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    Ex-presidente do Ipea, reprovado por liberais e crítico do Pix: quem é Marcio Pochmann

    Pochmann enfrentou resistência desde que seu nome foi ventilado; críticos apontam para risco de aparelhamento político do órgão

    Da CNN

    O governo federal anunciou o economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A informação foi divulgada pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, nesta quarta-feira (26).

    O nome dele teve apoio do PT, mas enfrentou resistência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

    A CNN apurou que a indicação de Pochmann para o IBGE partiu de Paulo Okamoto, amigo do presidente Lula.

    Quem é Marcio Pochmann?

    Marcio Pochmann se formou em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1984.

    Fez pós-graduação em Ciências Políticas pela Associação de Ensino Superior do Distrito Federal e, em 1993, concluiu doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

    Foi professor livre docente e titular da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho do Instituto de Economia da mesma universidade.

    Lançou dezenas de livros, ganhando o Prêmio Jabuti em 2002.

    Pochmann também foi secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo entre 2001 e 2004.

    O economista foi presidente do Instituto de Pesquisas Especiais Aplicadas (Ipea), entre 2007 e 2012, e da Fundação Perseu Abramo, entre 2012 e 2020. Mais recentemente, presidiu o Instituto Lula.

    A experiência na área de Economia tem ênfase em Economia Social e do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento, políticas públicas e relações de trabalho.

    Críticas a Pochmann

    Marcio Pochmann é visto como um integrante da ala mais radical do PT. Os críticos apontam para um risco de aparelhamento político no IBGE e alegam que o Ipea foi conduzido por viés ideológico e político durante a gestão do economista.

    Em outubro de 2020, pouco antes do lançamento do Pix pelo Banco Central, Pochmann criticou a ferramenta.

    “Com o Pix, [o] Bacen concede mais um passo na via neocolonial à qual o Brasil já se encontra ao continuar seguindo o receituário neoliberal. Na sequência, vem a abertura financeira escancarada com o real digital e a sua conversibilidade ao dólar. Condição perfeita ao protetorado dos EUA”, alegou através das redes sociais.

    O anúncio do novo presidente do IBGE também foi debatido no CNN Arena desta quarta-feira (26). O jornalista Boris Casoy pontuou que a nomeação do economista é um erro, pois “destoa deste time que o presidente Lula conseguiu levar para a Economia”.

    “Pochamann não tem credibilidade junto aos agentes da economia brasileira. Pode ter muita credibilidade em determinados círculos de caráter ideológico, cujo olhar é para trás e não para adiante”, prosseguiu.

    Casoy ainda criticou as formas de pensar economia do indicado ao órgão por suas “posições retrógradas, antigas, [com] uma linguagem de folhetim de organização estudantil, uma coisa que não se usa mais. É muito triste”.

    Tiago Mitraud, ex-deputado federal, classificou durante o CNN Arena o anúncio como “uma grande derrota para o país e para Simone Tebet”. Para o ex-deputado Pochmann é um “típico economista da década de 1960, quando o mundo ainda estava na Guerra Fria e tudo era culpa do capitalismo ou do socialismo”

    “Agora, a gente está colocando-o em um órgão essencial para governo, que, inclusive, é responsável por taxas de inflação, alguém que está parado em décadas atrás na discussão econômica”, adicionou.

    Além disso, o jornalista Graciliano Rocha avaliou que a mensagem passada pela nomeação de Pochmann é de que “o PT nunca abandona suas pretensões de hegemonia quando ele lida com aliados”.

    “O presidente Lula ganhou a eleição no segundo turno do então presidente Bolsonaro com uma concertação de outros atores que estavam fora da esquerda. A senadora Simone [Tebet] vestiu a camisa, foi para cima de palanque, fez campanha. Ela queria um ministério, acabou levando o Planejamento e, o IBGE, que é uma autarquia importantíssima do país, da área econômica e do Ministério do Planejamento, acabou sendo loteado para um militante do PT”, afirmou.

    A CNN entrou em contato com Marcio Pochmann sobre as críticas que ele vem recebendo e aguarda resposta.

    Apoio do PT

    O nome de Pochmann foi apoiado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que saiu em sua defesa nas redes sociais e o classificou como “escolha ideal”.

    “Indicação de Marcio Pochmann para o IBGE é muito bem-vinda. Intelectual histórico, Pochmann tem um olhar aguçado para as pesquisas na área social, é um democrata que pensa um Brasil mais justo”, escreveu.

    “Em tempos de profunda desigualdade, é a escolha ideal para o cargo”, completou a deputada.

    A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que compõe a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, também elogiou a escolha de Pochmann, pontuando que ele “tem todo o preparo e coragem para gerenciar os desafios da identificação, análise e monitoramento da nossa população e territórios”.

    *publicado por Tiago Tortella, da CNN