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    Reservas internacionais estão em situação confortável, avaliam economistas

    Dados de outubro do Banco Central mostram que reservas atingiram em outubro US$ 326 bilhões, patamar mais baixo em 11 anos

    Diego Mendesdo CNN Brasil Business

    São Paulo

    As reservas internacionais do Brasil em outubro de 2022 registraram o patamar mais baixo em 11 anos, segundo dados do Banco Central. Com US$ 326 bilhões em caixa  neste mês de outubro, o valor é semelhante ao registrado em abril de 2011.

    Para economistas, essa perda de cerca de US$ 12 bilhões entre 9 de setembro e 10 de outubro, ainda aponta uma situação confortável à economia brasileira.

    Geridas pelo Banco Central, as “reservas internacionais” são os ativos em moedas estrangeiras que servem basicamente como um “seguro” da economia do país para fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques externos, como uma desvalorização mais forte da moeda local.

    Segundo o estrategista chefe da Warren Renascença, Sergio Goldenstein, está errada a percepção de que a queda nas reservas seja pela venda de dólares pelo Banco Central, pois, na verdade, a instituição interveio pouco ao longo deste ano neste sentido. “Essa baixa no volume de reservas se deve à marcação ao mercado dos ativos que acompanham o portfólio do BC”, mostra.

    Ele explica que o Banco Central tem um relatório anual das reservas cambiais e informa que, no final de 2021, cerca de 90% dos ativos que compõe este fundo estavam em títulos governamentais – que no caso eram “treasuries”, ou seja, títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

    “Neste ano houve uma elevação significativa nas taxas dos treasuries, levando a uma queda de preço. Portanto, há uma marcação ao mercado negativa das reservas. Esse é o principal impacto”, pontua Goldenstein.

    O segundo impacto que o economista aponta é que cerca de 20% das reservas estão em outras moedas além do dólar – e este foi um ano de valorização global da moeda americana. “O dólar representa 80% da composição da reserva do país, e o restante está em euro, renminbi, libra, ouro, iene, dólar canadense e australiano. Todas essas moedas se desvalorizaram perante ao dólar americano, causando também um impacto nestes resultados”, diz.

    No final do ano passado, em dezembro, a reserva estava em US$ 362 bilhões. Comparando com os resultados deste mês, em termos de intervenções do Banco Central, o volume de perda foi baixo.

    Goldenstein cita também os leilões de linha – uma modalidade venda de recursos com compromisso de recompra. Essa estratégia, que representa uma perda temporária das reservas, sinaliza que mais para frente, esses valores, vão ser repostos ao fundo.

    “Os leilões de linha neste ano representam US$ 3 bilhões de dólares e venda no mercado spot foi menor ainda, constando apenas uma intervenção em abril deste ano. Ou seja, essas ações não têm impacto representativo nos valores da reserva”, explica.

    Composição da reserva

    • dólar norte-americano: 80,34%
    • euro: 5,04%
    • renminbi (China): 4,99%
    • libra esterlina (Reino Unido): 3,47%
    • ouro: 2,25%
    • iene (Japão): 1,93%
    • dólar canadense (Canadá): 1,01%
    • dólar australiano (Austrália): 0,97%

    Investimentos da reserva

    • títulos governamentais: 89,26%
    • depósitos em bancos centrais e em sistemas supranacionais: 3,61%
    • títulos de agências: 1,64%
    • ETFs de índices de ações: 1,13%
    • títulos de sistemas supranacionais: 0,63%
    • depósitos em bancos comerciais: 0,47%
    • ETFs de Corporates Investment Grade: 0,44%
    • ouro: 2,25%
    • outras classes, como títulos de governos locais: 0,58%

    Cenário internacional

    Na visão do comentarista da CNN, Alexandre Schwartsman, não houve muita venda de reserva. Conforme o relatório do Banco Central, este ano registra cerca de US$ 570 milhões, valor considerado baixo. “As linhas de recompra reduziram a reserva, mas é um valor que vai voltar, pois há o compromisso de reposição, ou seja, o impacto é pequeno”, mostra.

    Para ele, o maior impacto está na questão dos investimentos do fundo. Schwartsman reforça a explicação de que uma parte das reservas estão em dólar e o outro pedaço está em moedas diferentes.

    “Essa parte que está em outras moedas, de alguma forma, espelha a dívida brasileira. O Brasil deve em dólares, euro, em ienes, enfim, e como a moeda americana ganhou valor, a parcela estando em euro e ienes, dentre outras, perde o valor em dólar, encolhendo a reserva”, pontua.

    O que também contribuiu para essa redução, na análise do economista da CNN, é de que houve um aumento grande nas taxas de juros dos Estados Unidos. A parte das reservas que estão em dólar está aplicado nesses papéis e, como os juros subiram, o valor desses ativos caíram.

    “O resultado de outubro da reserva reflete muito mais em preço de taxa de juros e de paridade entre moedas, e não um movimento de intervenção do Banco Central”, conclui Schwartsman.