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    Servidores da Caixa denunciam assédio moral no departamento de tecnologia

    Nos últimos dias, empregados da empresa entraram em contato com a CNN Brasil para denunciar posturas abusivas, que incluem ofensas verbais e ameaças explícitas

    Gustavo Uribe

    Após a saída do economista Pedro Guimarães do comando da Caixa, na esteira de denúncias de assédio sexual, um grupo de empregados do banco estatal têm apontado também a prática de assédio moral.

    Nos últimos dias, sete servidores procuraram a CNN para denunciar episódios de posturas abusivas, sobretudo no setor de tecnologia. No total, quatro aceitaram conceder testemunhos.

    Segundo relatos feitos pelos quatro servidores da empresa, que preferiram manter sigilo para não sofrerem retaliações, impera no banco estatal a “política do medo e intimidação”, com ofensas verbais e ameaças explícitas.

    De acordo com eles, a cultura do assédio moral é recorrente do baixo ao alto escalão da empresa estatal.

    Uma das servidoras da instituição financeira disse que chegou a apresentar denúncia à corregedoria da empresa por retaliação. De acordo com ela, o pedido era para que os servidores não fizessem denúncias.

    Procurada pela CNN, a assessoria de imprensa da Caixa informou que “todas as informações serão encaminhadas para análise da corregedoria do banco estatal, bem como pela empresa independente a ser contratada pela nova gestão”.

    Em discurso de posse, na terça-feira (5), a nova presidente do banco estatal, Daniella Marques, disse que pretende melhorar o ambiente interno e que vai viabilizar canais de denúncias.

    “Eu faço meu compromisso de que todas as providências necessárias serão tomadas, que eu tenho apoio total para que tudo seja apurado e esclarecido”, afirmou a economista.

    Veja relatos de assédio moral:

    “O comportamento que começou a ser adotado na Caixa era o do medo. Quem gritava mais alto mandava. Isso era verificado desde o técnico até o alto escalão. O assédio moral era comum. Era pedir para retirar trechos da ata de reunião e passar mensagens com palavrões, de que as pessoas eram incompetentes. As pessoas não sabiam nem como responder. Muitas mulheres choravam. Era a cultura do medo e ninguém tinha coragem de falar nada. Eu não tive coragem de denunciar antes por medo”(Larissa*, 32 anos).

    “A cadeia de comando da tecnologia segue linha de assédio moral e não é de hoje. É aplicada uma política do medo e intimidação. Um bom exemplo é a quantidade de descomissionamentos, nunca antes vistos na empresa, que ocorrem desde 2019. Empregados com excelentes currículos e vasta experiência em suas áreas de atuação perderam suas funções e foram enviados para agências bancárias a quilômetros de distância de suas residências, desfalcando e sucateando o setor” (Gabriel*, 37 anos).

    “Em um atendimento, houve reclamação de um gestor de que não estava funcionando o sistema de vídeo e de áudio do computador dele. O notebook mostrava uma mensagem de segurança. Ele me ligou e disse. ‘Que … de atendimento é esse?’, questionou. “Como é que você acredita na palavra de um usuário? Se ele pedir a …, você vai dar pra ele?” (Guilherme*, 43 anos).

    “Em uma reunião, um gestor disse aos presentes: ‘Parem de fazer denúncias, p…’. O pré-requisito é obedecer cegamente” (Jussara*, 45 anos).

    * Nomes fictícios. As identidades dos denunciantes foram preservadas