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    Relutante a produtos do Mercosul, França é principal favorecida por mercado agrícola fechado da UE

    Agricultores franceses são maiores beneficiários de subsídios da UE; acordo com Mercosul potencialmente mudaria cenário

    Presidente da França Emmanuel Macron em Tirana
    Presidente da França Emmanuel Macron em Tirana 17/10/2023 REUTERS/Florion Goga


    Danilo Moliternoda CNN

    São Paulo

    O setor agrícola, parte dos parlamentares e até o presidente da França, Emmanuel Macron, se posicionam contrariamente aos termos do acordo Mercosul-União Europeia. O tratado comercial mudaria a dinâmica do agro no continente, que atualmente beneficia os franceses.

    No bloco europeu, a dinâmica do agronegócio é regido pela Política Agrícola Comum (PAC) — que unifica regras para o setor nos países-membros. O conjunto de normas traz medidas de mercado e subsídios a agricultores.

    Segundo levantamento da CNN com base em dados da Comissão Europeia, a França é o principal beneficiário da PAC, tanto nos pagamentos diretos aos agricultores quanto no gasto com desenvolvimento rural no continente.

    Entre 2015 e 2021, os agricultores franceses receberam em pagamentos diretos da União Europeia o equivalente a R$ 262 bilhões. Isso representa 18% do total gasto do bloco neste tipo de operação.

    No mesmo período, o gasto da UE com desenvolvimento rural na França foi de R$ 62 bilhões — 12% do total.

    O gasto total da PAC foi equivalente a 23,64% do dispêndio da União Europeia em 2022.

    Além de grande beneficiária, a França foi um dos líderes da construção histórica da PAC, com foco na integração agrícola no bloco europeu.

    Junto aos franceses, a Irlanda, nos últimos anos, também se posicionou contra reformas na PAC e vetou propostas para redução destes subsídios domésticos.

    Os franceses justificam, internamente, sua posição com alegadas preocupações com segurança alimentar e sobrevivência da agricultura familiar.

    O presidente Lula vem criticando o protecionismo da França e de outros europeus aos mercados domésticos. Segundo o petista, as partes se negam a assinar o acordo com o Mercosul a fim de defender seus produtores.

    O acordo Mercosul-UE chegou a ser encaminhado em 2019, mas foi frustrado pelos europeus com novas demandas sobre sustentabilidade dos produtos sul-americanos. O governo brasileiro viu no movimento “protecionismo verde” do bloco.

    Além dos subsídios, a política agrícola do bloco — considerada fechada por especialistas — traz tarifas e quotas de importação e barreiras não-comerciais.

    Veja também: Macron se diz contra acordo entre Mercosul e União Europeia