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    Reabertura de países deve ajudar ações do setor esportivo; veja algumas opções

    Seguindo uma lógica de rotação de ativos, o mercado financeiro volta a olhar com bons olhos para ativos do segmento

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Entre os setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, o segmento esportivo perdeu em todos os sentidos. A competitividade ficou prejudicada por conta dos calendários apertados, o espetáculo ficou mais morno devido à falta de torcida e, consequentemente, as receitas foram duramente impactadas.

    Um levantamento da Forbes, de março deste ano, mostra que, apenas entre as principais ligas norte-americanas (NFL, NBA, NHL, MLB e NCAA), o rombo foi de pelo menos US$ 14,1 bilhões (cerca de R$ 74 bilhões), entre vendas de ingressos, concessões, patrocínios e transmissões televisivas dos eventos. Assustador, certo?

    Pois a coisa piora quando acrescentamos o futebol. Segundo a Deloitte, os 20 principais clubes europeus deixaram de faturar cerca de € 2 bilhões (cerca de R$ 12,7 bilhões) no período, enquanto os brasileiros, segundo aponta a Sports Value, perderam R$ 1,4 em bilhão em receitas entre 2019 e 2020.

    Há ainda uma incógnita: a Olimpíada de Tóquio. No final de 2020, a organização do evento anunciou que os custos para receber os Jogos já ultrapassam a barreira dos US$ 15 bilhões (cerca de R$ 78 bilhões). Caso o evento avance sem público nos estádios ou sofra novo adiamento, essa conta ficará ainda mais pesada.

    Ou seja, foi um período extremamente duro para as empresas do ramo, que deve ter consequências no longo prazo. Muito por conta disso, a reabertura de países como Estados Unidos e Inglaterra é vista como providencial para que as atividades do segmento voltem a receber público.

    Nessa linha, e seguindo uma lógica de rotação de portfólios, o mercado financeiro volta a olhar com bons olhos para ativos do segmento, à espera que as empresas consigam retomar os bons resultados. É o que mostra um relatório da corretora Avenue Securities, assinado pelo estrategista Guilherme Zanin. 

    “Historicamente, os negócios atrelados a esportes demonstram capacidade de crescer em diferentes ambientes econômicos, com cada vez mais praticantes e ligas de diferentes modalidades ganhando espaço na vida das pessoas. Não por acaso, a PR Newswire estima que o valor de mercado das companhias de capital aberto do setor, que somava US$ 57 bilhões em 2020, deve crescer para US$ 89,6 bilhões em 2027”, diz.

    “Muitas ações do segmento ainda não se recuperaram da queda acentuada do ano passado, aparecendo como oportunidade no atual momento de reabertura da economia. Por outro lado, outros questionam se o mundo será o mesmo pós-pandemia ou se conseguiremos vencer o vírus em escala global ainda em 2021.” Incertezas à parte, o analista listou alguns papéis que podem avançar no futuro. Confira abaixo as ações para investir diretamente nos EUA ou por meio de BDRs aqui no Brasil.

    Nike (NKE; NIKE34 na B3)

    A Nike vem se recuperando com a reabertura do varejo e avançando na China. Em 2020, o crescimento da marca foi de 18% em solo chinês e, em 2021, deve marcar o sétimo ano consecutivo com incremento de dois dígitos nos seus resultados locais. O interesse em esportes e bem-estar, assim como a expansão da NBA, ajudam o movimento.

    Com as mudanças forçadas pela pandemia, a empresa também investiu em inteligência artificial e na consolidação do seu e-commerce, focando cada vez mais na venda direta ao consumidor. Isso ajuda na expansão das margens e permite iniciativas interessantes, como a customização de produtos.

    A companhia negocia hoje a 33,5x lucro para 2021 e vale aproximadamente US$ 206 bilhões. Suas ações registraram alta de 48% nos últimos 12 meses.

    No mesmo segmento, o especialista também cita a Under Armour (UAA; U1AI34 na B3).

    Madison Square Garden Sports Corp (MSGS)

    Dona de franquias tradicionais nas principais ligas americanas, como o New York Knicks, no basquete, e o New York Rangers, no hóquei, a Madison Square Garden Sports é uma holding esportiva sediada na cidade de Nova York. 

    A companhia também é dona de times de ligas amadoras e de franquias de esports, como a Counter Logic Gaming, tradicional no cenário de esportes eletrônicos, e a Knicks Gaming, time especificamente voltado para disputar torneios de NBA 2K.

    Por mais que o cenário não seja positivo para os Knicks atualmente, já que o time não disputa os playoffs desde 2013, a equipe é avaliada em cerca de US$ 5 bilhões, segundo estimativas da Forbes. Os Rangers, por sua vez, têm valor de mercado superior a US$ 1,65 bilhão. 

    A companhia possui hoje um valor de mercado próximo de US$ 4,5 bilhões e negocia a 126,5x lucro para 2021. As expectativas para o ano ainda são modestas devido ao cenário de incertezas, mas a empresa deve capitalizar melhor com a volta do público aos estádios.

    Liberty Media Corporation (FWONA; LSXM34 na B3)

    A Liberty Media Corporation é uma empresa global de mídia e entretenimento. Os segmentos da empresa incluem a Sirius XM Holdings e a Formula One Group. Os dois braços da empresa são negociados separadamente no mercado de capitais.

    A Sirius XM oferece canais de música, esportes e entretenimento através de seus sistemas de rádio por satélite e via Internet. E a Fórmula 1 é uma empresa de esportes motorizados que detém os direitos comerciais do campeonato mundial homônimo, competição que acontece em 23 países ao redor do mundo.

    Por conta da dificuldade financeira causada pela pandemia de Covid-19, a companhia anunciou mudanças nos regulamentos da competição. As equipes terão um limite de modificações em seus carros para a temporada de 2021, visando tornar o campeonato mais justo e competitivo. 

    Em 2020, a companhia viu suas receitas relacionadas à F1 caírem pela metade ano a ano, para US$ 1,15 bilhão, e registrou um prejuízo anualizado de US$ 596 milhões. A Formula One Group está avaliada em aproximadamente US$ 27,5 bilhões e suas ações sobem expressivos 60% nos últimos 12 meses.

    Manchester United (MANU)

    O time inglês tem ações negociadas na bolsa americana desde 2012, dividindo suas receitas em três vertentes. São elas: partidas de futebol, que em 2019 representavam 18% das receitas; direitos de transmissão, que responderam por 38% das receitas em 2019; e a monetização da sua marca por meio de patrocínios, varejo, merchandising, vestuário e licenciamento de produtos e conteúdo. 

    Com estádio e lojas fechadas, a empresa perdeu receita e viu seu lucro operacional recuar 55% nos seis meses encerrados em dezembro de 2020. Além disso, a empresa possui uma dívida elevada de cerca de US$ 550 milhões ante um caixa de US$ 80 milhões e um Ebitda de US$ 114 milhões. Portanto, uma situação que não é das mais confortáveis. ]

    No entanto, vale ressaltar que a companhia possui boa capacidade de negociação de dívidas e mesmo de captação de recursos no mercado internacional. As expectativas agora recaem na reabertura da economia, em especial com o bom andamento da vacinação na Inglaterra. 

    Ainda que o turismo (importante para as receitas do seu estádio Old Trafford) demore um pouco mais para voltar completamente ao normal, a retomada da torcida aos jogos tende a colaborar na melhora de um importante braço de receitas para a companhia.

    Lululemon (LULU; L1UL34)

    A Lululemon pode ser comparada à Track & Field, uma varejista com foco em roupas de ginástica de valor mais alto, com foco no público feminino. Mas, além de oferecer itens de vestuário para esportes como corrida, natação e ciclismo, entre outros, também possui o Mirror, um espelho altamente tecnológico que te conecta com um professor digital e te permite fazer aulas diretamente da sua casa ou de qualquer outro lugar. 

    Fundada em 1998 e com sede no Canadá, a marca atua por meio de suas lojas próprias, sob as marcas Lululemon e Ivivva, e através do e-commerce. Em 2020, a companhia entregou uma receita anual de US$ 4,4 bilhões e, atualmente, o seu valor de mercado é de aproximadamente US$ 44,4 bilhões.

    Ainda entre as varejistas que atuam no segmento, Zanin cita as gigantes Dick’s Sports (DKS) e Foot Locker (FT).

    Disney (DIS; DISB34 na B3)

    Gigante do entretenimento, a Disney possui parte relevante do seu resultado vindo da divisão de broadcasting, nome dado aos seus canais de televisão. Nessa linha, ESPN e Fox Sports, que transmitem diversas modalidades e possuem contratos exclusivos com alguns campeonatos, demonstram relevância nos resultados.

    Para entender melhor, a Disney divide suas receitas em quatro segmentos: Broadcasting (canais de TV), Parks and Experiences (parques e resorts), Studio (estúdios de cinema) e Direct to Consumer (plataformas de streaming). No ano de 2020, ela entregou US$ 59,2 bilhões em receitas e seu valor de mercado é de aproximadamente US$ 329,4 bilhões.

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