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    Schwartsman: PEC dos Combustíveis não vai resolver inflação brasileira

    Para Especialista CNN em economia, projeto pode ter impacto temporário nos combustíveis, mas levaria à alta de preços em outros setores

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business em São Paulo

    Para o Especialista CNN em economia Alexandre Schwartsman, o problema inflacionário no Brasil não será resolvido como projetos como a PEC dos Combustíveis. Segundo ele, há o risco de a proposta gerar alta de preços em outros setores devido ao grau atual de disseminação da inflação na economia.

    Ele afirmou à CNN nesta quarta-feira (9) que a proposta “talvez resolva por um tempo, mas como a inflação é disseminada, vai aparecer em outro lugar”.

    “O próprio Banco Central alerta que se fizer isso, arrebentando as contas públicas, como se supõe que vem na linha da chamada ‘PEC kamizake’, vai ter um dólar mais caro, que vai contaminar os demais preços. Então o que sobra é usar a política monetária”, diz.

    Schwartsman avalia que o Brasil está vendo um fenômeno de inflação “bastante resiliente”, com altas consecutivas há alguns meses. Para ele, mesmo a leve desaceleração em janeiro deste ante dezembro de 2021 ocorreu por fatores pontuais, como uma leve queda de combustíveis, energia”.

    “Quando a gente olha para o conjunto da obra, o conjunto é ruim. No mês de janeiro, quase 3/4 dos 377 bens e serviços pesquisados pelo IBGE para compor o IPCA registraram aumento de preço. Isso mostra uma inflação disseminada, praticamente no mesmo patamar de dezembro”, afirma.

    O especialista diz ainda que os núcleos da inflação, que tentam retirar fatores acidentais ou voláteis do índice de preços, também estão próximos da casa dos 10% ao ano, o que mostra um “processo inflacionário complicado”.

    Para ele, seria possível que o Banco Central não elevasse tanto a taxa básica de juros, a taxa Selic, se o governo tivesse ” uma proposta de controlar seus gastos”.

    Schwartsman diz esperar uma Selic ao fim do ciclo de alta na casa dos 12,5%, 12,75% ao ano. “Vai conseguir reduzir a inflação? Vai, vai permanecer acima da meta, mas mais baixa que no ano passado e mais baixa que hoje, mas vai custar bastante caro”.

    “O problema no Banco Central é uma inércia enorme vinda da inflação do ano passado. Permitiu-se um desvio muito alto, então vai demorar para trazer de volta. Teríamos conseguido talvez se o Banco Central tivesse sido mais agressivo no início, mas nem o BC e nenhum de nós tinha ideia de que a inflação permaneceria tão alta até o fim de 2021”, diz.

    Nesse sentido, ele avalia que a disseminação e intensificação do processo inflacionário estão ligadas à política fiscal do governo.

    “Não foi por acaso que essa disseminação, resiliência maior aconteceu exatamente quando ficou claro que o arcabouço fiscal brasileiro estava indo ralo abaixo, quando começou a discussão de PEC dos Precatórios, fim do teto de gastos, quando ficou claro que o compromisso fiscal do governo estava sendo erodido de uma maneira muito rápida, as expectativas de inflação também se desencoraram e o fenômeno se tornou disseminado”.

    Já para os próximos meses, Schwartsman projeta uma queda da inflação no primeiro semestre, mas ainda na casa dos 8%. A expectativa é de uma desaceleração maior no segundo semestre, mas com o índice encerrando ainda acima da meta.

    “Tem uma desaceleração em curso, mas não vai entregar a inflação na meta, e pior, vai entregar acima do limite superior dela, que é de 5%”.