais em 2021, já considerando o arrefecimento da pandemia persistiu, com a deterioração dos números, especialmente em grandes operadoras. Em 2020 as empresas de plano de saúde registraram lucro recorde de R$ 18,7 bilhões, seguido de lucro de R$ 3,8 bilhões em 2021. Entretanto, o 4º trimestre de 2022 já apresenta sinais de recuperação, segundo a ANS.

    De acordo com o documento da Agência, nos números agregados por segmentos, o resultado do setor foi positivo para as administradoras de benefícios (R$ 555,57 milhões). As operadoras exclusivamente odontológicas (OPS OD) e médico-hospitalares (OPS MH) registraram prejuízo anual (R$ 47,3 milhões – 1,29% da receita efetiva de planos de OPS OD; e R$ 505,7 milhões – 0,22% da receita efetiva de planos de OPS MH).

    “Para as odontológicas, significa R$ 1,29 de prejuízo a cada R$ 100,00 de receitas efetivas de seus planos; e para as médico-hospitalares, R$ 0,22 de prejuízo para cada R$ 100,00 de receitas efetivas de seus planos. Nessas modalidades, o prejuízo final foi puxado fortemente por grandes operadoras”, destacou o balanço.

    Reflexos da pandemia

    Segundo a ANS, desde 2021, o setor observa queda no desempenho com as operações de assistência à saúde (resultado operacional). Especialmente nas operadoras médico-hospitalares, nota-se uma “ressaca” pós-Covid, com déficit de R$ 11,5 bilhões no resultado operacional – que subtrai das contraprestações (mensalidades) e outras receitas operacionais os custos diretos da operação: eventos indenizáveis, despesas administrativas, despesas de comercialização e outras despesas operacionais.

    “Esse prejuízo operacional foi parcialmente compensado pelo expressivo resultado financeiro de R$ 9,4 bilhões no ano, reflexo do aumento das taxas de juros que remuneram as aplicações financeiras das operadoras.”

    Na visão de Giselle Tapai, especialista em Direito do Consumidor com foco em Saúde, curiosamente, as operadoras alegam que estão atravessando um momento difícil e amargando severos prejuízos.

    “Segundo as empresas, o número de atendimentos cresceu substancialmente, o que representa gastos maiores do que despesas. Grande parte do problema seria a realização de atendimentos represados em razão da pandemia, o que teria gerado um prejuízo de R$ 10,9 bilhões.”

    Para ela, o que esquecem de dizer, é que o lucro subiu quase 50% em 2020, atingindo o patamar recorde de R$ 18 bilhões. “Isso porque, naquele ano, os atendimentos diminuíram radicalmente, também em razão da pandemia.”

    Custos e receita

    Em linhas gerais, resultados apresentados pelo balanço podem ser explicados por aumento dos custos, mas, embora menos frequente, também podem ser gerados pela queda ou estagnação das receitas.

    No caso concreto do mercado de saúde suplementar, em uma avaliação preliminar da ANS, as despesas assistenciais não apresentaram crescimento que possa justificar o aumento da sinistralidade. No entanto, as receitas das mensalidades parecem estar estagnadas, especialmente nas grandes operadoras.

    “Essa análise é compatível com o recente histórico do mercado de saúde suplementar: apesar do expressivo aumento de beneficiários desde o início da pandemia, a sinistralidade não foi tão bem controlada”, pontua a agência.

    Para conferir o Painel na íntegra, clique aqui.