Setor de petróleo e gás projeta criação de até 50 mil postos de trabalho em 2022
Preço do barril de óleo e venda de ativos da Petrobras animam mercado
Afetado pela pandemia de Covid-19, o setor de petróleo e gás mostra sinais de retomada, com a perspectiva de gerar de 30 mil a 50 mil empregos em 2022. A projeção é do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), entidade que reúne as principais empresas do setor. O cenário otimista é puxado pela venda de ativos da Petrobras e pela estabilização do preço do barril de óleo.
“A produção de óleo no Brasil, se pegar de duas décadas para cá, cresceu 140%. São quase 3 milhões de barris por dia. A previsão que a gente faz, enquanto instituto, é que essa produção vá chegar a 5,4 milhões de barris por dia em 2030. Para isso, muito investimento tem que ser feito. De 2020 a 2024, a gente estima US$ 50 bilhões. Com investimentos, vêm também empregos”, colocou o presidente do IBP, Eberaldo Almeida.
O incremento da produção e das contratações ganha o impulso do leilão de excedentes do pré-sal, realizado na última sexta-feira (17), com saldo de R$ 11 bilhões para os cofres públicos. A expectativa, segundo o IBP, é que o setor de exploração e produção de óleo e gás salte de cerca de 330 mil postos de trabalho para 610 mil até 2025.
Almeida aponta que, entre os fatores que atuam para esse cenário, estão o movimento da Petrobras de gestão de portfólio, liberando projetos para empresas menores, como em terra ou águas rasas, e também a redução de royalties em campos maduros para atração de investimentos. Segundo ele, isso já provoca movimentações importantes em estados como o Rio Grande do Norte e a Bahia.
Além das empresas privadas, em que algumas tiveram de montar equipes do zero, a Petrobras abriu concurso público, após um programa de demissão voluntária. Na última sexta-feira (17), foi lançado um edital para mais de 750 vagas imediatas e 3.780 de cadastro de reserva. O salário básico é de R$ 6.937,43, com remuneração mínima de R$ 11,7 mil.
Um levantamento feito pela LCA Consultores, com base em dados do Ministério do Trabalho e Previdência, mostra que, somente o setor de extração – a parte inicial da cadeia do petróleo e gás – teve 13 meses consecutivos de saldo negativo, entre março de 2020 e 2021, com mais demissões que contratações.
A partir de abril, o setor começou a mostrar uma reação e registra, entre julho e outubro deste ano, quatro meses seguidos de saldo positivo. No entanto, cerca de 1,8 mil vagas perdidas ainda não foram recriadas.
O economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, aponta que a recuperação dos postos formais de trabalho são impulsionados pelo pré-sal, com operadores privados que adquiriram projetos, o início do funcionamento da plataforma FPSO Carioca pela Petrobras, na bacia de Santos, a partir de agosto, e ainda pelo aumento na extração de gás natural para alimentar termelétricas, em meio à crise hídrica.
“Para o ano que vem é esperado sim um crescimento porque têm mais duas unidades planejadas da Petrobras, a Guanabara e Almirante Barroso, que vão ter um desempenho fundamental, consequentemente, para a criação de vagas para o setor”, apontou Imaizumi.
Apesar do otimismo, o presidente do Instituto do Petróleo e Gás, Eberaldo Almeida ressalta que estabilidade é fundamental para que as projeções se concretizem, já que os negócios do setor envolvem investimentos a longo prazo. “Precisa ser um ambiente de negócios que atraia”, colocou.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico • REUTERS/Vasily Fedosenko
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI • Instagram/ Reprodução
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar • REUTERS
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção • Reuters/Dado Ruvic
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 • REUTERS
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 • REUTERS/Nick Oxford
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Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 • 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% • REUTERS/Max Rossi
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 • Reuters
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