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    Rublo atinge pico de 7 anos contra dólar após Ocidente dizer que Rússia deu calote

    Levantamento da agência Austin Rating mostra que moeda russa teve uma variação de 31,8% no acumulado do ano

    Rublo: moeda chega a sua menor cotação pouco mais de três meses após bater US$ 143,00, em 7 de março
    Rublo: moeda chega a sua menor cotação pouco mais de três meses após bater US$ 143,00, em 7 de março 07/04/2022. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

    Fabrício JuliãoPedro Zanattado CNN Brasil Business

    em São Paulo

    O rublo é a mais moeda que mais se valorizou no mundo em 2022, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. A moeda russa lidera a lista com variação de 31,8% no acumulado do ano.

    Nesta terça-feira (28), o rublo está sendo cotado a US$ 51,80 – o melhor desempenho desde o dia 26 de maio de 2015, quando estava em US$ 50,95. A moeda chega a sua menor cotação pouco mais de três meses após bater US$ 143,00, em 7 de março, ainda no início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

    A moeda atinge sua máxima uma vez que os controles de capital e os impostos de final de mês compensaram o impacto negativo das declarações ocidentais que a Rússia deu calote em seus títulos internacionais pela primeira vez em mais de um século.

    A Casa Branca e a agência de crédito Moody’s disseram que a Rússia entrou em inadimplência, pois as sanções efetivamente excluíram o país do sistema financeiro global.

    Mas o Kremlin, que tem dinheiro para fazer pagamentos a partir das receitas de petróleo e gás, rejeitou as afirmações e acusou o Ocidente de levá-lo a uma inadimplência artificial.

     

    “Existem dois motivos para o rublo estar nesse processo de fortalecimento. O primeiro é a acumulação de reservas da Rússia, que é um grande exportador de commodity, especialmente de gás e petróleo, e também os efeitos das sanções ocidentais, que trouxe reação do presidente Putin para só aceitar pagamento pelas exportações de produtos em rublos, e isso fortaleceu muito a moeda”, afirmou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

    A máxima de 7 anos do rublo ocorre logo após a Casa Branca e a agência de crédito Moody’s declararem que a Rússia deu calote em seus títulos internacionais pela primeira vez em mais de um século.

    O economista Alex Agostini explicou que, neste cenário de rublo forte, fica muito mais caro importar produtos da Rússia.

    “Por um lado, o desempenho é bom para a Rússia, pois mantém a competitividade no caso de importação de diversos produtos, mas por outro há um temor de que as exportações sofram”, argumentou Agostini.

    O especialista comentou ainda que, mesmo com o rublo forte, a moeda acaba tendo um efeito nulo com relação à inflação do país. “O problema é que, como a Rússia está sofrendo sanções, isso acaba tendo efeito nulo, pois o país não consegue ter acesso à importação de produtos para compensar internamente”.

    Agostini reitera que esse fortalecimento se da por motivos “fora da normalidade”. O especialista não enxerga que o calote em títulos soberanos estrangeiros deva impactar negativamente o rublo em um primeiro momento, visto que o preço das commodities, principalmente do petróleo, continua sendo um potencializador do rublo.

    A segunda moeda na lista das mais valorizadas no ano é o kwanza, da Angola, com variação de 29,7%. Logo em seguida, completando o pódio, está o dram da Armênia, que variou 16,8% no primeiro semestre do ano.

    A moeda brasileira, o real, está na 7ª posição, com variação positiva de 7,7%. Além das três primeiras já citadas, o desempenho do real só fica atrás das moedas do Afeganistão (15,9%), Tadjiquistão (13%) e Uruguai (12,2%).

    Do outro lado, a rúpia da Sri Lanka é a moeda que mais perdeu valor no ano, acumulando perda de 43,8%.

    O país enfrenta a pior crise econômica das últimas sete décadas. O governo ordenou recentemente o fechamento de escolas na capital Colombo e que funcionários públicos trabalhem de suas casas, com o objetivo de evitar um possível desabastecimento de combustíveis no país.

    O rublo de Belarus (-25,7%) e a lira turca (-25,0%) aparecem logo em seguida entre as moedas que mais perderam valor em 2022. Outros países com destaque negativo até o momento no ano são Argentina (-17,1%), Egito (-16,1%), Venezuela (-16,1%), Japão (14,5%), Israel (-10,3) e Reino Unido (-9,3%).

    *Com informações da Reuters.