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    Retomada do turismo: conheça os destinos nacionais preferidos

    Quase a metade dos usuários do Kayak diz que pretende viajar nos próximos seis meses; veja outras tendências

    Manuela Tecchio, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Com casamento marcado para o mês que vem, a paulistana Gabriela Guimarães teve que trocar a lua de mel no Chile por um passeio dentro do país. Ela faz parte dos 44% de brasileiros que, depois de ter os planos de viagem inviabilizados pela pandemia do novo coronavírus, optaram por conhecer destinos nacionais, de acordo com dados da plataforma de turismo Kayak. 

    O movimento também foi percebido pelo site de viagens Booking.com. Entre maio e junho de 2020, 83% dos usuários incluíram destinos domésticos em suas listas de desejo. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2019, o número era de 68%. O percentual também é bem maior do que a média global, que é de 51%, de acordo com a assessoria da empresa.

    No levantamento da Kayak, 47% das pessoas afirmaram ter planos para viajar já nos próximos seis meses, principalmente para férias em família: foi a ocasião apontada por 59% dos casos. Entre os principais destinos escolhidos pelos usuários da plataforma estão as grandes cidades, apontadas por 33%; em seguida aparecem praias (32%) e lugares próximos à natureza (22%).

    Os dados da Kayak servem como uma amostra de quem já tem predisposição para viajar, mas não representam necessariamente as únicas preferências do brasileiro. Marta Poggi, da Strategia Consultoria Turística, lembra que as pesquisas ocorrem somente dentro do ambiente das plataformas.

    Para ela, uma tendência geral entre turistas no contexto da pandemia é a procura por cidades pequenas no interior, e não grandes centros, como mostrou o levantamento. Mas a especialista concorda que a busca por destinos com mais belezas naturais (e isolamento) virá com força.

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    “Num primeiro momento, os viajantes vão preferir destinos próximos, em cidades menores, e priorizar atividades de ecoturismo, com experiências de bem-estar”, explica. Esse, aliás, é exatamente o caso de Gabriela.

    Em agosto, ela e o noivo vão visitar um dos destinos nacionais mais desejados tanto por brasileiros como por estrangeiros, de acordo com um levantamento da plataforma de viagens Booking.com: a fria cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. As passagens já haviam sido compradas pelo parceiro como uma surpresa para ela. “Tivemos que remarcar a data do voo, mas foi super tranquilo.”

    Os dois também vão conhecer Visconde de Mauá, em uma região serrana do Rio de Janeiro, para aproveitar o ar puro dos bosques com cachoeiras. “Vamos ficar num chalé, então não vamos ter contato com outros hóspedes. O café da manhã e o jantar também são servidos dentro do quarto, para ser mais seguro”, conta a operadora de atendimento. 

    As experiências relatadas acima por Gabriela demonstram necessidades básicas do turista em tempos de pandemia, explica Poggi. Para a consultora, a segurança sanitária e a flexibilidade para o agendamento e a alteração de passagens e hospedagens vão ser os dois grandes pontos a serem oferecidos pelas empresas que desejarem atrair turistas em meio à pandemia do novo coronavírus.

    No levantamento da Kayak, 51% dos entrevistados disseram que vão usar o avião como meio de transporte na próxima viagem, assim como Gabriela, e apenas 24% vão usar o próprio carro. Quanto à hospedagem, 36% vão optar por grandes redes de hotéis, enquanto 24% vão alugar uma casa e outros 21% vão ficar na casa de algum familiar ou amigo.

    Entre os destinos, além de Gramado, a cidade do Rio de Janeiro, Campos do Jordão (SP) e Monte Verde (MG) permanecem na lista de desejos dos usuários da plataforma Booking.com. Enquanto isso, as viagens internacionais também permanecem nos planos dos turistas, mas para o longo prazo: Lisboa (Portugal), Paris (França) e Buenos Aires (Argentina) são os mais comuns. 

    Viagens internacionais

    Não há prazo para a retomada dos planos fora do país. Poggi explica que o principal fator limitante para as viagens internacionais são as próprias fronteiras, já que muitos países permanecem com restrições à entrada de brasileiros. O câmbio desfavorável e o temor da crise sanitária também pesam contra.

    A União Europeia, a Argentina, o Chile e os Estados Unidos mantêm restrições para a entrada de brasileiros pelo fato de o país ser um dos centros da pandemia no mundo.

    “Estamos saindo do fundo do poço nas viagens nacionais, mas, em viagens internacionais, com o dólar em alta e fronteiras fechadas, a situação ainda é complicada”, disse Eduardo Fleury, country manager do Kayak, que funciona como buscador virtual de passagens aéreas, hotéis e carros.

    O interesse estrangeiro anda em baixa. Conforme dados do Booking.com, só dois destinos brasileiros figuram na lista dos 100 mais desejados por estrangeiros: justamente a escolha de Gabriela para a lua de mel, Gramado (RS), e a capital do Rio de Janeiro (RJ). A consultora da Strategia comenta que há algumas formas de atrair o turista estrangeiro, ou mesmo o doméstico, num futuro próximo.

    “Há uma atenção muito forte às experiências. O turista tem procurado workshops, aulas, passeios, misturando o universo online com o offline. São coisas que as pessoas têm valorizado cada vez mais. Acho que as empresas podem aproveitar isso para ajudar na recuperação de um momento tão difícil.”

    Seis estados brasileiros aparecem entre as 200 regiões favoritas nas listas de desejos de turistas de todo o mundo. São os estados de São Paulo, na 71º posição, Rio de Janeiro (74º), Rio Grande do Sul (133º), Santa Catarina (136º), Minas Gerais (161º) e Pernambuco (198º). 

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