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    Quem é Janet Yellen, a mulher que terá a chave do cofre dos Estados Unidos

    A economista de 74 anos presidiu o Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) e o Federal Reserve Bank de São Francisco

    Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve e nova secretária do Tesouro dos Estados Unidos
    Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve e nova secretária do Tesouro dos Estados Unidos Foto: Christopher Aluka Berry/REUTERS

    Leonardo Guimarães,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    Joe Biden toma posse do cargo de presidente dos Estados Unidos na tarde desta quarta-feira (20). Desde a confirmação de sua eleição, um dos assuntos mais comentados da transição é a diversidade da equipe do democrata. Junto com Biden, chega ao governo uma liderança feminina importante e que terá papel fundamental na economia: Janet Yellen. 

    Yellen foi indicada por Biden para o cargo de secretária do Tesouro. Ela só precisa que o Senado confirme sua nomeação, o que deve acontecer sem grandes sustos. Ela será a primeira mulher a assumir o Tesouro dos EUA. 

    Ser a primeira mulher a ocupar um cargo, aliás, não é novidade para Yellen. A economista de 74 anos presidiu o Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) e o Federal Reserve Bank de São Francisco. 

    Nascida no Brooklyn, em Nova York, ela chefiou o Conselho de Consultores Econômicos de Bill Clinton, que presidiu os Estados Unidos até 2001. Esta foi a porta de entrada da democrata Yellen na política. 

    Desafios

    À frente da secretaria do Tesouro, Janet Yellen terá a tarefa de liderar os esforços do governo Biden para recuperar a economia dos Estados Unidos. A pandemia de Covid-19 causou o fechamento de milhões de vagas de trabalho e elevou a desigualdade social nos Estados Unidos. 

    Lidar com o desemprego também não é novidade para Yellen. Ela fez um trabalho considerado bem sucedido à frente do banco central dos EUA. Quando assumiu a cadeira, em 2014, a taxa de desemprego era de 6,7%. Quando saiu do Fed, em 2018, a taxa havia caído para 4,1%. 

    A diminuição da desigualdade social foi uma das promessas de campanha de Joe Biden e deve ser objeto de esforços da nova equipe econômica. 

    Yellen é próxima de Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve, o que pode ajudar o governo Biden. Ela foi chefe de Powell quando liderou o banco central norte-americano.

    Linha dura

    Janet Yellen não tem muita fé na autorregulação do mercado. Na noite anterior a sua saída do Fed, em fevereiro de 2018, ela chocou Wall Street impondo restrições sem precedentes ao Wells Fargo, banco que se envolveu em diversos escândalos. 

    Funcionários do banco criaram milhões de contas e cartões de crédito falsos para atingir metas de vendas irreais. Além disso, milhares de clientes do Wells Fargo foram forçados a fazer seguros de veículos desnecessários. A empresa ainda cobrou taxas indevidas em hipotecas e usou linguagem enganosa em contratos com pequenas empresas para forçá-las a pagar taxas. 

    As sanções impostas pelo Fed ao Wells Fargo impediram a empresa de receber mais de US$ 2 trilhões em ativos. “Não podemos tolerar má conduta generalizada e persistente de qualquer banco”, disse Yellen em comunicado escrito há três anos. 

    Um dos fatores que fez Joe Biden apostar em Yellen foi seu perfil conciliador. Biden disse que ela é uma pessoa que “será aceita por todos do Partido Democrata, dos mais progressistas aos moderados”. 

    Discurso no Senado 

    O Senado norte-americano precisa aprovar a nomeação de Yellen ao Tesouro. Seu nome deve ser confirmado, mas a sessão que marcaria o aval da Casa se prolongou e a votação foi adiada. 

    Yellen discursou no Senado e defendeu o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto na semana passada por Joe Biden. Em um contexto de juros básicos entre 0% a 0,25%, ela disse ser preciso “agir com grandeza” na política fiscal para superar a crise e evitar uma recessão prolongada.

    Embora tenha defendido a aprovação do pacote fiscal de Biden, Janet Yellen reconheceu que, para aplicá-lo, será preciso aumentar o endividamento do país.

    “É essencial pôr o orçamento público em uma trajetória sustentável, mas é preciso oferecer apoio fiscal agora. Responsabilidade fiscal neste momento de crise é oferecer estímulo”, declarou a ex-presidente do Fed.

    A dívida pública norte-americana já bateu 130% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA e está em trajetória ascendente, gerando algum desconforto sobre seu financiamento.

    Política externa

    Sobre o valor do dólar norte-americano e de outras moedas, ela disse que os preços devem ser determinados pelos mercados. 

    Yellen afirmou que os Estados Unidos deveriam se opor às tentativas de outros países de manipular artificialmente os valores de moedas para obter vantagens comerciais e acrescentou que ter metas de taxas de câmbio para conquistar vantagens comerciais é “inaceitável”.

    Ela disse que a China claramente é o concorrente estratégico mais importante dos Estados Unidos e destacou a determinação do governo Biden em reprimir o que chamou de “práticas abusivas, injustas e ilegais” do país asiático.

    A ex-presidente do Federal Reserve ainda afirmou que espera iniciar rapidamente uma revisão da política norte-americana de sanções caso ela e o vice-secretário do Tesouro sejam confirmados em seus cargos.

    Aos membros do Comitê de Finanças do Senado, Yellen afirmou que estará focada em garantir que as sanções sejam utilizadas “de forma estratégica e apropriada”.

    Questionada se repudiará o protecionismo unilateral, Yellen disse acreditar que a melhor maneira de lidar com as práticas desleais de comércio é trabalhar com aliados e concentrar-se diretamente em abusos como roubo de propriedade intelectual e subsídios injustos.

    *Com informações do Estadão Conteúdo