Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Senado aprova pedido para acelerar votação da reforma tributária; plenário analisa texto nesta quarta

    Para ser aprovada, a PEC precisa do aval de 49 dos 81 senadores em dois turnos de votação

    Tema é debatido no Congresso há cerca de 30 anos
    Tema é debatido no Congresso há cerca de 30 anos 08/12/2021REUTERS/Adriano Machado

    Mayara da PazPedro Teixeirada CNN em Brasília

    O Senado aprovou nesta terça-feira (7), por 48 votos a 24, um requerimento para acelerar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária.

    A aprovação da medida dispensa ritos da tramitação do texto, como:

    • O prazo de cinco sessões de discussão em primeiro turno;
    • O prazo de, no mínimo, cinco dias úteis, após o primeiro turno para realização do segundo turno de votação;
    • O intervalo de três sessões deliberativas entre um turno e outro.

    Com a aprovação do pedido, o mérito, ou seja, o conteúdo da proposta, deve ser analisado pelos senadores nesta quarta-feira (8).

    Para ser aprovada, a PEC precisa do aval de 49 dos 81 senadores em dois turnos de votação. Na sequência, o texto voltada à Câmara dos Deputados, que irá analisar as mudanças feitas pelos senadores.

    Mais cedo, a PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

    Desde o início do ano, o governo tem defendido a aprovação de um novo sistema tributário para o Brasil. O tema é debatido no Congresso há cerca de 30 anos.

    Em linhas gerais, o texto da reforma tributária prevê que todos os produtos e serviços vendidos no país terão um imposto federal unificado por meio de um “IVA dual”.

    Atualmente, o Brasil tem cinco tributos:

    • IPI, PIS e Cofins, que são federais; e
    • ICMS, que é estadual, e o ISS, que é municipal.

    A ideia é que o novo imposto una IPI, PIS e Cofins em uma tributação federal e outra estadual e municipal, que unificaria ICMS e ISS.

    Mudanças

    Relator da PEC no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM) apresentou ajustes aos grupos que têm regime especial para pagamento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) — as exceções — e às regras federativas.

    Medicamentos e dispositivos médicos adquiridos pelo governo e por entidades sem fins lucrativos terão alíquota zero. Serviços prestados por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) sem fins lucrativos também foram realocados para não escapar dos tributos.

    No âmbito federativo, foi incorporado mecanismo que premia os entes que arrecadarem mais. A comunicação de Braga destaca que a mencionada elevação de arrecadação não diz respeito ao aumento de imposto, mas ao combate de elisão fiscal.

    Também ficou definido que a representação do Comitê Gestor será feita por integrantes das carreiras da administração tributária e das procuradorias de estados e municípios. A ideia é evitar a criação de novas carreiras e cargos dentro do próprio Comitê.

    Além disso, o parecer permite que estados cobrem até 2043 contribuição para compensar fundos que serão extintos. A alíquota da nova contribuição não pode exceder o valor daquela que será substituída (e extinta).

    Outro ajuste cria o cashback para o botijão de gás. Dessa forma, assim como no caso da energia elétrica, as famílias de baixa renda que pagarem impostos pelo gás liquefeito de petróleo receberão parte do dinheiro de volta.

    ”Teto de referência”

    O parecer de Braga apresentou detalhes sobre o funcionamento da trava à carga tributária. Será instituído um “Teto de Referência”, com base na média da receita no período de 2012 a 2021, apurada como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

    A nova redação também trouxe alterações para o grupo que terá desconto de 60% do IVA — incluiu e excluiu atores na seção. Há a previsão de que as exceções serão revisadas a cada cinco anos.

    Além disso, o texto cria alíquota com redução intermediária de 30% para a prestação de serviços de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Lei Complementar estabelecerá as operações beneficiadas.

    Também foram criados regimes específicos para os serviços de saneamento, de concessão de rodovias. Será permitida a desoneração de IBS e CBS na aquisição de bens de capital e alteração nas alíquotas e nas regras de creditamento.

    O saldo foi a elevação de 0,5 ponto percentual na previsão da alíquota padrão do IVA.

    No âmbito federativo, o relator incluiu a possibilidade de o Congresso Nacional convocar o presidente do Comitê Gestor e solicitar informações, como já acontece com ministros de Estado.

    Eduardo Braga ainda retirou a possibilidade de iniciativa de lei pelo Conselho. “A governança deixa de ser relevante, o Comitê é um mero executor, não vai mais ter discussões políticas dentro dele”, disse.

    Além disso, aumentou para R$ 60 bilhões os valores do FDR. 70% das cifras serão distribuídas com base no Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 30% de acordo com a população.

    O relatório também alterou aspectos relacionados à cesta básica que estavam contidos no texto aprovado na Câmara.

    Na prática, o relatório manteve a isenção à cesta básica, mas limitou seus itens, que serão definidos por lei complementar. Também criou uma “cesta estendida”, com desconto de 60% do IVA e cashback para a população de baixa renda que consumir estes produtos.

    No texto do senador ficaram isentos hortifrúti, frutas e ovos. Produtos de higiene e limpeza tiveram desconto de 60%. Itens voltados à saúde menstrual começam com desconto de 60%, mas podem ficar isentos após a regulamentação.

    (Com informações de Cristiane Noberto)