Responsabilidade fiscal e gasto social não são coisas excludentes, diz gestor
Em entrevista à CNN, sócio da Galapagos Capital comentou reação negativa do mercado às críticas de Lula ao teto de gastos
Para o sócio e gestor da Galapagos Capital, Fábio Guarda, as falas recentes de Luiz Inácio Lula da Silva, em que o presidente eleito critica as travas do teto de gastos, reforçaram para o mercado financeiro o temor de que o novo governo não se comprometa com a responsabilidade fiscal e são o que explica a derrubada da bolsa de valores e a disparada do dólar nesta quinta-feira (10).
“Você pode fazer gasto social independentemente de ter responsabilidade social. Resta saber priorizar os gastos e gastar melhor”, disse Guarda em entrevista à CNN.
“Historicamente, os governos no Brasil são maus gastadores; gastam muito e gastam mal. E o mercado teme exatamente isso – entregar dinheiro ao governo para ele fazer um gasto mal feito, mal executado.”
O presidente eleito questionou, hoje pela manhã, a concentração do debate econômico em torno de temas como a estabilidade fiscal e afirmou que há gastos do governo que precisam ser observados como investimento.
Desde então, os principais índices financeiros, como a bolsa e o dólar, passaram a reagir muito mal, depois de terem dias positivos na semana passada, na sequência do resultado das eleições.
“O mercado, quando viu os primeiros nomes da equipe de transição, foi leniente, porque não são bons, mas ficaram presos no discurso de que os nomes da pauta de transição não serão necessariamente os que terão cargos no governo”, disse Guarda.
Entre as pessoas indicadas por Lula para o time responsável por coordenar a passagem do atual governo para o próximo, estão o ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff Nelson Barbosa e o economista ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) Guilherme Melo.
Eles trabalharão ao lado dos economistas que formularam o Plano Real André Lara Resende e Pérsio Arida, também escalados para a equipe.
