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    Recuperação chinesa perde força e empresas globais já alertam para queda dos resultados

    Unilever, Nissan e fornecedora do McDonald's estão entre as companhias que se preparam para impactos da baixa no consumo chinês

    Economia chinesa se recupera aquém do esperado no pós-pandemia
    Economia chinesa se recupera aquém do esperado no pós-pandemia REUTERS/Aly Song

    da Reuters

    Empresas globais – como a gigante de bens de consumo Unilever, a montadora Nissan e a fabricante de máquinas Caterpillar – alertaram sobre desaceleração de resultados na China, à medida que a segunda maior economia do mundo perde impulso pós-pandemia.

    A recuperação contínua foi limitada a alguns setores, como alimentação e artigos de luxo, impulsionando o crescimento das vendas na China de empresas como Starbucks, LVMH e Hugo Boss. Mas mesmo esses líderes de mercado pararam de elevar suas perspectivas para a China, cautelosos com os dados econômicos fracos.

    Enquanto isso, empresas de bens de consumo como Procter & Gamble, L’Oreal e Coca-Cola adotam uma postura mais comedida.

    “O que estamos vendo é um consumidor muito cauteloso na China, um mercado imobiliário em declínio e uma demanda de exportação reduzida”, disse o diretor de finanças da Unilever, Graeme Pitkethly, em teleconferência na semana passada.

    E há um alto índice de desemprego na China, principalmente entre os jovens. Até onde podemos dizer, estamos no ponto mais baixo da história em termos de confiança do consumidor chinês”, afirma Pitkethly.

    O Kerry Group, sediado na Irlanda, que fornece ingredientes para empresas como McDonald’s, disse que seus volumes aumentaram na China desde o fim das restrições da pandemia de Covid-19. Mas o presidente-executivo, Edmond Scanlon, advertiu nesta quarta-feira (2) que os negócios não voltarão ao normal no país até 2024.

    Pequim implementou uma série de medidas políticas nas últimas semanas para apoiar a economia em declínio. Contudo, os fracos dados de manufatura de julho, divulgados na terça-feira (1º), reforçaram as preocupações de que a virada ainda pode estar longe.

    “A China está estimulando neste momento e teremos que ver o sucesso desses esforços”, disse Tony Roth, diretor de investimentos da Wilmington Trust Investment Advisors.

    As montadoras globais também estão tendo de enfrentar o aumento da concorrência na China. Pela primeira vez, as rivais nacionais conquistaram uma participação de mais de 50% do mercado chinês no primeiro semestre de 2023.

    A Volkswagen cortou meta para o ano inteiro na semana passada, depois que as vendas caíram na China, seu principal mercado.

    “Infelizmente, nossa perspectiva de vendas [na China] está muito abaixo de nossa capacidade de produção no momento”, disse o presidente-executivo da Nissan, Makoto Uchida, na semana passada.

    A recuperação dos lucros no maior mercado automotivo do mundo provavelmente levará algum tempo, disse o presidente da companhia.

    As expectativas para os lucros do segundo trimestre já estão baixas devido, em parte, à fraqueza da China. Os dados da Refinitiv mostram que as empresas norte-americanas e europeias devem apresentar seus piores resultados trimestrais em anos.

    A recuperação de curta duração da atividade econômica, depois que a China suspendeu as medidas de isolamento social da pandemia de Covid-19, também destaca a fraca demanda global, disse o DHL Group, uma das maiores transportadoras do mundo, na terça-feira.

    A empresa registrou quedas de 15,95% e 7,1%, respectivamente, nos volumes de frete aéreo e marítimo no primeiro semestre, particularmente nas rotas entre a China e seus dois maiores parceiros comerciais, os Estados Unidos e a Europa.

    Aquém do esperado

    No setor de tecnologia, fabricantes de chips como Samsung e SK Hynix afirmaram que a reabertura da China após o isolamento social não conseguiu estimular a retomada do mercado de smartphones.

    Logo, as fabricantes estão ampliando cortes na produção de chips de memória NAND usados em aparelhos para armazenar dados.

    Até mesmo a Apple, que divulga resultados na quinta-feira (3), provavelmente registrará vendas estáveis do iPhone em seu terceiro maior mercado – embora melhor do que a contração de 2,1% que a empresa de pesquisa de mercado IDC estimou para o setor de smartphones da China entre abril e junho.

    As principais mineradoras e fabricantes de maquinário pesado também foram atingidas por uma queda prolongada no setor imobiliário.

    “Mencionamos que esperávamos que as vendas na China ficassem abaixo dos típicos 5% a 10% de nossas vendas empresariais. Agora esperamos um enfraquecimento ainda maior, já que o setor de escavadeiras de 10 toneladas ou mais caiu acima do esperado”, disse o presidente-executivo da Caterpillar, Jim Umpleby, na terça-feira.

    A Rio Tinto, a maior produtora de minério de ferro do mundo, está, no entanto, cautelosamente otimista com relação à China, já que o governo prometeu mais políticas para impulsionar o crescimento.

    “Nossa experiência com a China é que, se as coisas não estão indo tão bem, os chineses têm uma capacidade impressionante de administrar a economia”, disse o presidente-executivo da Rio Tinto, Jacob Stausholm, após divulgar resultados na semana passada.

    Veja também: Economia da China desacelera em em maio