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    Reservatórios cheios antecipam fim de bandeira mais cara de energia, dizem especialistas

    Aneel indicou que bandeira escassez hídrica – criada em agosto de 2021 – acabará no fim de abril, mas especialistas não descartam que anúncio possa ser feito ainda nesta sexta-feira (25)

    Fernando Nakagawada CNN

    São Paulo

    A volta das chuvas e o aumento do nível dos reservatórios das hidrelétricas mudaram drasticamente o cenário energético brasileiro nos últimos meses. Diminuiu o uso das térmicas e, por consequência, os preços desse mercado caíram.

    A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicou que a bandeira escassez hídrica – criada em agosto de 2021 – acabará no fim de abril, mas especialistas não descartam que o anúncio possa ser feito ainda nesta sexta-feira (25), em reunião que pode atualizar a bandeira da conta de luz.

    Há apenas seis meses, o Brasil discutia o risco real de um apagão. Após a maior seca em quase 100 anos, os reservatórios das hidrelétricas caíram ao menor patamar em décadas e a capacidade de geração de energia com a água caiu rapidamente. Foram, então, ligadas as usinas térmicas que usam gás, diesel ou carvão para gerar eletricidade.

    Essa energia é mais cara e, por isso, foram adotadas as bandeiras da conta de energia. Atualmente, pagamos a inédita e mais cara delas: R$ 14,20 a cada 100 kWh. É a bandeira escassez hídrica. A cobrança começou em 1º de setembro do ano passado e está programada para acabar em 30 de abril.

    Mas, desde então, os céus parecem ter ajudado. O volume de chuvas foi maior que o esperado e outubro de 2021 chegou a registrar índice pluviométrico superior à média das últimas duas décadas. A boa notícia continua e os três primeiros meses do ano foram mais chuvosos que em 2021 e são comparáveis ao molhado ano de 2020.

    “Há chance de 70% de voltarmos à bandeira verde hoje. Tecnicamente, há condições para isso”, diz Ana Carolina Ferreira, gerente de regulação e tarifas da Thymos Energia, empresa de consultoria e gestão de energia.

    Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco, concorda que há condições técnicas para o fim antecipado da escassez hídrica. “Quando analisamos apenas os dados que determinam a bandeira, poderíamos ter hoje a bandeira verde. As chuvas trouxeram um equilíbrio do sistema e há argumentos para antecipar o fim”, diz.

    O Itaú Unibanco, porém, trabalha com a perspectiva de que a bandeira de escassez só deve ser retirada no próximo mês, como prometido pelo governo. Isso porque a decisão da Aneel é diretamente influenciada pelos indicadores citados, mas não apenas por eles. Mesmo assim, Julia Passabom ressalta que eventual anúncio do fim da escassez nesta sexta não seria uma grande surpresa.

    Ferreira e Passabom explicam que são dois os principais indicadores acompanhados pela Aneel e que já permitem voltar à bandeira verde – aquela que não tem cobrança extra na conta de luz.

    O primeiro dado é a garantia de geração do sistema. Com reservatórios mais cheios, melhora a segurança de que haverá capacidade de gerar energia hidrelétrica no futuro. Atualmente, o nível do conjunto de reservatórios de todo o sistema elétrico está em cerca de 66% da capacidade total. O volume é bem superior aos 29% vistos em agosto, quando a escassez hídrica foi anunciada, e aos 45% registrados há um ano. Esse índice que mede a segurança da capacidade de gerar energia é conhecido pela sigla GSF.

    O outro indicador é o custo de geração de energia do sistema. Com menor uso das térmicas, os custos de operação de todo o sistema caíram. Na semana passada, 8% da energia consumida no Brasil foi gerada em térmicas. Quando a escassez hídrica foi anunciada, em agosto, as térmicas respondiam por 29% da energia gerada no Brasil, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS).

    Com isso, eventuais custos extras de geração em todo o sistema caíram expressivamente e a média do primeiro trimestre de 2022 está abaixo do visto nos quatro anos anteriores, entre 2018 e 2021. Esse indicador é conhecido pela sigla PLD.

    A decisão sobre a bandeira para o mês de abril será anunciada em reunião marcada para a tarde desta sexta-feira, dia 25 de março. A reunião seguinte está programada para o dia 29 de abril.