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    Sem surpresas, BC mantém taxa de juros em 2% ao ano e interrompe ciclo de cortes

    A decisão reflete a alta no preço dos alimentos, que subiu 0,78% em agosto, puxada pelo arroz e pelo óleo de soja, que subiram, 19,2% e 18,6% ao ano

    Anna Russi, do CNN Brasil Business, em Brasília

    Após nove reduções consecutivas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou, nesta quarta-feira (16), por manter o atual patamar da taxa básica de juros. Assim, a Selic permanece estável na mínima histórica de 2% ao ano, resultado já esperado pelo mercado financeiro. 

    Com a manutenção do patamar atual, o Copom interrompeu o ciclo de redução dos juros, iniciado em julho de 2019, quando a taxa passou de 6,5% para 6% ao ano. A decisão do Comitê foi unânime.

    Segundo o Banco Central, a retomada da atividade nas principais economias tem criado um ambiente mais favorável aos emergentes. Não por acaso, a atividade econômica brasileira tem uma recuperação similar aos outros países. 

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    Sede do Banco Central, em Brasília
    Sede do Banco Central, em Brasília
    Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

    Apesar da alta da inflação de alguns produtos, como os alimentos, o Copom ainda enxerga espaço para um novo corte no futuro, mesmo que residual.

    “O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, diz a nota.

    Porém, o Copom avalia que, de fato, terá uma pressão inflacionaária no curto prazo. Especialmente por causa da alta no preço dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços.

    Para o Comitê, existem fatores de risco para inflação em ambas as direções.

    “Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco”, diz a nota.

    A decisão reflete a alta no preço dos alimentos, que subiu 0,78% em agosto, puxada pelo arroz e pelo óleo de soja, que encareceram, respectivamente, 19,2% e 18,6% no ano.

    Há ainda uma forte alta no preço dos materiais de construção como o cimento e tijolo, cujos preços subiram, somente em agosto, 5,42% e 9,32%, respectivamente.

    Além disso, dúvidas sobre o Orçamento de 2021, apresentado pelo governo em agosto, aumentam o risco fiscal e as incertezas, reduzindo o espaço de novos cortes. Outro fator de influência são dos resultados positivos de indicadores econômicos recentes, como o crescimento de 9% na produção industrial em junho e os avanços de 8% e 5% nos setores de varejo e serviços, respectivamente, que sinalizam o início da retomada econômica. 

    A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Vale destacar que os juros mais baixos estimulam o consumo, contribuindo para a melhora do desempenho da da atividade econômica. 

    Visto que os impactos levam alguns meses para se refletiram na ponta da economia, o Copom já mira suas decisões pensando em 2021, cuja meta central de inflação é de 3,75%, podendo oscilar de 2,25% a 5,25%.

    A expectativa do mercado financeiro, de acordo com a última edição do Boletim Focus, é de que o ano que vem o BC inicie um movimento gradual de alta dos juros, com a Selic encerrando em 2,5% ao ano.

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